A dor é um grande mistério
para muitos que ignoram a existência do espírito imortal
e suas múltiplas existências. Deixa de ser um enigma
na medida em quem se estuda e compreende a imensidão da vida,
que antecede o berço e sucede o túmulo.
Ao estudar a doutrina dos espíritos podemos afirmar que a origem
da dor, seja ela física ou emocional pode ter sua causa numa
existência anterior, na atual, ou até mesmo ser uma consequência
do tipo de mundo que habitamos, muito material e por isso mesmo sujeito
a constantes transformações.
Se sabemos ou não qual o motivo exato de determinada dor, o
importante é saber que Deus, sendo a Inteligência Suprema
do Universo não erra, nunca errou e jamais errará, e
sendo Deus soberanamente bom, percebemos que de todo mal nasce um
bem maior.
Acusam os espíritas de gostar de sofrer, o que é um
erro. O adepto sincero e conhecedor do ensino dos espíritos
compreende porque sofre, e diante disso encontra forças suficientes
para superar ou suportar os problemas sem se queixar e se revoltar.
Léon Denis, o Apóstolo do Espiritismo, nos convida à
resignação na fantástica obra O Problema
do Ser e do Destino:
“Aprende a sofrer! Não
te digo: procura a dor. Mas quando ela se apresentar, inevitável,
em teu caminho, acolhe-a como uma amiga, aprende a conhecê-la,
a apreciar sua beleza austera, a captar seus secretos ensinamentos.
Estuda sua obra oculta; em vez de te revoltares contra ela ou, de
ficares abatido, inerte e acovardado sob a ação dela,
associa tua vontade, teu pensamento, ao objetivo que ela se propõe;
procura extrair de sua passagem por tua vida todo o ganho que ela
possa oferecer a teu espírito e a teu coração”.
Não precisamos sair por aí
provocando novas dores, mas quando elas chegarem – e chegarão
– tenhamos a paciência de extrair delas o ensino nem sempre
escancarado aos nossos olhos, caso contrário continuaremos
num ciclo em que a dor permanecerá ou voltará mais tarde
até que assimilemos o que ela quer nos ensinar. Podemos exemplificar
tal situação quando há um divórcio que
não deixa lições aos envolvidos, e, aquele que
não aprendeu nada com o antigo relacionamento, ou que apenas
transfere ao ex-cônjuge a responsabilidade do fracasso matrimonial,
encontrará na nova companhia defeitos semelhantes às
da anterior, e dirá “são todos(as) iguais, só
mudam de endereço”, na verdade isso é simplesmente
a lei de atração em exercício, onde a criatura
atrai situações e pessoas que lhe possibilitem aprendizados
necessários para sua evolução.
Daí nasce uma dúvida. Precisamos atrair todas as dores
e situações infelizes para nossa vida? Não, pois
podemos aprender com a dor que o outro atravessa. Se uma pessoa fracassa
na sua vida financeira por gastar mais do que ganha, não preciso
fazer o mesmo para aprender que devo gastar o que ganho, ou se possível
menos a fim de ter uma reserva para imprevistos. Ou seja, a dor sempre
pode ensinar, mas pra isso é preciso ter uma sensibilidade
e uma vontade de aplicar a mudança de comportamento, evitando
dores e fazendo um caminho menos áspero.
Há um provérbio chinês que diz “Quando não
compreendemos a dor, ela nos dilacera. Quando entendemos sua finalidade,
ela nos aperfeiçoa”. É um pensamento muito alinhado
com o ensino espírita, que nos diz que o papel do sofrimento
e da dor é sempre o progresso do ser.
Ou focamos na dor e adoecemos, ou nos fixamos no aprendizado e nos
fortalecemos, a escolha é individual, mas não ignoremos
o auxílio do Alto, sempre pronto a nos encorajar na melhor
opção.