13 julho 2007
Numa viagem aérea, uma mulher
branca, de aproximadamente 50 anos, ao ocupar seu lugar na classe
econômica, viu que o passageiro a seu lado era negro. Visivelmente
perturbada, chamou a comissária de bordo, dizendo-lhe ser um
absurdo terem-na colocado ao lado de um negro. Portanto, exigia uma
mudança de assento... A aeromoça procurou acalmá-la,
e afirmou que ia verificar a disponibilidade de lugares no avião.
Voltou, em seguida, confirmando que a classe econômica e a executiva
estavam lotadas; contudo, havia um lugar livre na 1ª classe.
Explicou que essa troca de lugares não era permitida, mas que,
tendo em vista as circunstâncias, o comandante considerou que
seria inadmissível obrigar um passageiro a viajar ao lado de
uma pessoa desagradável. Então, ante a surpresa da mulher
branca, atenciosamente dirigiu-se ao senhor negro, convidando-o a
ocupar a poltrona da 1ª classe!... E foi aplaudida pelos outros
passageiros...
Embora com elogiável desfecho,
eis aí um terrível exemplo de preconceito, que é
“qualquer opinião ou sentimento, favorável
ou desfavorável, concebido sem exame crítico, conhecimento
ou razão, isto é, formado antecipadamente, sem maior
ponderação ou conhecimento dos fatos”; é
uma “idéia preconcebida”, que leva à
aversão e à intolerância a outras raças,
credos, religiões, etc., conduzindo até a entranhadas
superstições.
Infelizmente, existe também entre crianças: numa Creche
Municipal, em Salvador, a professora trouxe para a sala de aula bonecos
com vários tons de pele e fotos de pessoas de características
físicas diferentes. Uma das crianças, Brenda, com 3
anos e meio, apontou a fotografia de uma menina negra, e disse que
era “feia’; quando a professora lhe perguntou “por
que era feia?”, ela respondeu “porque ela é
igual a mim!...”
Absurdamente, vários desses conceitos que numerosas pessoas
assumem como seus, foram-lhes transmitidos de geração
em geração, habitualmente sem justificação
plausível que os ampare como legítimos: “todo
cigano é ladrão”, “todo judeu é
avarento”, “os índios são improdutivos
e preguiçosos” (preconceitos étnicos); “mulher
ao volante é um perigo”; “o velho está
ultrapassado”, etc...
Dizem os psicólogos que os preconceitos geralmente estão
ligados a três causas, que claramente se inter-ligam: a ignorância
(falta de conhecimento sobre determinado assunto), invariavelmente
acompanhada de teimosia, que é sua “escrava fiel”;
o medo (o milenar da lepra, o da aids, o de tudo que é
diferente ou desconhecido, etc.); e, finalmente, o orgulho.
Como vemos, a base geral é sempre a ignorância.
E as conseqüências são terríveis,
levando à discriminação, à marginalização,
à violência, a antagonismos que conduzem a débitos
dolorosos... (exemplo: a 11 de maio deste ano, a internet transmitiu
notícia do Estado indiano de Gujarat, onde um homem, tornando-se
pai de gêmeas, considerou que, por serem meninas, era sinal
de má sorte; assim, matou-as ao enterrá-las vivas!...)
O Espiritismo aniquila qualquer forma de preconceito, através
de seguros e comprovados esclarecimentos: Deus é “Inteligência
suprema, causa primária de todas as coisas” (L.
Espíritos, # 1); os espíritos (nós)
fomos todos criados “simples e ignorantes, isto é,
sem saber” (idem, # 115); todos temos o mesmo destino:
a felicidade absoluta, através da conquista da perfeição
relativa (nunca seremos iguais a nosso Criador), alcançada
paulatinamente nas diversas encarnações; todos com as
mesmas oportunidades de aprendizado e progresso; reencarnaremos seguindo
planejamento prévio visando resgatar erros pretéritos,
ultrapassar provas pedidas e realizar as missões - ainda pequenas
- que nos cabem (idem, # 132: objetivo da encarnação);
desse modo, em cada encarnação vivenciamos determinadas
situações (financeira, social, física, familiar,
etc.), exatamente as que nos são necessárias ao aprendizado
e à evolução; Deus ama a todos os seus filhos
igualmente, sem “protecionismo” (nada de “anjos”,
“demônios”, etc.).
Por conseguinte, somos todos iguais, irmãos (L.
Espíritos: “Da Lei de Igualdade”);
apenas as situações se invertem nas diferentes encarnações,
para nosso crescimento espiritual. Preconceito é anti-evangélico,
irracional, absurdo! A convicção lógica na reencarnação
e a certeza da justiça e do amor divino o destroem!...
O Espiritismo, “Cristianismo Redivivo”, ensina-nos que
o valor real de cada um de nós não está na aparência,
mas no que pensamos, sentimos e agimos acorde com as leis divinas,
seguindo os ensinos do Cristo, que é para nós “o
Caminho, a Verdade e a Vida”. Numa quermesse em pequena
cidade da Amazônia, um senhor vendia balões de cores
variadas; bom vendedor, para chamar a atenção das crianças,
deixou um balão vermelho se soltar e elevar-se nos ares, depois
um azul e um branco. Um indiozinho a tudo assistia fascinado, observando
que o balão amarronado, da cor de sua pele, não era
solto. Foi ao vendedor e indagou: “Se o senhor soltasse
o marrom, ele subiria também?” O vendedor sorriu,
e soltando o dito balão, respondeu: “Não é
a cor, filho, é o que está dentro dele que o faz subir.”
É isso mesmo! Busquemos a verdade que anulará o medo
e destruirá o orgulho, pois somos todos “balões-irmãos”
elevando-nos rumo Pai, nosso Criador!
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