Após a histórica aprovação
e publicação das Diretrizes para Ações
da Juventude Espírita do Brasil, pelo CFN-FEB, muito
se tem falado sobre a importância do protagonismo juvenil.
Compartilhamos a ideia de protagonismo presente no referido documento,
porém reforçamos aqui que em nenhum momento fala-se
de independência, ao contrário, ao tratar de protagonismo
fala-se de “um tipo de relação pedagógica
que tem a solidariedade entre gerações como base,
a colaboração educador-educando como meio e a autonomia
do jovem como fim”. Essa nova relação de aprendizado
é balizada por princípios novos e não pode
ser concebida dentro dos velhos padrões. Por isso, deixamos
clara a compreensão dos princípios que orientam essas
relações: solidariedade
como um princípio de conhecimento que se constrói
com o outro; colaboração
como um princípio de ajuda mútua; autonomia
como um processo construído em espaço de liberdade.
O convite é para fazer parte, somar
esforços, transformar juntos, e não criar espaços
independentes e desconexos.
Já diz a máxima evangélica:
“A boca fala do que está cheio o coração”,
e percebe-se o quanto desse sentimento separatista está presente
em nossa fala quando dizemos “Movimento Jovem Espírita”
ou “Movimento Espírita Jovem”. Será que
é isso mesmo que eu quero dizer? Será que é
isso mesmo o que eu quero? Não, não queremos criar
um movimento jovem paralelo ao movimento espírita “adulto”,
queremos trabalhar juntos, afim de que nosso orgulho e egoísmo
não traga prejuízo à obra.
O Movimento Espírita é
o que os espíritas fazem dele, ou seja, ele expressa a mentalidade
dos espíritas. O Movimento não mudará se não
mudar a mentalidade dos espíritas. Considerando esse fato,
os espíritos já disseram que independentemente do
que os espíritas fizerem, a Doutrina manterá sua posição
e caminhará sempre. Por isso afirmamos que o Movimento Espírita
precisa ser coerente e fiel aos princípios doutrinários.
O DM/USE é um dos departamentos
da entidade federativa que coordena e representa o movimento espírita
no estado de São Paulo, no Conselho Federativo Nacional da
Federação Espírita Brasileira, e como patrocinadora
da unificação em nosso estado, precisa atentar ao
que dizemos, pois nosso posicionamento deixa de ser pessoal para
se tornar institucional. Por isso a atenção com o
que vai em nosso coração, em especial ao que sai da
nossa boca.
A dificuldade de mudança
reside no apego às ideias que temos a respeito do que fazemos
e nas explicações que damos para justificar nossas
ações. Pois bem, se é preciso justificar é
porque elas, em si mesmas, são desprovidas de valor.
Em nossas reuniões e encontros
do Departamento de Mocidade da USE já, há muito tempo,
temos dito que não é “Movimento Jovem Espírita”
ou “Movimento Espírita Jovem”, e sim um Movimento
com o Jovem Espírita, com a juventude espírita
fazendo parte e se sentindo parte do movimento.
Isso é o que queremos, isso é
o que precisamos.
O protagonismo juvenil é legitimado na relação
com as gerações que o antecederam, na relação
de interdependência e solidariedade transgeracional. Quando
se estabelece uma vinculação de independência,
de separação, se estabelece uma dinâmica de
universos separados, com qualificativos distintos, ou uma relação
que qualifica de maneira negativa ou positiva os processos estabelecidos,
onde as experiências passam a ser significadas como sendo
boas ou ruins e não entendidas como processos que se relacionam
e se completam mutuamente.
O mesmo percebíamos há alguns anos
quando era comum os jovens do DM/USE se referiam a USE como “USE
adulta”. Ainda hoje alguns remanescentes dessa época
usam esse termo tentando fazer uma distinção, não
por maldade, mas por força de hábito mesmo. Por isso,
hoje também, se tornou um hábito frisarmos em nossas
reuniões e encontros que a USE é uma só e que
nós somos um dos Departamentos da USE, e não uma coisa
a parte, independente.
Com esses esclarecimentos buscamos coerência
entre nosso discurso e nossa prática, pois cada vez mais
é preciso dizer o que queremos dizer.