I - INTRODUÇÃO
A partir do momento da criação
do mundo passaram-se muitos milhões de anos até que
a configuração do planeta Terra assumisse a forma
que nós conhecemos hoje.
Isso já deixa antever que a Criação
não permite que a Natureza dê saltos, o que dificultaria,
desta maneira, a evolução lenta e progressiva pela
qual passaram os diferentes seres dos diferentes reinos que estão
neste planeta, não só no que diz respeito à
crosta terrestre propriamente dita, bem como tudo aquilo que compõe
o quadro natural, além das interelações intrínsecas,
entre a camada gasosa que envolve a terra, conhecida como atmosfera
e, este mesmo planeta.
Em nossos dias, o desenvolvimento científico
e tecnológico, nos permite saber que esta configuração
não foi e nem é definitiva e mais, que ela está
em constante modificação, ao longo do tempo e do espaço,
segundo uma dinâmica própria em consonância com
o planejamento dos Arquitetos Siderais, em função
do equilíbrio cósmico.
A Natureza como um todo, e todo o Cosmos, segue
o seu curso evolutivo e, esse ambiente do planeta Terra que foi
destinado ao Homem para que nele desenvolvesse também o seu
caminho lento e progressivo de evolução, em equilíbrio
com tudo aquilo que está à sua volta, e sobretudo,
com a grave responsabilidade de conviver pacífica e harmoniosamente
com seus semelhantes e com este ambiente que o cerca.
Hoje em dia, neste final de século, em que
o clamor de boa parte da humanidade ainda se volta para a saúde
e o pulsar do planeta, verificamos que a espécie Homo
sapiens, da qual o homem é o seu representante
de topo, esta longe o bastante para que se possa dizer que este
mesmo homem procurou conservar o seu patrimônio natural que
lhe foi posto à disposição para os anos a seguir.
Por outro lado, pelo menos desde que os profetas,
avatares e principalmente Jesus, vieram trazer os ensinamentos necessários
para conduzir a mente do homem também para as coisas do Pai,
desde Moisés que, muito tempo antes da vinda de Jesus, mesmo
que ainda predominasse a Lei de talião, do “Olho por
Olho e Dente por Dente”, que vem a Humanidade sendo preparada
para se colocar numa posição hominal, não só
em relação à sua estatura bípede (a
qual já a possuía há muitos tempo), mas sobretudo
em relação à elevação de seus
pensamentos para Deus e para as coisas do Espírito, através
do Amor Crístico Universal.
Jesus, quando de sua descida à Terra, estabeleceu
a Escola Iniciática na Doutrina do Amor , tendo dito que
trazia um único Mandamento: “Amem a Deus sobre todas
as coisas e ao próximo como a si mesmos”, pela caridade,
pela fraternidade, pelo amor ilimitado e que só assim o Reino
de Deus estaria com suas portas abertas para todos aqueles que,
desta forma, passassem a conduzir suas vidas, sendo esta a grande
orientação deixada por Ele para toda a humanidade.
Ao findar o Segundo Milênio, vê-se que
o homem pouco apreendeu, ou sequer colocou em prática tais
ensinamentos representados por essa grande síntese proposta
por Jesus. E se não foi capaz de amar a seu Deus, como teria
sido capaz de amar a si próprio e ao próximo como
a si mesmo?
Considerando que ele próprio vem permitindo
degradar sua matéria pelo uso abusivo dos prazeres da matéria
e as ilusões que só as artificialidades da personalidade,
de seu Ego super dimensionado trazem para si, pode-se imaginar os
danos que este mesmo Ser humano vem causando ao ambiente natural
que o cerca.
II - O QUE É ECOLOGIA?
Antes de continuarmos, devemos saber qual o significado
do termo Ecologia:
oikos
, em grego, quer dizer “casa”, “lugar onde se
vive” e logos, também do grego, significa, “estudo
de”.
Ecologia, de forma literal, pode ser entendida como
“o estudo dos organismos em sua casa”.
Mas, como definição, podemos ter como
sendo o estudo dos organismos ou de grupos de organismos em relação
ao seu ambiente. Ou ainda, a ciência das interelações
entre os organismos vivos e seu ambiente.
Considerando-se que a ecologia esta relacionada
com a biologia de grupos de organismos e com processos funcionais
nas terras, oceanos e águas doces é mais acurado dizer-se
que ecologia é o estudo da estrutura e funções
da natureza (admitindo-se que a humanidade é parte integrante
dela), ou ainda: é a ciência do “ambiente vivo”
ou simplesmente “da biologia ambiental”.
Pelo que pode-se ver do que foi dito acima em termos
de conceituações, o Homem tem-se interessado pela
Ecologia de uma forma prática, nada pragmática, desde
muito cedo em sua História. Nas sociedades primitivas, cada
indivíduo, para sobreviver, precisou ter um conhecimento
definido do seu ambiente, isto é, para saber valer-se dele,
precisou compreender as forças da Natureza, dos seus diferentes
reinos, quer dizer: dos minerais, vegetais e demais animais.
O fruto de suas próprias observações
levou esse homem primitivo a observar os astros em seu deslocamento
pelo céu, os ventos, a chuva, as variações
de temperatura, as correntes marinhas, as marés, as estações
do ano, as plantas a serem cultivadas, por exemplo, e assim, empiricamente,
mas perfeitamente integrado com tudo o que a natureza se lhe apresentava
permitiu que sua trajetória evolutiva se processasse e chegasse
onde estamos hoje, quando a Ciência e a Tecnologia contemporânea,
já permitiram levar o Homem a explorar espaços e planetas
outros que a Terra, tendo há trinta anos atrás, sido-lhe
permitido pisar o solo lunar e retornado à Terra, são
e salvo.
Só que o descompasso havido ao longo do tempo,
levou o nosso planeta à situação em que se
encontra em nossos dias, não precisando acrescentar as crises
e os problemas que o próprio homem criou, mas que não
se preocupou muito em resolvê-los, pelo menos, de forma objetiva
e concreta.
Se considerarmos que as crises morais, sociais e
filosóficas engendradas pelo Homem vieram refletir-se, de
forma inexorável, sobre o meio que o cerca, como podemos
esperar, por mais auto-regenerador que seja o Sistema de Gaia, que
o Homem encontre um caminho pacífico e obedecendo os princípios
básicos da Natureza para resolver tais conflitos?
“A pressão sobre o meio ambiente
é, ao mesmo tempo, causa e efeito de tensões políticas
e conflitos militares. As nações freqüentemente
lutaram para ter ou manter o controle de matérias primas
, suprimento de energia, terras, bacias fluviais, passagens marítimas
e outros recursos ambientais básicos. Esses conflitos tendem
a aumentar à medida que os recursos escasseiam e aumenta
a competição por eles”, este trecho é
encontrado na página 325 do relatório BRUNDTLAND,
de 1988, da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento,
no livro “Nosso Futuro Comum”, vindo corroborar o
que foi dito acima.
Se hoje podemos compreender que a religião
é a re-ligação
do Homem com Deus Criador, reconectar-se com a Teia da Vida significa,
dentro da observância da Lei de Evolução, construir
e alimentar comunidades sustentáveis nas quais podemos satisfazer
nossas necessidades a aspirações, sem diminuirmos
as chances das gerações futuras, tentando o homem
de todas as formas possíveis minimizar os efeitos, por mais
nefastos que sejam, das disputas políticas entre as nações,
sobre o meio ambiente.
Por causa disso, precisamos reaprender alguns princípios
básicos de Ecologia.
Considerando-se que, basicamente todos os sistemas
vivos exibem os mesmos princípios de organização,
todas as comunidades são redes organizacionalmente fechadas,
mas abertas a fluxos de energia e de recursos.
Por causa disso, o Homem precisa entender que apenas
compreender os ciclos da natureza não lhe basta mais; faz-se
necessário que ele traga isso para todas as experiências
por que passa ao longo de sua vida. Além do princípio
da interdependência, isto é, a dependência mútua
de todos os processos vivos uns aos outros, que é a natureza
de todo relacionamento ecológico que precisa ser igualmente
incorporada, há a necessidade de o homem compreender porque
determinadas crises ocorrem em certas regiões da Terra, como
conseqüência de sua inadequada prática do uso
da terra, por exemplo.
Compreender a interdependência ecológica
significa compreender o relacionamento das partes com o todo, dos
objetos com os relacionamentos, do conteúdo aos padrões.
III - A ECOLOGIA À LUZ DO ESPIRITISMO
Encontramos no livro “O Consolador”,
pelo Espírito Emmanuel, psicografado por
Francisco Cândido Xavier, as questões de número
27, 28 e 121, em que se lê:
“Como devemos compreender a Natureza?” e a resposta
de Emmanuel foi a seguinte:
“A Natureza é sempre o livro divino,
onde a mão de Deus escreveu a história de sua sabedoria,
livro da vida que constitui a escola de progresso espiritual do
homem evoluindo constantemente com o esforço e a dedicação
de seus discípulos”.
Em seguida, foi perguntado a Emmanuel: As manifestações
de vida dos vários reinos da Natureza, abrangendo o Homem,
significam a expressão do Verbo Divino, em escala gradativa
nos processos de aperfeiçoamento da Terra? Ao que foi por
ele respondido:
“Sim em todos os reinos da Natureza palpita
a vibração de Deus, como o Verbo Divino da Criação
Infinita; e, no quadro sem-fim do trabalho de experiência,
todos os princípios, como todos os indivíduos, catalogam
os seus valores e aquisições sagradas para a vida
imortal."
A pergunta 121 é a seguinte: “O meio
Ambiente influi no Espírito?” e Emmanuel responde:
“O meio ambiente em que a alma renasceu,
muitas vezes constitui a prova expiatória; com poderosas
influências sobre a personalidade, faz-se indispensável
que o coração esclarecido coopere na sua transformação
para o bem, melhorando e elevando as condições materiais
e morais de todos os que vivem na sua zona de influência”.
Pelo exposto, podemos ver que a Ecologia à
luz do Espiritismo , certamente diz respeito à uma ecologia
mais profunda, da consciência ecológica que deve vir
do respeito à qualquer forma de preservação
da vida, do respeito pela vida, que vem do religare
espiritual.
É intenção de Deus de que todos
os Seus filhos sejam felizes e, mesmo que nossa Humanidade atual,
esteja neste planeta em fase de provas e expiações,
com tudo isso nosso Deus, nos deu, por empréstimo um mundo
muito belo, como um verdadeiro caleidoscópio de ambientes,
com relevo, rios, montanhas, grutas, vales, florestas, cachoeiras,
desertos, regiões cobertas de gelo, sendo as temperaturas
muito baixas, fatores limitantes para qualquer forma de vida, onde
apenas aquelas que possuam as precondicionantes e que foram sofrendo
adaptações lentas e progressivas ao longo do tempo
geológico, aperfeiçoaram-se de forma a viver em locais
muito inóspitos e assim, para todas as demais formas de vida
distribuídas pelas diferentes regiões biogeográficas
de nosso planeta.
Se a intenção de Deus tivesse sido
apreendida ao longo do tempo, sobretudo, no último século,
pelos habitantes da Terra, não estaríamos diante dos
descalabros que constatamos hoje em dia.
Naturalmente a Terra foi passando por transformações
( algumas quase imperceptíveis, enquanto outras, com características
catastróficas) e os agentes naturais da Natureza, foram fazendo
o seu trabalho, todos eles regidos pela batuta invisível
dos Engenheiros Siderais.
As paisagens foram se sucedendo e com isso, muitas
delas foram desaparecendo num lugar e aparecendo outras, em outros
locais, e com elas todo o conjunto de formas vivas igualmente passaram
pelo mesmo processo, que é sempre de cunho evolutivo, provendo
assim, um saneamento de algumas regiões .
Entretanto, o que se apresenta no mundo atual, resguardadas
algumas paisagens naturais que o Homem ainda não conseguiu
modificar de forma muito indecorosa, o Continente Antártico
sendo um desses exemplos, denota a total incúria e desrespeito,
sobretudo do Homem contemporâneo, à Natureza que o
cerca , sobretudo vindo a desestabilizar os ciclos biogeoquímicos
do planeta, destruindo a camada de Ozônio que a protege da
incidência muito acentuada dos raios ultra violeta, o efeito
estufa, acrescido do lançamento cada vez maior de CO2 e outros
gases que aceleram o efeito estufa, da utilização
de defensivos agrícolas que, em nome de um melhor rendimento
de safras e com conseqüências danosas para todos os sêres
vivos, estão poluindo as terras e os rios , e que, por sua
vez irão poluir os mares; e o efeito do “El
Ninõ e La Niña”,aí também
estão como exemplos muito nefastos.
Hoje , sabemos que estamos na iminência de
catástrofes ecológicas de conseqüências
imprevisíveis, caso o Homem não desperte rápido
do seu sonho destrutivo, em nome do progresso e do desenvolvimento,
de um condomínio que esta sob nossa responsabilidade e guarda
,mas que pertence a nosso Deus Criador apenas para quadro de nossa
evolução e para ver se despertamos e nos religamos
às realidades da Criação.
IV - PERSPECTIVAS
Mahatma Gandhi disse certa vez:
“Nós precisamos ser a mudança
que nós queremos ver no mundo”.
De certa forma é a constatação
do que foi dito acima com relação à pergunta
de número 29 feita ao Espírito Emmanuel, mas sobretudo
em sua resposta, no que tange a própria transformação
do Homem para o bem , melhorando e elevando as condições
materiais e morais de todos aqueles que vivem em sua esfera de interferência.
E essência do que Gandhi quis dizer foi que,
antes que o homem deseje modificar o mundo , ele deve, antes de
mais nada, começar por modificar-se a si próprio.
Essa modificação se realiza em dois
sentidos: de dentro para fora, isto é, em seus próprios
pensamentos, em suas palavras e em suas ações, em
relação a ele mesmo e projetando isso para o seu mundo
exterior, e, por sua vez, recebendo dele todas as informações
necessárias para se engrandecer em conhecimentos, em experiências
, sobretudo se modificar para melhor e, por conseguinte, SER aquilo
que queremos para o nosso mundo, para o meio, com todo o seu conjunto
de funções e de estruturas, mas admitindo que não
é a sua vontade pessoal que deve imperar , mas sim o bem
estar da humanidade, dotada da mesma paz, equilíbrio e auto-conhecimento
que ele próprio.
Através da Educação, que é
uma espécie de jornada para dentro do próprio “eu”,
certamente o desejado equilíbrio, necessário para
que haja uma ação mais efetiva do homem em busca da
sua própria evolução, se dará através
da busca do equilíbrio saudável dos elementos no ambiente
global e que também se aplicam ao equilíbrio saudável
das forças que constituem os sistemas políticos. Em
outras palavras, é através do auto-conhecimento consciente
e disciplinado que poderá o homem chegar ao cerne deste processo,
que é eminentemente educativo.
Al Gore disse em seu livro “O Equilíbrio
da Terra”, de 1992, “que não surpreende que tenhamos
nos tornado tão desconcertados com o mundo natural - e é
incrível que ainda sintamos alguma conexão com nós
mesmos. Acostumamo-nos com a idéia de um mundo sem futuro.
As engenhocas de distração estão gradualmente
destruindo a ecologia interior da experiência humana. O essencial
para esta ecologia é o equilíbrio entre o respeito
pelo passado e a fé no futuro, entre a crença no indivíduo
e um compromisso com a comunidade, entre o nosso amor pelo mundo
e o nosso medo de perdê-lo. Um equilíbrio, em outras
palavras, do qual o ambientalismo espiritual depende”.