Etimologia - A palavra Espiritismo - em inglês Spiritism;
Spiritisme em francês - se origina do substantivo espírito,
que, por sua vez, advém do vocábulo latino Spiritus,
cujo signficado seria o de princípio vital, ou seja, sopro
vital, essência anímica, espírito.
O termo espiritismo
foi usado amplamente a partir do século passado para designar
um corpo de doutrina (ou um conjunto de princípios teóricos
de cunho lógico), baseado em observações empíricas,
dados e conclusões que postulam a sobrevivência do
espírito humano à morte do corpo físico, concepção
esta, porém, já encontrada na filosofia grega, em
especial em Pitágoras, Platão e Plotino, assim como
no Cristianismo e no pensamento da Filosofia Oriental.
Características
- Por seu postulado básico de que o homem é formado
de algo mais que a mera matéria física, o Espiritismo
é uma escola espiritualista. Mas enquanto existem várias
escolas espiritualistas - e nem todas acreditam na sobrevivência
da individualidade após a morte, embora acreditem que o homem
seja formado com algo mais que a mera matéria -, o espiritismo
possui algumas características distintivas, entre elas, a
da idéia da sobrevivência da individualidade humana,
chamada espírito, ao processo da morte biológica,
mantendo suas faculdades psicológicas intelectuais e morais.
Esta doutrina foi elaborada - em suas linhas mais conhecidas - na
Europa, particularmente na França, a partir de um conjunto
de observações recolhidas por inúmeros pesquisadores
independentes, sendo codificada (ou seja, tendo seus principais
pontos característicos sido sistematizados a partir de material
recolhido sobre os fenômenos espíritas) pelo educador
francês Hippolite Léon Denizard Rivail, sob o pseudônimo
de Allan Kardec. Portanto, em seu início, o espiritismo tinha
um forte caráter empírico dedutivo, o que atraiu a
atenção de vários cientistas famosos, como
veremos mais adiante.
Posteriormente, à medida que se difundia e se popularizava,
esta doutrina passou a receber o impacto cultural e tradicional
dos países em que adentrava, vindo a apresentar, além
de suas caraterísticas empíricas com desdobramentos
filosóficos, igualmente, uma característica religiosa.
Esta última acabaria por se destacar mais em vários
países, principalmente no Brasil. Esta característica
era, porém, estranha ao movimento em outras culturas, como
a Inglaterra e a Alemanha, por exemplo. O próprio Allan Kardec
enfatizou em seus escritos (O que é o Espiritismo, O Livro
dos Espíritos e em alguns artigos da Revue Spirite) que o
espiritismo - por se basear em observações e deduções
pela comparação do material de comunicações
espíritas - era um doutrina científica e filosófica
com conseqüências morais, devido ao alcance psicológico
que possuia ao modificar a visão de mundo das pessoas que
o adotavam, mas reconhecia que poderia haver uma fase religiosa
no movimento, que deveria ser, porém, passageira (Kardec,
Revue Spirite, 1963, pp. 377-379).
Talvez o problema do espiritismo enquanto religião seja causado
pela confusão entre os conceitos de religião e de
religiosidade, uma, expressando um conjunto de regras e comportamentos
esteriotipados que se ligam às instituições
religiosas hieraquizadas e tradicionais, e a outra, expressando
um sentimento individual que é independente de se estar ou
não vinculado a um movimento religioso. Como no espiritismo
em sua essência não encontramos altares, sacerdotes,
pastores ou rituais, não se pode designar o espiritismo como
uma religião - pelo menos não no sentido convencional
do termo -, a não ser em se admitindo um dos significados
originais do termo religião, que seria o de religar o homem
ao aspecto transcendente do universo, ou a Deus. Allan Kardec, baseado
nas comunicações espirituais que recebia, chegou mesmo
a colocar que o Cristianismo - que paira acima das Igrejas tradicionais,
que são vertentes interpretativas da mensagem do Cristo,
mas válidas todas, no sentido de estimular o homem à
reflexão espiritual - já era, pela profundidade de
sua mensagem, suficiente para apontar os caminhos morais da humanidade,
sendo os espíritas, portanto, cristãos que deveriam
possuir uma visão de mundo independente do que foi implantado
na mensagem de amor do Cristo pelos dogmas dos credos estabelecidos,
cultivando uma visão humanista e espiritual que amadureceria
e se desenvolveria sempre mais a partir da razão e da reflexão
íntima de cada um.
A doutrina espírita está baseada em alguns pontos
ou princípios fundamentais, tais como:
· Existência de uma
Causa Primária ou Potência Primária, extremamente
poderosa, origem e fundamento da existência de tudo o que
há no universo, qualquer que seja o nome que Lhe seja dada;
Inteligência Suprema que escapa a qualquer tentativa humana
de definição precisa (qualquer definição
é apenas aproximada, projetiva e imperfeita, atendendo
à necessidade de abstração e busca de compreensão
humana); Deus, enfim (o Motor Imóvel de Aristóteles);
· Existência de um Princípio inteligente,
imaterial, dotado de personalidade, criado por Deus e cujas individualidades
povoam o universo e que está sujeito às leias da
evolução. De natureza espiritual, está, contudo,
intimamente ligado ao mundo material, mas é independente
e sobrevivente a este; é o espírito propriamente
dito;
· Aperfeiçoamento progressivo e interrelacional
dos espíritos e, por conseguinte, das diversas espécies
de seres da natureza, através de experiências sucessivas
e, idealmente, progressivas em níves de complexidade orgânico-intelectual
crescente, de acordo com o grau de aperfeiçoamente atingido
por cada espírito, assumindo-se responsabilidades causais
à medida que cresce seu grau de autoconsciência,
e a responsabilidade de escolhas advinda do lívre-arbítrio
conquistado, e que se expressam nos eventos mais significativos
de sua existência corpórea, tendências e gostos;
· Pluraridade dos mundos habitados, ou de vários
planos de exitência, possibilitando o desenvolvimento integral
das aptidões e capacidades do espírito;
· Possibilidade de comunicação entre os homens
"vivos" e os homens "mortos", através
de uma aptidão mais ou menos específica, chamada
de mediunidade.
Este conjunto de princípios estabelece, por conseqüência
lógica, uma filosofia de vida baseada numa visão de
mundo que é bem característica dos que se professam
espíritas, especialmente no que diz respeito à responsabilidade
pessoal pelo próprio comportamento ético e intelectual.
Esta filosofia acaba por delinear,
na vivência prática, uma estrutura moral e
uma ética coerente muito próxima da visão
de mundo que a Ecologia Profunda de nossos dias vem construindo:
a responsabilidade pessoal e coletiva para o aperfeiçoamento
pessoal e do próximo; o reconhecimento do próximo
como seu semelhante e, portanto, de sua aceitação
mesmo em suas diferenças; o reconhecimento da responsabilidade
pelas próprias atitudes conscientes frente às pessoas
e à natureza; a forte ligação afetiva e cármica,
que se constrói pelos séculos, e que ligam pessoas
e povos. Todos estes princípio se encontram mais ou menos
explicitados na filosofia e no Cristianismo.
Existem, também, outros preceitos
filosóficos mais amplos, com muito em comum com os das grandes
tradições espirituais universais, como o Budismo,
o Hinduísmo, Druidismo e o Taoísmo, por exemplo. Do
mesmo modo, a visão filosófica da doutrina é
concorde com as idéas de Platão, Plotino, Orígenes
e muitos outros filósofos. Entre elas está o da existência
de espíritos mais aperfeiçoados, que são geralmente
considerados bons espíritos, e a existência de espíritos
ainda imperfeitos ou atrasados na escala evolutiva, apresentando,
alguns, uma tendência à malícia e à maldade,
e que, portanto, podem ser classificados relativamente como maus
espíritos (uma condição temporária),
da mesma forma como existem espíritos que atingiram níveis
mais elevados no campo moral e intelectual, como nas sociedades
humanas existem pessoa das mais variadas índoles e de diferentes
qualidades e vícios. Sendo assim, por exemplo, o Cristo é
considerado um espírito de extraordinário desenvolvimento
espiritual, ou um espírito puro. Deste ponto de vista, entende-se
a forte ênfase dada pelos espíritas à instrução
e à prática da caridade e da tolerância às
diferenças humanas, pois, cedo ou tarde, todos (não
necessariamente os espíritas, em primeiro lugar, pois tudo
depende unicamente do esforço pessoal em se melhorar) atingirão
graus mais elevados de desenvolvimento intelecutal e moral.
Histórico - O espiritismo, tal como se entende
hoje em dia como moderno espiritismo, teve suas sementes germinadas
a partir de alguns fenômenos inexplicados que começaram
a pipocar na América e na Europa em fins da primeira metade
do século XIX. Geralmente os fenômenos de tipitologia
(pancadas sem uma causa visível definida) e efeitos físicos
ocorridos na cidadezinha de Hydesville, E.U.A, em 1848, são
apresentados como o marco histórico inicial do desenvolvimento
espírita contemporâneio. Porém, várias
outras localidades passaram a relatar estranhos fenômenos
de pancadas misteriosas e movimento de objetos que passaram a chamar
a atenção das pessoas. Concomitantemente, surgiram
outras manifestações de efeitos físicos por
todo o mundo, dentre elas o chamado fenômeno das mesas girantes,
que passou a ser explorado até mesmo em salões da
sociedade.
O que de início foi encarado como leve diversão de
salão, causado por forças físicas ainda inexplicáveis,
chamou a atenção de alguns pesquisadores pela surpreendente
manifestações de respostas "inteligentes"
dadas pelas mesas às perguntas formuladas pelos participantes.
Dentre estes pesquisadores, o professor francês Hippolite
Léon Denizard Rivail (1804-1869) foi quem mais longe levou
o estudo dos fenômenos, do que resultou a publicação
de um livro de importância capital: O Livro dos Espíritos,
que veio à luz em 1857, tendo o seu autor utilizado o pseudônimo
de Allan Kardec. A partir daí, vários estudiosos e
cientístas de renome se voltaram para o estudo do espiritismo,
tendo, muitos, reconhecido publicamente a autenticidade e relevância
dos fenômenos espíritas.
Dentre os mais famosos cientistas
que estudaram o espiritismo, destacam-se, na Inglaterra, o biólogo
Alfred Russel Wallace (1823-1913), o físico William Crookes
(1832-1919), o fundador da Society for Psychical Research, William
Henry Myers (1843-1901) e o físico Oliver Lodge (1851-1940);
na França, grandes filósofos como Léon Denis
(1846-1927) e o grande astrônomo Camille Flammarion (1842-1925),
entre inúmeros outros, defendiam corajosa e abertamente o
espiritismo, e o fisiólogo Charles Richet (1850-1935) se
debruçou a tal ponto sobre o estudo dos fenômenos espíritas
que acabou por formar uma área de estudos chamada de Metapísiquica
Humana que, posteriormente, serviria de alicerce para o que hoje
se chama de Parapsicologia. Na itália, destacam-se os nomes
do criminólogo Césare Lombroso (1836-1909), do astrônomo
Giovanni Schiaparelli (1835-1910) e, principalmente, do incansável
e profícuo pesquisador Ernesto Bozzano (1861-1943), autor
de livros extraordinários sobre Metapsíquica e Parapsicologia;
na Alemanha, destacam-se os nomes de Karl Friedrich Zöllner
(1834-1882) e do médico Alfred von Schrenck-Notzing (1832-1903),
junto com o russo Alexandre Nikolaievitch Aksakov (1832-1903). Na
Suíça, os fenômenos atraíram a atenção
do jovem estudante Carl Gustav Jung (1875-1969), que os utilizou
em sua tese de doutoramento em medicina, e que manteve seu interesse
sobre fenômenos psíquicos por toda a vida; e, na América,
outro ilustre psicólogo, e filósofo, William James
(1842-1910) escreveu e discutiu extensivamente sobro o tema.
Em nosso século, particularmente na segunda metade, o espiritismo
tem recebido, mesmo involuntariamente, profundas contribuições
da ciência e de áreas sem vínculos com o espiritismo,
como a Psicologia, especialmente a Psicologia Transpessoal, e de
áreas de vanguarda como a Física Quântica, Neuropsiquiatria,
e, na tecnologia, com as pesquisas em Psicotrônica e em Transcomunicação
Instrumental, que é a captação e o registro
de imagens e sons de espíritos - salientando-se que esta
área está sendo desenvolvida por engenheiros eletrônicos,
cientistas e técnicos sem nenhum ou com muito pouco contato
com o espiritismo, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. Portanto,
a perseguição feita ao espiritismo por pessoas altamente
tendenciosas, como o tristemente célebre Padre Oscar Quevedo
(Clique aqui, para ver um texto sobre os pontos controversos de
sua obra), que é um parapsicólogo teórico
financiado pela Igreja para tentar estabelecer os fenômenos
ditos espíritas em bases outras que possam desacreditar a
doutrina, não se sutentam ante o desenvolvimento das ciências
atuais, especialmente em relação à Psicologia
Transpessoal. E, graças a Deus, ainda existem outros sacerdotes
católicos - de reconhecimento internacional, como o Pe. François
Brune - que estudam os fenômenos de transcomunicação
instrumental e têm um ótimo contato com os espíritas.
***
Para ver o desafio científico que o
Prof. Dr. Wellington Zangari fez a um Luiz Roberto Turatti e ao
Padre Quevedo (e ainda não respondido), clique aqui em
http://www.forumnow.com.br/vip/mensagens.asp?forum=15836&topico=2491903
***
De um modo geral, os fenômenos
que comumente se caracterizam como espíritas - comunicação
entre "vivos e mortos"; manifestações de
poltergeists; curas pesirituais; lembrança de vidas passadas,
etc - são reconhecidamente encontrados em várias partes
e culturas do globo ( xamanismo, estados alterados de consciência,
etc). Em nossa tradição judáico-cristã
existem inúmeros exemplos, sendo o mais antigo, provavelmente,
encontrado no Antigo Testamento, com o relato da visita de Saul
à pitonisa (ou médium, como é encontrado em
algumas vesões da Bíblia) de En-Dor, que lhe possibilitou
contactar com o espírito do profeta Samuel (1 Sam 28,7-19).
A história dos grandes místicos e santos católicos
também é repleta de "aparições"
e "vozes" que se faziam ouvir a pessoas especialmente
dotadas (Joana D'Arc, Hildegard von Bingen, etc.) Isso sem falarmos
nas aparições póstumas de Cristo aos discípulos
nos quarenta dias após a cruxificação, onde
seu espírito materializado aparecia e desaparecia de repente:
"Finalmente, apareceu Jesus
aos onze, quando estavam à mesa..."
(Marcos, 16,14)
"E aconteceu que, quando estavam
à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o e, tendo-o
partido, lhes deu; então, se lhes abriram os olhos, e o reconehceram;
mas ele desapareceu da presença deles".
(Lucas, 24, 31-32)
"Falavam ainda estas coisas
quando Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: Paz seja convosco!"
(Lucas, 24, 36)
"Ao cair da tarde daquele dia,
o primeiro da semana, estando trancada as portas da casa onde estavam
os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se
no meio deles e disse-lhes: Paz seja convosco!"
(João, 20, 19)
A argumentação
"teológica" de que não existe comunicação
entre espíritos e homens, formulada pelo Pe. Quevedo e seguidores,
por esta ser proibida em Deuteronômio 18 indica mais um ponto
em favor de sua veracidade, pois o eminente "parapsicólogo
teórico" confunde a proibição da coisa
com a coisa em si. Da mesma forma como as leis mosáicas proibiam
outras coisas - devido ao grau de conscientização
moral da época -, a proibição do contanto com
os espíritos foi estabelecida exatamente por ser possível
este contanto, o que traria muitos abusos. De qualquer forma, os
Evangelhos narram o encontro de Cristo com dois mortos, Elias e
o próprio Moisés, no episódio da Transfiguração
- interpretado por Quevedo e seguidores como uma alegoria e não
como um fato histórico em si. Mesmo que assim fosse, o que
não pode ser afirmado por Quevedo, a imagem de Cristo entre
os dois espíritos está lá na mesma Bíblia
usada por eles para condenar o fenômeno.
Atualmente, o espiritismo encontra-se espalhado por todo o mundo,
embora tenha apresentado certo declínio na Europa depois
das duas Grandes Guerras, tendo, recentemente, voltado a crescer.
No Brasil, o movimento espírita apresenta expressivo número
de participantes, sem contar os simpatizantes, e tem como orientadora
a Federação Espírita Brasileira, e nomes de
peso em suas fileiras, entre os quais o do grande médium,
mudialmente reconhecido e respeitado, Francisco Cândido Xavier;
do Professor e fundador do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas,
Dr. Hernani Guimarães Andrade, respeitadíssimo engenheiro
e parapsicólogo, escritor e pesquisador internacionalmente
citado, verdadeiramente reconhecido por ser dententor de inúmeros
prêmios na área da Psicobiofísica, inventor
de aparelhos eletrônicos para a mediação de
fenômenos psíquicos e autor e co-autor de inúmeros
artigos sobre parapsicologia e espiritismo publicados em todo o
mundo; do grande tribuno Divaldo Pereira Franco; do pesquisador
e divulgador do Espiritismo Científico, Henrique Rodrigues
- ganhador de prêmios em parapsicologia na Rússia e
em outros países; do parapsicólogo e transcomunicador
Clóvis Nunes, do saudoso comunicólogo Augusto César
Vannuci, dentre inúmeros outros.