O Espiritismo será o que dele
fizerem os homens” é uma frase de Léon Denis(1)
que deveria nos servir de alerta sobre nossa responsabilidade no movimento
espírita, não repetindo o que os cristãos fizeram
com a mensagem do Cristo, tão deturpada e desfigurada ao longo
dos séculos.
(1) No Invisível, Introdução,
CELD – 2 ed. 2011
Infelizmente, em nome de boas intenções, erros são
cometidos no campo da mediunidade e que seriam facilmente evitados
se obras como O Livro dos Médiuns, de Allan Kardec,
e No Invisível, de Léon Denis, fossem mais
estudadas.
Não raro, chegam aos centros espíritas pessoas com problemas
mediúnicos em busca de auxílio. E, frequentemente motivado
por boas intenções, dirigentes espíritas cometem
um duplo equívoco: o primeiro é dizer à pessoa
que ela é médium e o segundo é encaminhá-la
para o trabalho mediúnico, imaginando que basta colocá-la
para “desenvolver” a mediunidade que os problemas que
motivaram sua ida ao centro estarão resolvidos. Grave engano,
que pode agravar o quadro de perturbação inicial e afastá-la
de vez do Espiritismo, pois o indivíduo pode trazer consigo
uma ideia muito negativa em relação ao intercâmbio
mediúnico e achar que pelo fato de ser médium seja alguém
“endemoniado” ou portador de perturbação
mental.
O ideal nesses casos é encaminhar a pessoa para estudos doutrinários,
para que, então, de modo gradativo ela vá compreendendo
o Espiritismo, e seus princípios básicos; dentre eles
a mediunidade, e então, por si só perceberá que
é médium e terá maior preparo para, quando for
convidada a ingressar nas lides mediúnicas, iniciar com maior
equilíbrio e conhecimento, preceito básico para que
se torne um bom instrumento dos espíritos superiores.
Outro ponto que precisamos abordar é com relação
ao fato de que muitas pessoas chegam ao centro espírita com
enorme disposição em ajudar. Logo se voluntariam em
alguma atividade, conquistando a simpatia de muitos, e, na melhor
das intenções, começam a sugerir “inovações”
em forma de rituais e uso de objetos que não combinam com a
simplicidade das práticas espíritas. Dentre elas, verificamos
o uso de cristais, incenso, amuletos, garrafa com tampa aberta para
o fluido entrar, desobsessão que prioriza quantidade ao invés
de qualidade, e, infelizmente, muito mais. Alguns dirigentes, para
não desagradar o trabalhador, adotam tais sugestões,
causando confusão em pessoas que chegam ao centro espírita
em busca de Espiritismo, codificado por Allan Kardec, e acabam encontrando
um “Espiritismo à moda da casa”.
Reconhecemos que as pessoas que agem bem-intencionadas nem sempre
querem comprometer o movimento espírita, mas a todos dirigentes
e frequentadores, nunca é demais recordar e seguir a orientação
de Erasto quando o benfeitor afirma em O Livro dos Médiuns
que “é preferível rejeitar dez verdades a admitir
uma única mentira”, porque, se a sugestão que
rejeitarmos for uma verdade, não será por nossa causa
que ela deixará de ser, e no tempo adequado voltará
de uma ou outra maneira e será aceita como tal. Mas para eliminar
uma mentira aceita como verdade, demandará esforço,
tempo e energia que poderiam ser empregados de maneira mais produtiva
na causa e na casa espírita. Se for necessário, melhor
desagradar um frequentador do que comprometer a fidelidade doutrinária.
ara que boas intenções sejam também boas ações,
precisamos estudar obras espíritas com conteúdo relevante,
aumentando nossa capacidade de discernimento. Na dúvida, pesquisemos,
estudemos e sigamos com Kardec, chamado por Camille Flammarion de
“o bom senso encarnado”.