EURÍPEDES BARSANULFO, O EDUCADOR
Na obra Eurípedes, o Homem e a Missão,
Corina Novelino nos relata o seguinte:
"Os companheiros de magistério,
no Liceu Sacramentano, abandonaram Eurípedes, após
sua conversão ao Espiritismo. O mobiliário escolar
fora retirado e o prédio requerido por seus proprietários.
O jovem estava abatido, mas não desanimado.
O testemunho reclamara-lhe determinação e pujança
na fé nova. Por isso, continuava firme nas tarefas espíritas.
(...) Após um planejamento rápido
ficara assentado o aluguel de uma sala no antigo Colégio
da Profa. Ana Borges, fechado desde 1885.
Ali, com mobiliário improvidado e sem conforto,
Eurípedes prosseguiu no seu esforço magnífico,
em prol da Educação.
No frontal da porta modesta, lia-se: LICEU SACRAMENTANO.
O currículo era o mesmo, mas com a debandada dos colegas,
Eurípedes desdobrava-se para ministrar as aulas de todas
as matérias programadas.
E acrescentara, corajosamente, o ensino da Doutrina
Espírita ao currículo, o que suscitara o descontentamento
dos pais católicos.
A maioria levou a Eurípedes a ameaça
de retirar os filhos do Liceu, caso mantivesse o Professor a decisão
de lecionar Espiritismo."
- "Que retirem os filhos, mas a finalidade
salvadora do aprendizado espírita será mantida."
"Um dia, porém, ele se entristecera
profundamente. Achava-se abandonado quase, no vazio da sala de aulas.
Pusera-se a chorar, no silêncio de ardorosa prece. (...)
Eis que uma força superior toma-lhe o braço
e, mecanicamente, transmite pequena mensagem, mais ou menos nestes
termos:"
"Não feche as portas da escola. Apague
da tabuleta a denominação Liceu Sacramentano - que
é um resquício do orgulho humano. Em substituição
coloque o nome - Colégio Allan Kardec.
Ensine o Evangelho de meu filho às quartas-feiras
e institua um curso de Astronomia.
Acobertarei o Colégio Allan Kardec sob o
manto do meu Amor.
Maria, Serva do Senhor"
Segundo Corina Novelino, na obra citada "Eurípedes
seguiu à risca as instruções espirituais de
Maria Santíssima."
"Tem início para Sacramento a maior
campanha educacional, conhecida até então. Antigos
alunos do Liceu Sacramentano reintegram-se ao novo educandário
e mais de duas centenas de outros estudantes são encaminhados
ao Colégio Allan Kardec.
(...) Antigos alunos conservaram, carinhosamente,
importantes apostilas fornecidas por Eurípedes sobre questões
de Língua Portuguesa, Astronomia e Fundamentos da Doutrina
Espírita.
As quartas-feiras eram consagradas inteiramente
ao estudo de O Evangelho Segundo o Espíritismo e O Livro
dos Espíritos, de Allan Kardec. Assistiam a essas aulas os
alunos do Colégio e numerosos visitantes. O início
das aulas dava-se às 12 e meia horas, prolongando-se até
quinze horas aquelas lições excepcionais para todos."
Corina nos conta que as aulas se iniciavam com uma
prece: "A voz sonora e vi brante de Eurípedes ergue-se
na reprodução do Pai Nosso, de Jesus, na sua opinião,
a prece que tras em cada palavra um potencial magnético capaz
de transformar o mundo, porque proveio dos lábios sublimes
do Cristo..."
"Era o instante da prece de encerramento. (...)
Eurípedes, de pé, pronuncia comovedora oração
de agradecimento. E é no decorrer desta que, em geral, ele
penetra a faixa dos Mensageiros do Senhor, em transe sonambúlico.
Eis que, às vezes, sua voz possante assume o timbre infantil:
- é Celina, a pequena e luminescente intérprete de
Maria quem vem trazer a palavra de estímulos santos da própria
Mãe de Jesus, cujo carinho pelo Colégio Allan Kardec
jamais esmorece.
De outras vezes, comparecem ao festim espiritual
outros luminares de Esferas Superiores, tais como Jeanne D’Arc,
Paulo de Tarso, Pedro, Felipe, outros discípulos do Cristo,
que se aproveitam do grande momento para endereçar à
criatura terra a sua mensagem de luz."
Corina, em nota de rodapé, nos relata que
"essas aulas despertavam tanto interesse que os alunos do curso
superior não perdiam as sessões mediúnicas,
no sentido de enriquecerem suas pesquisas com os conceitos dos Espíritos
Benfeitores."
Ao mudar o nome da escola para Colégio Allan Kardec, por
sugestão de Maria, a mãe de Jesus, Eurípedes
caracterizou a escola como espírita e, portanto, com uma
proposta pedagógica baseada na Doutrina Espírita.
Eurípedes Barsanulfo inaugurava assim o primeiro
colégio espírita do mundo com o nome de Colégio
Allan Kardec, sob a égide de Maria, a mãe de Jesus.
O ensino da Doutrina Espírita era parte integrante do currículo
da escola, ensinando o Evangelho de Jesus, e um curso de astronomia,
conforme as recomendações de Maria. A verdade triunfava
do preconceito, do orgulho e do fanatismo religioso.
Nesta proposta pedagógica, estava inserido
tanto os objetivos, a metodologia quanto o conteúdo curricular.
Ao lado das matérias tradicionais, Eurípedes
incluira o ensino da Doutrina Espírita, não titubeando
ao utilizar O Livro dos Espíritos e O Evangelho Segundo o
Espiritismo, com os alunos, além de utilizar a oração
e o exercicio de sua mediunidade extraordinária, onde se
comunicavam Espíritos de alta envergadura, trabalhadores
de Jesus, como Paulo, Pedro, Filipe e outros, conforme nos narra
Corina. Os alunos maiores, segundo a biografa, não perdiam
as próprias reuniões mediunicas.
Nota-se claramente, nas narrativas de Corina que
o ensino primava pela qualidade elevada, onde o aluno era levado
a compreender profunda e racionalmente as lições,
vivenciando o que aprendiam, especialmente no aspecto moral.
Diante da coragem de Eurípedes, é
preciso rever, com urgência, o conceito de Educação
Espírita.
O ensino da Doutrina Espírita numa instituição
espírita (centro, lar, orfanato, escola) representa o ensino
da Verdade Universal, necessária ao "conhecimento de
si mesmo", chave do progresso individual, como nos ensinam
os Espíritos em O Livro dos Espíritos, item Perfeição
Moral.
Se utilizamos o nome Espírita, temos que
ser fieis aos Espíritos Superiores que tanto trabalham para
implantar essa verdade Universal em nosso Planeta.
O conteúdo libertador e a "finalidade
salvadora" da Doutrina Espírita, na linguagem de Eurípedes,
deve ser divulgada e ensinada de todas as formas possíveis.
A Doutrina Espírita nos abre um mundo de
possibilidades na área da educação onde, ao
lado do conteúdo Espírita, que representa essa Verdade
Universal que nos leva ao "conhecimento de si mesmo" e
das Leis Divinas que regem os seres e todo o cosmo, também
nos propicia o desenvolvimento do sentimento, através da
prática da caridade, no exercício do amor ao semelhante.
Desenvolve as potencialidades da alma que todos,
como Filhos e herdeiros de Deus, trazemos em nós mesmos,
em todos os sentidos: cognitivo, afetivo e volitivo. Abre caminho
para a interação vertical, com as esferas superiores
da vida Universal, em sintonia com o pensamento cósmico.
Se ainda guardamos dúvidas em nosso coração
quanto a nossa tarefa de educadores, recordemos a figura de Eurípedes,
na narrativa de Corina Novelino: Quanto tudo pareceria ter sido
inútil e a escola perto de fechar as suas portas, eis que
a própria Maria, mãe de Jesus, o vem consolar e incentivar
a manter a escola aberta e, ainda mais, a mudar o nome para "Colégio
Allan Kardec" o que denota, sem qualquer dúvida, o seu
carater de Escola Espírita, com uma proposta pedagógica
baseada na Doutrina Espírita, em todos os seus aspectos:
científico, filosófico e religioso.