C. M. Duncan
> Reencarnação - Fatos ocorridos na India
A velha Índia, a terra em forma de coração
de belas mulheres vestidas de sari e belos homens com suas camisas
brancas sem colarinho, combinadas com os folgados dhotis, tem, como
parte integrante de suas crenças religiosas, a doutrina da
reencarnação. Os hindus vêem o tempo não
como um rio correndo, mas como um lago. Ondas ou ondulações
podem aparecer, mas o lago permanece imutável, para todo o
sempre.
A casta em que cada um nasce, dizem eles, é o resultado de
uma vida passada, e cada um renascerá em uma vida futura de
acordo com o seu comportamento nesta vida. Os hindus aceitam esses
fatos com a mesma confiança com que esperam o amanhecer de
um novo dia. Foi, no entanto, um choque para eles , e para todo o
mundo, quando encontraram em Shanti Devi a possível prova dessa
parte da filosofia intangível do hinduísmo.
Shanti Devi nasceu em 1926, na antiga capital da nação,
Delhi. O acontecimento foi alegre, mas não espetacular. Shanti
não desceu nas costas de um pavão, como Sarasvati, deusa
das artes criativas, nem foi trazida, como Parvati, por Siva cavalgando
um touro.
Sua família era remediada, mas nem de longe
rica como os marajás. Durante os primeiros anos de vida, Shanti
não foi mais que uma criancinha bonita e querida. Engatinhou,
aprendeu a andar e a falar. Quando chegou à idade de três
anos, seus pais se divertiam muito porque, repetidamente, ela falava
a respeito de seus maridos e seus filhos.
-
Ela vai se casar cedo - brincou
o pai - Precisamos ir preparando o dote. Até já
comprei uma pulseira de ouro para o dia das bodas.
-
Fico muito satisfeita com o que
ela diz, pois é uma prova que vê que somos felizes,
e quer ter uma vida igual à nossa - observou a mãe.
À medida que iam passando os meses, Shanti falava cada vez
mais sobre o "marido" e os "filhos". Sua teimosia
em se apegar àquilo, em vez de se interessar pelos assuntos
que dizem respeito às criancinhas, acabou preocupando os pais.
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