O que motivou este texto foi uma onda de criticas
que tenho visto sobre os cursos.
Antes gostaria de dizer que não há como
criticar o que não se conhece, o mínimo que se espera
para dar uma opinião sobre algo é conhecer o “objeto”
ao qual se quer “abordar”.
Podemos dizer que temos várias maneiras de
identificar grupos e subgrupos dentro da umbanda, hoje se fala inclusive
em escolas de umbanda, o que é uma realidade, como grupos que
tem uma certa ideologia e linha de raciocínio sobre a umbanda.
Também podemos identificar dois grandes grupos
dentro da Umbanda:
Um grupo que acredita no estudo umbandista e outro
que não acredita no estudo.
Para muitos o estudo na forma de curso é novidade,
já que hoje tivemos uma grande popularização
do conhecimento umbandista em forma de curso.
Poucos sabem que há muitos anos já
existem cursos voltados para a Umbanda e o precursor deste modelo
é Pai Ronaldo Linares, que ao meu ver é um exemplo de
Umbandista para todos nós, homem sério, integro, de
moral ilibada, humilde, acessível, atencioso, estudioso e um
dos que mais trabalhou em prol da Umbanda no Brasil e mais especificamente
em nosso estado. Haja visto o Santuário Nacional da Umbanda
(www.santuariodeumbanda.com.br) mantido por ele e por sua Federação
FUGABC, também exemplos de trabalho pela Umbanda e para Umbanda.
Rubens Saraceni é filho de Pai Ronaldo e mantém
o maior fluxo de Umbandistas em cursos regulares, seja de Desenvolvimento
Mediúnico, Teologia e Sacerdócio ou Magia Divina. O
numero de estudantes chama a atenção, mas se muitos
o procuram é porque algo se encontra ou é passado através
dele que agrade ou ajude de alguma forma as pessoas. Não é
só isso, Rubens Saraceni preparou e prepara muitos e muitos
(centenas) de ministrantes dos cursos acima citados, o que criou algo
que eu chamo de popularização do conhecimento que antes
era fechado e restrito para poucos, por vários motivos. Eu
mesmo me preparei com o Rubens, assim como tantos outros, e com ele
continuo me preparando já que temos a vida inteira para aprender,
muitos dos meus alunos já ministram cursos também, a
maioria dos que ministram cursos já tinham experiência
anterior com a Umbanda e quando não até vem de famílias
Umbandistas.
Posso dizer ainda que quando conheci o Rubens também
estava procurando respostas enquanto umbandista praticante e na época
já havia encontrado alguns “sacerdotes” que mais
nos confundiam e confundem por pregar e escrever uma coisa e praticar
outra e por tantas literaturas desencontradas. Também tive
minhas decepções até encontrar este irmão,
o Rubens, que nos esclareceu ainda em particular e na época
em pequenos grupos. Foram os mentores dele, Pai Benedito de Aruanda,
Pai Beira Mar e Pai Sete Espadas que o esclareceu que com o tempo
este conhecimento que vinha sendo passado a um pequeno grupo deveria
se expandir para beneficiar um numero maior de umbandistas. Assim
foi colocado pelos guias que o assistem:
“esta é a vontade do astral”,
em 1995, e ele não tinha nenhuma pretensão de ser ou
se tornar um líder ou algo parecido dentro da Umbanda, posso
falar tudo isso porque acompanhei todo o processo de perto, o tempo
todo o Rubens foi guiado, passo a passo ele consultava o astral e
o que posso dizer é que todos nós que estávamos
mais perto deste irmão vibramos muito com esta oportunidade
e nós todos, seus amigos também o incentivamos a ensinar,
ensinar e ensinar... aquilo que tanto nos faz bem que é a Umbanda.
Por isso tomo a liberdade de passar o texto abaixo, ainda faço
uma observação que hoje também estudo com Pai
Ronaldo Linares, por recomendação do próprio
Rubens Saraceni, Pai Ronaldo aprendeu o que ensina com Pai Zélio
de Moraes
“Cavem masmorras ao vicio, Levantem templos as virtudes”
Os Cursos de Umbanda são a única
forma de popularizar o conhecimento.
Houve tempo em que nada se ensinava sobre a religião de Umbanda,
muitos se justificavam dizendo que seus ensinamentos são um
segredo (eró), o praticante (médium , “cavalo
de umbanda”) permanecia aguardando o momento em que “O
Segredo” poderia se abrir a ele. Ao questionar sobre os ensinamentos
ou sobre algum fundamento era comum ouvir a frase: “Você
ainda não está pronto ou ainda não é o
momento de você saber sobre isso”.
O fato é que muitos foram preparados (ou “despreparados”)
desta forma dentro da Umbanda, muitos ouviram estas frases a vida
inteira e hoje apenas fazem repetir a mesma frase, acompanhada de
um ar de mistério e olhar inquisidor, para os que estão
sob a sua orientação (ou “desorientação”).
Conhecemos muitos médiuns que não sabem
explicar a relação entre Santos Católicos e Orixás
existente na Umbanda, seja ela de Sincretismo ou de Co-participação
no culto a Deus, suas divindades e seus mensageiros. Outros fazem
confusão entre o que é um Orixá como Oxalá
e Deus, que pode ser chamado de Zambi, Tupã, Olorun ou Olodumarê.
Confunde-se ainda os conceitos e dogmas católicos com os fundamentos
de Umbanda. Muitos batem cabeça e não sabem porque estão
fazendo isso, sacerdotes que não tem segurança ou não
entendem mesmo o porque se realizar rituais de batizado, casamento
e encomenda fúnebre. Confunde-se Umbanda, Candomblé
e Espiritismo (Kardecismo). Encontram-se ainda perdidos sem saber
como se classificam ou se devem se classificar como Umbanda Branca,
Umbanda Mista, Umbanda Trançada, Umbanda Esotérica,
Umbanda Iniciática, Umbanda Carismática, Umbanda de
Raiz, Umbanda Omololô, Umbanda de Caboclo e Umbanda para todos
os gostos.
O primeiro curso aberto para formação
de Sacerdotes de Umbanda é o tradicional curso da Federação
Umbandista do Grade ABC, ministrado por Pai Ronaldo Linares desde
a década de 70 e que hoje está na 25ª Turma (25°
Barco), nos conta pai Ronaldo que convivendo com Zélio de Moraes
(Fundador da Umbanda) entendeu que esta era uma vontade dele também,
preparar sacerdotes que possam representar a religião e ainda
passar a eles todos um conhecimento uniforme e aberto. Este é
um curso ministrado com uma aula mensal que costuma ser o primeiro
sábado de cada mês.
Pai Jamil Rachid também mantém na União
de Tendas de Umbanda e Candomblé os cursos de Batizado, Casamento
e Funeral, aberto aos que venham a se interessar e ministrado também
de final de semana, pois assim facilita aos que venham de longe para
estudar e se preparar parta os rituais de Umbanda.
Muitos outros também ministram cursos de Umbanda
baseados em seus conhecimentos como o irmão Waldir Persona
da Frecab, a maioria das Federações mantém cursos
para seus filiados.
Apesar da Umbanda ser uma religião aberta,
muitos umbandistas sofreram influencias do ocultismo e esoterismo
europeu, que zela pelo segredo, entraram assim na umbanda também
em alguns seguimentos um estudo considerado fechado ou ainda o conceito
de ocultar os ensinamentos. Muitos também ocultaram os conhecimentos
por pressão da sociedade, pela repressão e preconceito
que a Umbanda sofreu, muitos não apenas ocultaram sua identidade
de umbandista como também toda e qualquer informação
sobre ela.
Aos primeiros podemos dizer que segredo só
é segredo quando apenas um o conhece, de outra forma é
noticia, assim nos mostra os livros que foram publicados sobre umbanda
ao longo dos tempos, inclusive de autores que beberam em fontes que
não tinham interesse de publicá-las, mas logo aparece
um espertinho, absorve “o segredo alheio” e publica, nem
sempre citando a fonte de origem.
Ao segundo grupo precisamos lembrar que não
há motivos para nos esconder ou esconder nossa religião,
temos que assumir “O Orgulho de ser Umbandista”.
Os tradicionalistas acostumados com “O Segredo”
ainda pensam que:
“São muitos os chamados e poucos os escolhidos”
Sendo assim quanto menos Umbandistas melhor, “sou
um dos poucos”, quanto menos umbandistas esclarecidos melhor,
“sou um dos raros a ter informação sobre a umbanda”...
Triste realidade, convivemos ainda hoje com um terceiro
grupo que até ontem pregavam “o segredo”, hoje
querem ensinar e não sabem para quem, mas de qualquer forma
pregam que “todos são iguais, mas só nós
temos a verdade”, criticam a tudo e a todos e se dizem universalistas.
Mas a grande maioria está sedenta de conhecimento,
pois “o saber é luz e a ignorância é trevas”.
Por tudo isso devemos estudar Umbanda, estamos na
era da informação, a nova geração não
aceita mais respostas redundantes, a fuga ou o esconder-se atrás
de frases, “caras e bocas”. Não sabemos o que é
pior a soberbia ou a falsa modéstia, de qualquer forma a soberba
atrai os soberbos e a falsa modéstia é algo que mais
dia menos dia cai por terra.
“Estudar é preciso” e é
urgente em nossa religião, tanto para popularizar o conhecimento
quanto para termos Umbandistas melhor preparados para estes novos
tempos, onde uma criança entra na internet e em alguns dias
de pesquisa pode se mostrar mais informada que você ou eu em
qualquer assunto, no entanto faltará a esta criança
a experiência, a maturidade e ou O Bom Senso.
Portanto podemos e devemos preparar melhores médiuns,
com cursos, sim senhor!
No entanto não temos como evitar que um médium
que tenha estudado e até se dedicado faça alguma besteira,
pois isto é do ser humano, mas ainda assim aquele que estuda
tem menos chance de errar.
Outros ainda dizem que os cursos ou o conhecimento
podem interferir durante os trabalhos mediúnicos, mas não
pararam para pensar que quem se permite interferir com o conhecimento
também se permitirá interferir com a ignorância,
portanto o risco de interferir com novas informações
é idêntico as interferências com velhas informações
e distorcidas informações.
Nada justifica a ignorância com os fundamentos
de sua religião, nada justifica o não estudar, nada
justifica esta paralisia mental e até espiritual, pois espíritos
evoluem e estudam ou alguém pensa que caboclo e preto velho
nunca estudaram para fazerem o que fazem e receitarem o que receitam.
“_ Há, mas é o meu guia que tem que saber da coisas
(de umbanda) eu não preciso saber de nada”
Esta é uma verdade parcial, pois mesmo que
não se tenha nenhuma informação, mas uma boa
incorporação os guias realizam um bom trabalho. Mesmo
no mais “ignorante” um sábio pode se manifestar,
desde que tenham afinidades de objetivo, que pode ser o objetivo de
ajudar ao próximo. Neste caso temos a umbanda como um fenômeno
que “eu não sei de nada”, mas para tê-la
como religião precisamos estudar e muito.
Muitos se perguntam o que pensam os guias sobre tudo
isso?
Em torno de 1995 mentores “de umbanda”
e “da Umbanda” manifestaram ao médium Rubens Saraceni
a necessidade de ir de encontro a estas necessidades, Rubens já
vinha recebendo informações deles pela psicografia a
muitos anos, juntando dezenas e dezenas de livros que vinham sendo
publicados. Ele mesmo já tinha feito o curso de Sacerdócio
na FUGABC com seu Pai Ronaldo Linares e agora recebia uma missão
popularizar o conhecimento aberto e irrestrito a todos que quisessem
estudar sobre a umbanda. Explicam os mentores que Umbanda não
tem nada a esconder, precisamos multiplicar os ensinamentos e o conhecimento,
nada seria segredo tudo seria revelado, explicado e fundamentado.
O que aconteceu é que surgiu então o
curso de Teologia de Umbanda Sagrada o primeiro curso aberto desta
forma e com esta proposta.
12 anos depois é um fato o quanto este curso
vem ajudando aos Umbandistas.
Também foi por iniciativa do astral que o Rubens
abriu o curso de Magia do Fogo, seguido de outras Magias (hoje já
foram abertas 14 Magias), Sacerdócio Umbandista e Desenvolvimento
Mediúnico.
Este é o nosso mundo, esta é a nossa
realidade, quando queremos conhecer e nos preparar para algo, nos
dedicamos, estudamos, lemos bons livros e procuramos cursos que nos
instruam. Para nos instruir procuramos a quem melhor possa fazê-lo,
algumas pessoas dedicam boa parte da suas vidas a ensinar o que sabem,
a nós resta ir de encontro a estas pessoas.
Já diz um adágio popular que: “Quando
o discípulo está pronto o mestre aparece” também
podemos dizer que “Quando o Mestre está pronto muitos
discípulos aparecem” como ensiná-los sem cair
no risco de escolher uns poucos e dispensar ou outros? Afinal quem
são os escolhidos? Eu digo: “Todos são chamados
e escolhidos são os que se dedicam”. Pois os cursos estão
abertos a todos que se dedicam, venham todos estudar, estudem de tudo
que puderem, desde Doutrina Umbandista, Manipulação
de Ervas, Magia, Teologia, Sacerdócio até o que conseguirem
dentro e fora da Umbanda, usemos nosso bom senso, a ética e
um bom filtro.
Que cada um de nós avalie o que é bom,
mas que avalie estudando, pois como avaliar o que não se conhece?
Muitos de nós nos perguntamos o que fazer pela umbanda e para
a umbanda além de nossos trabalhos no terreiro, o que fazer
pela umbanda enquanto religião?
Eu digo que primeiro devemos fazer por nós,
enquanto umbandistas, devemos estudar e nos esclarecer para sermos
formadores de opinião sobre nossa religião. Depois devemos
sim nos esforçar em esclarecer o que é Umbanda, multiplicar
as informações sobre Umbanda.
Portanto Estudar Umbanda é um começo,
um meio e um destino.
Cursos de Umbanda são essenciais, pois o estudo
dentro do terreiro é fundamental para a evolução
daquela casa, mas os estudos fora do terreiro são fundamentais
a evolução e futuro da religião. Estudo aberto,
que fale de fundamentos de forma simples e que explique o trabalho
que já fazemos, não precisamos mudar nosso trabalho
mediúnico espiritual, apenas entender melhor o que é
a Religião de Umbanda, entender melhor o que estamos fazendo
aqui, qual o nosso papel.
PS.: A grande reclamação
dos umbandistas é que não tinha estudo, esclarecimento
e nem abertura de diálogo sobre suas práticas e fundamentos.
Estudo nunca é demais...
“Estudem... Estudem... Estudem... UMBANDA!!!”
Alexandre Cumino