Toda ocorrência, na missão
de Jesus, reveste-se de profunda expressão simbólica.
Dificilmente o ataque de estranhos poderia provocar
o Calvário doloroso. Os juízes do Sinédrio, pessoalmente,
não se achavam habilitados a movimentar o sinistro assunto,
nem os acusadores gratuitos do Mestre poderiam, por si mesmos, efetuar
o processo infamante.
Reclamava-se alguém que fraquejasse e traísse
a si mesmo. A ingratidão não é planta de campo
contrário.
O infrator mais temível, em todas as boas
obras, é sempre o amigo transviado, o companheiro leviano e
o irmão indiferente.
Não obstante o respeito que devemos a Judas
redimido, convém recordar a lição, em favor do
serviço de vigilância, não somente para os discípulos
em aprendizado, a fim de que não fracassem, como também
para os discípulos em testemunho para que exemplifiquem com
o Senhor, compreendendo, agindo e perdoando.
Nas linhas do trabalho cristão, não
é demais aguardar grandes lutas e grandes provas, considerando-se,
porém, que as maiores angústias não procederão
de círculos adversos, mas justamente da esfera mais íntima,
quando a inquietação e a revolta, a leviandade e a imprevidência
penetram o coração daqueles que mais amamos.
De modo geral, a calúnia e o erro, a defecção
e o fel não partem de nossos opositores declarados, mas, sim,
daqueles que se alimentam conosco, nos mesmos pratos da vida.
Conserve-se cada discípulo plenamente informado,
com respeito a semelhante verdade, a fim de que saibamos imitar o
Senhor, nos grandes dias.