A representação
de Cristo é um tema polêmico que,
desde o século XVIII, desperta a curiosidade
de vários pesquisadores e religiosos. Na verdade, essa
polêmica remonta a sociedade onde o próprio Cristo
nasceu. Os judeus, preservando os ideais de sua
prática religiosa e condenando a idolatria dos estrangeiros,
proibia a produção de retratos.
Dessa forma, a missão de revelar as feições
do líder religioso ficou a cargo de diversos pintores e
escultores que se lançaram a essa mesma missão.
Um dos mais antigos relatos sobre a representação
de Jesus foi constatado em uma narrativa mítica
do século VI, referente ao Sudário de Verônica.
Segundo o mito, Abgar, rei de Edessa (atual Síria),
enviou um artista para que o mesmo pudesse produzir um retrato
de Cristo. Ao encontrar o líder religioso, o artista enviado
não conseguiu cumprir sua missão, pois o rosto de
Cristo emanava uma intensa luz. Com isso, Jesus teria usado uma
toalha que ficou marcada pelos traços de seu rosto.
No entanto, a primeira representação historicamente
comprovada foi encontrada em uma parede do Pedagogium,
a antiga escola da guarda imperial. Neste desenho, criado por
volta do século III, há a representação
de um homem com cabeça de asno crucificado, enquanto um
grego lhe presta adoração. A imagem depreciativa,
provavelmente seria de autoria de algum soldado romano não
muito convencido do caráter divino do Messias.
Sendo a idolatria a imagens igualmente refutada pelos cristãos
primitivos, muitos subvertiam a ordem com a criação
de diversos símbolos que remetiam a Cristo Jesus.
Entre diversos símbolos podemos destacar a cruz, as iniciais
de seu nome e a âncora. Havia também um acróstico
produzido a partir da fase “Iesus KHristos Theou
Uios Soter” (Jesus Cristo Filho de Salvador), onde
suas iniciais formavam a palavra peixe, animal
até hoje associado ao Cristianismo.
No entanto, a refutação a uma representação
humana de Cristo logo passou a ser praticada pelos cristãos,
a partir do século III. Utilizadas como grande meio de
divulgação e conversão religiosa, as imagens
de Cristo passaram a contar com uma diversa gama de situações
encenadas. Uma das representações mais comuns coloca
Cristo em meio aos animais, fazendo alusão à ideia
do poder que o Messias teria de liderar os cristãos e converter
os homens.
Em outras imagens mais poderosas, percebemos uma tentativa de
valorização da dimensão sobrenatural de Cristo.
Nesse tipo de representação temos a ação
do Messias durante os julgamentos do Juízo Final,
onde estaria separando os bons e os maus. Em outras representações
com temática semelhante, Cristo aparece realizando milagres
por meio de uma varinha que leva nas mãos. Outro tipo ainda
alude à pregação religiosa mostrando um Cristo
jovem palestrando aos seus seguidores.
Todas essas representações de um Cristo imperioso
e ativo perdem espaço ao longo da Idade Média.
A partir da Baixa Idade Média temos várias
representações em que Jesus sofre com os suplícios
de seu processo de crucificação.
De fato, a imagem predominante de Jesus Cristo tem um rosto de
traços suaves, pele clara, olhos claros, barba fina e cabelos
ondulados. Essa representação surgiu no tempo das
Cruzadas, época em que os não-brancos
representavam os pagãos.
Em um recente estudo desenvolvido pela Universidade de
Manchester, tendo como base o crânio de um judeu
do século I, houve a tentativa de se formular um desenho
aproximado do Cristo naquela época. Por meio de avançados
recursos de computação gráfica chegaram à
conclusão de que Jesus, provavelmente, teria um rosto
arredondado, cabelos negros, pele amorenada e uma barba
grossa.