Espiritualidade e Sociedade



João Thiago Garcia

>     Movimento Jovem ou Movimento com o jovem espírita?

Artigos, teses e publicações

João Thiago Garcia
>   Movimento Jovem ou Movimento com o jovem espírita?

 

 

Após a histórica aprovação e publicação das Diretrizes para Ações da Juventude Espírita do Brasil, pelo CFN-FEB, muito se tem falado sobre a importância do protagonismo juvenil.

Compartilhamos a ideia de protagonismo presente no referido documento, porém reforçamos aqui que em nenhum momento fala-se de independência, ao contrário, ao tratar de protagonismo fala-se de “um tipo de relação pedagógica que tem a solidariedade entre gerações como base, a colaboração educador-educando como meio e a autonomia do jovem como fim”. Essa nova relação de aprendizado é balizada por princípios novos e não pode ser concebida dentro dos velhos padrões. Por isso, deixamos clara a compreensão dos princípios que orientam essas relações: solidariedade como um princípio de conhecimento que se constrói com o outro; colaboração como um princípio de ajuda mútua; autonomia como um processo construído em espaço de liberdade.

O convite é para fazer parte, somar esforços, transformar juntos, e não criar espaços independentes e desconexos.

Já diz a máxima evangélica: “A boca fala do que está cheio o coração”, e percebe-se o quanto desse sentimento separatista está presente em nossa fala quando dizemos “Movimento Jovem Espírita” ou “Movimento Espírita Jovem”. Será que é isso mesmo que eu quero dizer? Será que é isso mesmo o que eu quero? Não, não queremos criar um movimento jovem paralelo ao movimento espírita “adulto”, queremos trabalhar juntos, afim de que nosso orgulho e egoísmo não traga prejuízo à obra.

O Movimento Espírita é o que os espíritas fazem dele, ou seja, ele expressa a mentalidade dos espíritas. O Movimento não mudará se não mudar a mentalidade dos espíritas. Considerando esse fato, os espíritos já disseram que independentemente do que os espíritas fizerem, a Doutrina manterá sua posição e caminhará sempre. Por isso afirmamos que o Movimento Espírita precisa ser coerente e fiel aos princípios doutrinários.

O DM/USE é um dos departamentos da entidade federativa que coordena e representa o movimento espírita no estado de São Paulo, no Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira, e como patrocinadora da unificação em nosso estado, precisa atentar ao que dizemos, pois nosso posicionamento deixa de ser pessoal para se tornar institucional. Por isso a atenção com o que vai em nosso coração, em especial ao que sai da nossa boca.

A dificuldade de mudança reside no apego às ideias que temos a respeito do que fazemos e nas explicações que damos para justificar nossas ações. Pois bem, se é preciso justificar é porque elas, em si mesmas, são desprovidas de valor.

Em nossas reuniões e encontros do Departamento de Mocidade da USE já, há muito tempo, temos dito que não é “Movimento Jovem Espírita” ou “Movimento Espírita Jovem”, e sim um Movimento com o Jovem Espírita, com a juventude espírita fazendo parte e se sentindo parte do movimento.

Isso é o que queremos, isso é o que precisamos.

O protagonismo juvenil é legitimado na relação com as gerações que o antecederam, na relação de interdependência e solidariedade transgeracional. Quando se estabelece uma vinculação de independência, de separação, se estabelece uma dinâmica de universos separados, com qualificativos distintos, ou uma relação que qualifica de maneira negativa ou positiva os processos estabelecidos, onde as experiências passam a ser significadas como sendo boas ou ruins e não entendidas como processos que se relacionam e se completam mutuamente.

O mesmo percebíamos há alguns anos quando era comum os jovens do DM/USE se referiam a USE como “USE adulta”. Ainda hoje alguns remanescentes dessa época usam esse termo tentando fazer uma distinção, não por maldade, mas por força de hábito mesmo. Por isso, hoje também, se tornou um hábito frisarmos em nossas reuniões e encontros que a USE é uma só e que nós somos um dos Departamentos da USE, e não uma coisa a parte, independente.

Com esses esclarecimentos buscamos coerência entre nosso discurso e nossa prática, pois cada vez mais é preciso dizer o que queremos dizer.

 

 

Fonte:
http://www.usesp.org.br/site/artigos/?id=35

 



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