O artigo se propõe caracterizar historicamente
os traços duradouros que têm definido o modus vivendi
entre o campo católico e o campo político na Argentina
e no Brasil. Levando em conta que a radicação do catolicismo
na região se guiou pelas premissas do regime do padroado e
do modelo de cristandade, interessa analisar os processos que geraram
tendências divergentes no desenho institucional do catolicismo
nos dois países.
A especificidade da separação entre
Igreja e Estado no Brasil, contrastada com a simbiose experimentada
entre as duas esferas na Argentina, e as particularidades na gestação
e desenvolvimento das Conferências Episcopais – entrosada
na realidade social no caso brasileiro, ensimesmada na própria
hierarquia no caso argentino – , erguem-se como momentos históricos
significativos que ajudam a explicar os dissímeis caminhos
assumidos pelas instituições eclesiásticas de
ambos os países. Para além das disparidades enunciadas,
o transcorrer histórico da interação Igreja-Estado
refletiu um caráter ambíguo e contraditório.
Na justaposição entre uma gênese
intrinsecamente a-religiosa do Estado e a procura de legitimidades
extrapolíticas por parte das classes dirigentes, localizaremos
os eixos da trama de conivências e desavenças entre dois
campos irredutíveis, porém entrelaçados.
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