Todos os fundadores das grandes instituições
religiosas, que ainda hoje influenciam ativamente a comunidade humana,
partiram da Terra com a segurança do trabalhador ao fim do dia.
Moisés, ancião, expira na eminência do Nebo, contemplando
a Canaã prometida.
Sidarta, o iluminado construtor do Budismo, depois de abençoada
peregrinação entre os homens, abandona o corpo físico,
num horto florido de Kuçinagara.
Confúcio, o sábio que plasmou todo um sistema de princípios
morais para a vida chinesa, encontra a morte num leito pacífico,
sob a vigilância de um neto afetuoso.
E, mais tarde, Maomé, o criador do Islamismo, que consentiu em
ser adorado pelos discípulos, na categoria de imortal, sucumbe
em Medina, dentro de sólida madureza, atacado pela febre maligna.
Com Jesus, entretanto, a despedida é diferente.
O Divino Fundador do Cristianismo, que define a Religião Universal
do Amor e da Sabedoria, em plena vitalidade juvenil, é detido
pela perseguição gratuita e trancafiado no cárcere.
Ninguém lhe examina os antecedentes, nem lhe promove recursos
à defensiva.
Negado pelos melhores amigos, encontra-se sozinho, entre juízes
astuciosos, qual ovelha esquecida em meio de chacais.
Aliam-se o egoísmo e a crueldade para sentenciá-lo ao
sacrifício supremo.
Herodes, patrono da ordem pública, chamado a pronunciar-se em
seu caso, determina se lhe dê o tratamento cabível aos
histriões.
Pilatos, responsável pela justiça, abstém-se de
conferir-lhe o direito natural.
E, entregue à multidão amotinada na cegueira de espírito,
é preferido a Barrabás, o malfeitor, para sofrer a condenação
insólita.
Decerto, para induzir-nos à compaixão, aceitou Jesus padecer
em silêncio os erros da justiça terrestre, alinhando-se,
na cruz, entre os injuriados e as vítimas sem razão, de
todos os tempos da Humanidade.
Cristãos de todas as interpretações do Evangelho
e de todos os quadrantes do mundo, atentos à exemplificação
do Eterno Benfeitor, apartai o criminoso do crime, como aprendestes
a separar o enfermo da enfermidade!
Educai o irmão transviado, quanto curais o companheiro doente!
Desterrai, em definitivo, a espada e o cutelo, o garrote e a forca,
a guilhotina e o fuzil, a cadeira elétrica e a câmara de
gás dos quadros de vossa penologia, e oremos, todos juntos, suplicando
a Deus nos inspire paciência e misericórdia, uns para com
os outros, porque, ainda hoje, em todos os nossos julgamentos, será
possível ouvir, no ádito da consciência, o aviso
celestial do nosso Divino Mestre, condenado à morte sem culpa:
- “Quem estiver sem pecado, atire a primeira pedra”!
Fonte: Livro: Religião dos Espíritos.
Lição nº 50. Pagina 125.
Perguntas e Respostas de O Livro dos Espíritos. Reunião
pública de 10/07/1959 - Questão nº 760.
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