A Doutrina Espírita nos convida
à resignação diante das adversidades, ou seja,
aceitar sem revolta aquilo que não podemos modificar. Como
escreveu Léon Denis no seu livro Depois da Morte:
“Lutar contra a adversidade é
um dever; abandonar-se, deixar-se levar pela preguiça, suportar
sem reagir aos males da vida seria uma covardia. As dificuldades
que temos a vencer exercem e desenvolvem nossa inteligência.
Todavia, quando nossos esforços tornam-se supérfluos,
quando o inevitável ergue-se, chega a hora de apelar para
a resignação.”
Muita gente, sob o argumento de que está
sendo resignado, não busca ajuda e cai na zona de acomodação.
Certa feita, presenciei uma cena que me chamou a atenção,
dois amigos conversavam, quando um deles resolveu mostrar um vídeo
do seu celular ao outro, que diz, “afaste um pouco o aparelho
porque não enxergo de perto”, ao passo que o primeiro
indaga o porquê do amigo nunca ter visto o amigo usando óculos,
e tem como resposta a frase que me impactou, “é que me
acostumei desse jeito”.
Seria muito bom se essa fala fosse um caso isolado, mas não
é, de diferentes maneiras observamos indivíduos que
se acomodam em situações em que seria melhor empregar
energia, atenção e atitude em benefício de uma
vida mais equilibrada e feliz.
Há quem se acomode numa relação conjugal violenta,
outros se acostumam em empregos sem o mínimo de dignidade,
e também existem aqueles que, diante de uma doença facilmente
curável, abrem mão de tratamentos convencionais e espirituais.
As causas para tais comportamentos são várias, dentre
elas o medo da mudança, ignorância, educação
recebida pelos pais, dentre outros. Reclamar de sua situação
para a pessoa certa e na dose correta, muitas vezes pode ser de grande
valia. Porque muitos são aqueles que não se abrem em
relação ao que sentem e fecham portas para auxílios
que seriam importantes no processo de cura ou alívio.
Outros reclamam demais, pedem ajuda a quem não pode ajudar,
e, se a pessoa oferece alguma sugestão de melhora, o “reclamão”
logo coloca inúmeras dificuldades de execução,
porque na verdade ele não quer melhorar, mas simplesmente se
expor, despertar a piedade alheia que lhe coloca na situação
de “coitado” e, com isso, ter suas carências afetivas
atendidas. Isso tem sido muito comum em postagens nas redes sociais,
em que a pessoa publica que está doente, machucada ou com problemas
na vida, logo a publicação ganha maior repercussão
que o normal e aquilo traz uma satisfação interior que,
aliada à vaidade, pode causar uma espécie de vício
em expor seus mínimos problemas como meio de se manter no centro
das atenções, mas sem necessariamente estar tratando
do seu problema.
Existem várias instituições e pessoas dispostas
a auxiliar quem busca uma ajuda verdadeira, dentre elas o centro espírita,
que através das terapias aplicadas pode aliviar as dores, mas
que, se bem orientado, jamais deve perder de vista a educação
do espírito imortal, que antecede o berço e sobrevive
além-túmulo, para que, este, aprendendo o sentido da
vida, possa então, amar cada vez mais, e, com isso, adoecer
cada vez menos. Num mundo de provas e expiações, ser
resignado é uma virtude que nos conduzirá cada vez mais
“para a frente e para o Alto”, portanto, avancemos.