"Uma
das ironias da ciência é que os pesquisadores em todos
os campos parecem gostar de decidir quem de suas fileiras está
transpondo os limites aceitáveis da invenção
em busca do conhecimento científico - quem é culpado
de inventar algo que pertença mais ao domínio da pseudo
ciência ou mesmo da religião. Como o falecido filósofo
Herbert Marcuse observou uma vez, a ciência não é
isenta de juízos de valor, e embora desenvolver 'teorias
de panqueca' para explicar a origem das galáxias e dividir
os primeiros trilionésimos de trilionésimo de segundo
da criação do universo possam ser aceitáveis,
certas reflexões sobre outros assuntos não o são."
BROCKMAN, Jonh. - Einstein,
Gertrude Stein, Wittgenstein e Frankstein: reinventando o universo.
Companhia das Letras. 1ª edição. Parte V. Introdução.
pg. 277. . Companhia das Letras. São Paulo. 1988
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Introdução.
Num momento cultural em que a Ciência e a Tecnologia representam
para a nossa sociedade o voto de Minerva com relação à
maioria dos conceitos e valores, é justo esperarmos que nossas
mais íntimas conjecturas encontrem, no contexto científico,
sua abordagem, validação ou abandono.
Mesmo não sendo a única forma de conhecimento aceitável,
e apesar de não se ter encontrado um sentido completo para a
palavra "verdade", a sociedade ocidental elegeu a Ciência
como sua representante gnoseológica, suprema intermediária
entre o universo e a mente humana.
Entretanto, a Ciência não pode ser desvinculada dos valores
humanos, pois é construída por homens e, como tal, sujeita
à axiologia dos que a fazem. Ainda que idealizada como elemento
neutro, ela tem sido resultante de influências outras além
do puro desejo de conhecimento. Fatores econômicos, sociais e
políticos depositam no seu fluxo contribuições
que a fazem dirigir-se para este ou aquele aspecto sempre que se impõe
uma necessidade. Face a esse panorama, salientamos a citação
de Brockman, na abertura deste trabalho, como significativo termômetro
para analisar o relacionamento entre a Ciência e o Espiritismo,
cujo aspecto científico vem sendo pouco considerado e, por vezes,
ignorado pelos pesquisadores, leigos e, inclusive, por muitos espíritas.
Neste trabalho não pretendemos uma tese sobre a Ciência
ou o Espiritismo isoladamente, mas uma discussão sobre a interseção
e a interação entre eles. Não intentamos a inovação
de valores ou conceitos, mas o resgate, pela reflexão crítica,
do íntimo relacionamento entre os dois, relacionamento este firmado
pela metodologia científica utilizada na pesquisa mediúnica
e desenvolvido na obra de Allan Kardec. Além disso, pretendemos
transportar esses conceitos para a realidade atual onde a Ciência
e o Espiritismo tiveram seu desenvolvimento natural face às profundas
modificações de uma moderna tecnologia e da avançada
estrutura de conhecimentos, hoje conquistados, acerca da Natureza.
Sentindo a necessidade de retomar a questão do aspecto científico
do Espiritismo, de identificar e definir a abrangência e os métodos
desse aspecto, pretendemos promover discussões e não necessariamente
encerrá-las. Nosso interesse é o de apresentar pontos
para reflexão, esperando que aqueles cuja visão não
coincida com a nossa, e aqueles que algo tenham a acrescentar, possam
nos encontrar neste terreno de indagações e críticas.
Salientamos que é nossa obrigação discutir os conceitos
ora retomados porque a existência dos fatos estudados pelo Espiritismo
nos obriga a um posicionamento. Ou o Espiritismo está certo em
suas representações . e precisa ser desenvolvido como
ciência, ou está equivocado e precisa ser corrigido através
de uma melhor representação. Mas em ambos os casos precisamos
conhecê-lo. Desse conhecimento brotará a crítica
e a reflexão necessárias para darmos um passo a mais no
sentido de elucidar os fatos por ele abordados.
Iniciamos o trabalho com uma análise sobre a Ciência e
sua metodologia, procurando esclarecer o papel e os objetivos do conhecimento
científico. Em seguida pensamos o Espiritismo analisando brevemente
seu surgimento, seu contexto e, muito particularmente, a influência
recebida pelo Positivismo de Augusto Comte. E para concluir apresentamos
o modelo de conhecimento espírita sob seu tríplice aspecto
- Ciência , Filosofia e Religião - como uma forma coerente
de abordar o conhecimento, de representá-lo e de utilizá-lo
no sentido da nossa transformação e da sociedade em que
vivemos.
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Veja de André Henrique:
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Espiritismo e Metodologia
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Perispírito: um elemento de ligação
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A revolução do Espírito - Perspectivas da Ciência
Espírita
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A visão espírita do homem