Nas edições originais
e restauradas de “A Gênese” e “O Céu
e o Inferno”, recupera-se a ideia da autonomia do Espírito

Depois dos fatos comprovados pelos
documentos encontrados por Simoni Privato na Biblioteca e nos Arquivos
Nacionais da França demonstrando que a obra “A Gênese”
teve uma edição alterada após a morte do autor,
professor Rivail, também o livro “O Céu e o Inferno”
foi adulterado em sua quarta edição pelo mesmo motivo.
O advogado e pesquisador Lucas Sampaio, numa pesquisa minuciosa em
Paris, encontrou os documentos:
“Como minha primeira meta era
buscar os registros da quarta edição de “O Céu
e o Inferno”, entrei na sequência dos livros de depósito
legal do ano de 1869. No primeiro deles, que chegava à data
de desencarnação de Kardec (31 de março), nada
encontrei. Decidi avançar. Era tanta coisa a ler, com meticulosa
atenção, que decidi trabalhar sem a obrigação
de ter sucesso em encontrar todos os documentos. Vi que o importante
seria calma, desprendimento e concentração. Depois de
seis horas, estava consultando o terceiro livro, número 124.
Eles são numerados sequencialmente desde o número 1,
de 1810, quando Napoleão instaurou a censura. Foi nesse livro,
restando pouco mais de uma hora de trabalho desse primeiro dia, que
encontrei o depósito legal n. 5.819, da quarta edição
de “O Céu e o Inferno”, registrado em 19/7/1869,
à página 117 do documento F/18(III)/124”.
O resultado dessa ampla pesquisa está relatado na obra “Nem
Céu nem inferno – as leis da alma segundo o Espiritismo”,
publicado pela editora FEAL. Quando a notícia de que a publicação
da quarta edição não foi com Kardec em vida,
a União espírita francesa e francófona e a Confederação
Espírita Argentina, publicaram imediatamente a versão
original da primeira edição da obra respectivamente
em francês e em espanhol. A versão em inglês e
português sairão nos próximos meses. O movimento
espírita do mundo inteiro se mobilizou para restabelecer o
conteúdo original.
Allan Kardec, em trechos retirados, mas agora recuperados depois de
150 anos, diferencia a moral espírita, baseada na lei natural,
e a moral das religiões ancestrais:
“Na ausência de fatos apropriados para definir sua concepção
acerca da vida futura, os homens deram curso à sua imaginação
e criaram essa diversidade de sistemas de que compartilharam e que
compartilham ainda as crenças. A doutrina das penas eternas
está nesse número. Esta doutrina teve sua época;
hoje ela é repelida pela razão. Que colocar em seu lugar?”
O Espiritismo vai deduzir a moral pelo método científico,
afirma Kardec, por meio dos ensinamentos dos Espíritos Superiores
como também pelo diálogo com milhares de Espíritos
nas mais diversas situações da vida futura:
“As leis que daí decorrem são deduzidas apenas
da concordância dessa imensidade de observações;
esse é o caráter essencial e especial da doutrina espírita.
Jamais um princípio geral é retirado de um fato isolado
nem da afirmação de um único Espírito,
nem do ensinamento dado a um único indivíduo, nem de
uma opinião pessoal”.
Ou seja, baseados no senso comum, os dogmas foram
criados imaginando-se um Deus vingativo, castigando os Espíritos
por sofrimentos e privações tanto no mundo físico
quanto no espiritual. Uma condenação eterna para os
desobedientes!
O Espiritismo demonstra que todos
os Espíritos são perfectíveis pelo seu próprio
esforço, desde a primeira encarnação humana,
simples e ignorante, sem livre arbítrio nem responsabilidade
moral, que são conquistas graduais no esforço em milhares
de vidas. Desse modo, quando compreende o que é o mal e o bem,
surge a responsabilidade pelos atos. Quando o ato é de acordo
com a consciência, o sentimento íntimo é de felicidade.
Quando faz o mal, sente uma infelicidade, sofrimento moral que só
acaba quando o Espírito supera, de forma consciente, séria
e efetiva sua imperfeição, retornando sinceramente ao
bem, explica Kardec em trechos recuperados da edição
original.
Na vida futura, não há
um local destinado a fazer sofrer o Espírito culpado, pois
a infelicidade é um sentimento íntimo que o acompanha
onde for. Já o Espírito que age no bem é feliz
onde estiver. Tudo depende de nossas escolhas, e a felicidade é
o destino inevitável de todas as criaturas. Esse Universo,
reunindo mundo físico e espiritual, representa a esperança
para a humanidade. Compreendendo essas leis naturais, podemos compreender
nosso destino, e construir um caminho seguro para a paz no mundo.
Já está escrito em nosso destino: seremos felizes, pela
conquista de nosso esforço e mérito!