Resumo:
As ibejadas são entidades
infantis que, junto aos caboclos, pretos-velhos, exus e pombagiras,
habitam o panteão da Umbanda. Em uma gira de ibejada, doce
é comida, comida de Criança. Nos doces, funde-se o sabor
à qualidade, o substantivo ao adjetivo - os doces alimentam
e qualificam as entidades infantis e seus rituais.
Neste artigo, veremos como suspiros,
cocadas, frutas e bolos compõem um banquete que é minuciosamente
preparado para homenagear as Crianças, entidades que se caracterizam
pela alegria, pureza e doçura. Nas giras, a doçura não
é apenas uma qualidade dessas entidades. Ela tem cheiro, gosto,
sons, cores, textura, invadem nossas narinas e boca; e sentir toda
essa doçura é sentir as Crianças.
Morena Barroso Martins de Freitas
Antropóloga da Superintendência do Instituto
de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
em Sergipe e pesquisadora do Laboratório de Antropologia do
Lúdico e do Sagrado (Ludens/PPGAS/MN/UFRJ).
Doutora em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação
em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do
Rio de Janeiro.