“E rogava-lhe muito, dizendo:
minha filha está moribunda: rogo-te que venhas e lhe imponhas
as mãos, para que sare, e viva”.
Marcos, 5:23
O passe tem dado lenitivo a uma verdadeira multidão de pessoas
que procuram ou são levadas aos centros espíritas.
A prática da terapêutica espiritual é executada
desde os primórdios da Humanidade e foi enfatizada pelo Cristo,
como nos fala Marcos no Capítulo V, versículo 23 de seu
Evangelho. Essa prática é conhecida fora do movimento
espírita nas “rezas”, “benzeduras”, nas
bênçãos sacerdotais, nos cânticos ou evocações
dos silvícolas, na prece das mães aflitas e de muitas
outras maneiras.
Aprendemos com a Doutrina dos Espíritos, que o passe
deve ser simples, tão simples quanto a imposição
das mãos sobre a cabeça do enfermo ou necessitado.
O passe é a transfusão de energias vitais do passista
- quando se trata de passes anímicos, e de energias espirituais,
quando se trata de energias doadas pelo plano espiritual. Pode,
também, ser, a soma das duas energias quando o passista e o plano
espiritual trabalham em conjunto. È isto que geralmente ocorre,
porque toda vez que alguém se dispõe a ajudar o semelhante
que necessita e o procura com o desejo de ser ajudado, o plano maior
entra em ação.
Vejamos o que nos diz a questão 176, item 2º. de “O
Livro dos Espíritos”: “A força magnética
pertence ao homem, mas é aumentada pela ajuda dos Espíritos
a que ele apela. Se magnetizas para curar, por exemplo, e evocas um
bom Espírito que se interessa por ti e pelo doente, ele aumenta
a tua vontade, dirige teus fluidos e lhes dá as qualidades necessárias”.
O mecanismo do passe é muito perfeito. Infelizmente surgiram
no meio espírita, criaturas e instituições que
“inventaram muita novidade” para se transmitir o passe.
Acreditamos que por ser muito simples a prática de socorro espiritual
e por ser a grande maioria da coletividade espírita - inclusive
os dirigentes - oriunda de outras religiões, acharam por bem
“inventar” alguns rituais para se transmitir o passe. Esqueceram-se,
como, ainda, até hoje, seus seguidores, mal informados, que no
Espiritismo não existem rituais de espécie alguma.
Há criaturas que freqüentam instituições espíritas
durante anos a fio e em toda reunião vão tomar o seu passe.
São os chamados “papa-passes”. Não sabemos
se são eles os mais necessitados ou os dirigentes dessas Casas
que não os esclarecem a contento em relação ao
passe, pois são muitos os que vão receber por simples
mania. Sabemos que há diretores de Centros Espíritas que
incentivam os freqüentadores da Casa, a tomarem passe em todas
as reuniões porque sabem que assim suas dependências estarão
sempre cheias. Olvidam esses confrades que o que vale é a qualidade
e não o numero de freqüentadores.
O passe é um recurso terapêutico. Sendo indicado,
portanto, quando a pessoa tem algum problema físico ou espiritual.
Aqueles que habitualmente tomam passe quando não precisam, faltam
com a caridade e com o respeito com o médium, aos Espíritos
e para com aqueles que estão realmente necessitados. Pois provocam
desgastes no médium, nos encarnados e desencarnados que dão
apoio e fornecem energias, o que leva a prejudicar também aqueles
que realmente necessitam.
Muito já se escreveu sobre o passe. Parece-nos que não
estamos acrescentando nada de novo e queira a Deus que ninguém
mais acrescente “novidades”, pois a Doutrina dos Espíritos
é muito simples, não precisando de fórmula alguma
para complicá-la. Por oportuno, lembramos do querido Deolindo
Amorim que costumava dizer: “O Espiritismo é uma Doutrina
que se basta a si mesma, sem empréstimos nem acréscimos
artificiais”.
Mas, apesar de todos os emaranhados que fizeram com o passe, uma verdadeira
multidão de encarnados e desencarnados é beneficiada por
ele, pois sabemos que é o Amor, esse sentimento maior que envolve
a todos e os beneficia. Importa-nos lembrar que o passe, como a prece,
não muda necessariamente as coisas, para nós, mas muda-nos
a nós em relação às coisas.
O Instituto de Difusão Espírita de Araras, SP, editou
o livro “Confia e Serve”, ditado por diversos Espíritos
aos médiuns Francisco Cândido Xavier e Carlos A. Bacccelli.
Essa obra, como a maioria dos livros espíritas, nos fornece subsídios
para ilustrar e esclarecer inúmeros assuntos. Tomamos como exemplo
os versos do querido Eurícles Formiga, ditados ao Baccelli:
De fato, os tempos são outros.
O progresso é natural.
Mas não percamos de vista
A pureza original.
Aqui paro e vou cantando,
Na estrada que me conduz:
Sou um espírita de ontem,
Com Kardec e com Jesus.
Até mesmo para passe
Inventaram novas formas.
Dizem que a Doutrina é livre
E vão prescrevendo as normas...
Você prescreve normas ou segue Kardec, que nos dá a chave
para entendermos melhor a Doutrina de Jesus?
Data: 01/11/2006
Livro: A revelação da Chave
Fonte:
http://www.omensageiro.com.br/artigos/artigo-178.htm
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