Espiritualidade e Sociedade




André Henrique

>    A revolução do Espírito - Perspectivas da Ciência Espírita

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André Henrique
>  A revolução do Espírito - Perspectivas da Ciência Espírita

 


"Uma das ironias da ciência é que os pesquisadores em todos os campos parecem gostar de decidir quem de suas fileiras está transpondo os limites aceitáveis da invenção em busca do conhecimento científico - quem é culpado de inventar algo que pertença mais ao domínio da pseudo ciência ou mesmo da religião. Como o falecido filósofo Herbert Marcuse observou uma vez, a ciência não é isenta de juízos de valor, e embora desenvolver 'teorias de panqueca' para explicar a origem das galáxias e dividir os primeiros trilionésimos de trilionésimo de segundo da criação do universo possam ser aceitáveis, certas reflexões sobre outros assuntos não o são."


BROCKMAN, Jonh. - Einstein, Gertrude Stein, Wittgenstein e Frankstein: reinventando o universo. Companhia das Letras. 1ª edição. Parte V. Introdução. pg. 277. . Companhia das Letras. São Paulo. 1988

 


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Introdução.


Num momento cultural em que a Ciência e a Tecnologia representam para a nossa sociedade o voto de Minerva com relação à maioria dos conceitos e valores, é justo esperarmos que nossas mais íntimas conjecturas encontrem, no contexto científico, sua abordagem, validação ou abandono.

Mesmo não sendo a única forma de conhecimento aceitável, e apesar de não se ter encontrado um sentido completo para a palavra "verdade", a sociedade ocidental elegeu a Ciência como sua representante gnoseológica, suprema intermediária entre o universo e a mente humana.

Entretanto, a Ciência não pode ser desvinculada dos valores humanos, pois é construída por homens e, como tal, sujeita à axiologia dos que a fazem. Ainda que idealizada como elemento neutro, ela tem sido resultante de influências outras além do puro desejo de conhecimento. Fatores econômicos, sociais e políticos depositam no seu fluxo contribuições que a fazem dirigir-se para este ou aquele aspecto sempre que se impõe uma necessidade. Face a esse panorama, salientamos a citação de Brockman, na abertura deste trabalho, como significativo termômetro para analisar o relacionamento entre a Ciência e o Espiritismo, cujo aspecto científico vem sendo pouco considerado e, por vezes, ignorado pelos pesquisadores, leigos e, inclusive, por muitos espíritas.

Neste trabalho não pretendemos uma tese sobre a Ciência ou o Espiritismo isoladamente, mas uma discussão sobre a interseção e a interação entre eles. Não intentamos a inovação de valores ou conceitos, mas o resgate, pela reflexão crítica, do íntimo relacionamento entre os dois, relacionamento este firmado pela metodologia científica utilizada na pesquisa mediúnica e desenvolvido na obra de Allan Kardec. Além disso, pretendemos transportar esses conceitos para a realidade atual onde a Ciência e o Espiritismo tiveram seu desenvolvimento natural face às profundas modificações de uma moderna tecnologia e da avançada estrutura de conhecimentos, hoje conquistados, acerca da Natureza.

Sentindo a necessidade de retomar a questão do aspecto científico do Espiritismo, de identificar e definir a abrangência e os métodos desse aspecto, pretendemos promover discussões e não necessariamente encerrá-las. Nosso interesse é o de apresentar pontos para reflexão, esperando que aqueles cuja visão não coincida com a nossa, e aqueles que algo tenham a acrescentar, possam nos encontrar neste terreno de indagações e críticas.

Salientamos que é nossa obrigação discutir os conceitos ora retomados porque a existência dos fatos estudados pelo Espiritismo nos obriga a um posicionamento. Ou o Espiritismo está certo em suas representações . e precisa ser desenvolvido como ciência, ou está equivocado e precisa ser corrigido através de uma melhor representação. Mas em ambos os casos precisamos conhecê-lo. Desse conhecimento brotará a crítica e a reflexão necessárias para darmos um passo a mais no sentido de elucidar os fatos por ele abordados.

Iniciamos o trabalho com uma análise sobre a Ciência e sua metodologia, procurando esclarecer o papel e os objetivos do conhecimento científico. Em seguida pensamos o Espiritismo analisando brevemente seu surgimento, seu contexto e, muito particularmente, a influência recebida pelo Positivismo de Augusto Comte. E para concluir apresentamos o modelo de conhecimento espírita sob seu tríplice aspecto - Ciência , Filosofia e Religião - como uma forma coerente de abordar o conhecimento, de representá-lo e de utilizá-lo no sentido da nossa transformação e da sociedade em que vivemos.

 

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Veja de André Henrique:

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