No capítulo V, item 18 de O
Evangelho Segundo o Espiritismo, o Espírito Lacordaire
nos diz que “o fardo é proporcional às forças,
como a recompensa é proporcional à resignação
e à coragem”. Estamos na vida para nos ajustarmos diante
da Lei de Deus ou concluir a depuração e, nos dois casos,
o resultado é o crescimento espiritual.
Para alcançar o resultado, é necessário passar
pelas provas. Os fardos são as provas que nos desafiam a agir,
e cada um recebe os fardos de acordo com as possibilidades de suportar.
Aquele que se resigna não se revolta.
A resignação é responsável pela calma
necessária para analisar o objetivo a ser alcançado
em cada etapa da luta. É a resignação que nos
dá o equilíbrio para aceitarmos ser desafiados pelas
circunstâncias da vida. E é por isso que Kardec nos diz
que “a calma e a resignação, adquiridas na forma
de considerar a vida terrestre e na fé no futuro, dão
ao
espírito uma serenidade” (...) (cap. V, item 12).
A revolta diante dos desafios nos impede de tirarmos o aproveitamento
necessário para alcançarmos os resultados propostos.
Não estamos sozinhos nesse processo de amadurecimento, temos
os espíritos protetores
que caminham conosco, amparando, sustentando quando pensamos que não
temos forças para seguir adiante. Eles nos inspiram, dão
conselhos, nos orientam, mas, para que possamos perceber esse apoio,
precisamos acalmar e silenciar nossas mentes. Quando o mar está
agitado, dizemos que ele está revolto, e nesse momento não
conseguimos escutar a brisa soprar. Assim somos nós. Quando
estamos revoltados não conseguimos escutar os amigos encarnados
que tentam nos acalmar e muito menos percebemos o auxilio e as orientações
dos amigos espirituais.
Quando temos a confiança nesse amparo superior, desenvolvemos
a coragem que nos impulsiona para frente. Quando estamos receosos
de ir resolver algum problema e um amigo segura a nossa mão
e nos diz que irá conosco e estará ao nosso lado, isso
nos enche de coragem. Então, que possamos nos encorajar com
a certeza de que temos esses amigos designados por Deus a nos acompanhar;
a certeza que temos um Pai que nos ama infinitamente e que tudo o
que acontece conosco tem sua aprovação; e que tudo o
que ele aprova tem por objetivo um processo educativo que irá
nos fazer crescer.
Kardec nos diz “que Jesus queria que os homens fossem a ele
com a confiança desses
pequenos seres de passos vacilantes” (...) (cap. VIII, item
18).
Se pensarmos na criança quando está aprendendo a andar,
quando ela vê os braços abertos do Pai à sua frente,
ela se anima de força e coragem e caminha, com passos vacilantes
sim, mas confiante de que, se cair, terá os braços do
Pai a segurá-la.
Lacordaire, ainda neste item de O Evangelho Segundo o Espiritismo,
também nos fala que “O desânimo é um erro”.
Temos uma ferramenta importantíssima para combater esse desânimo.
A prece. É a prece que nos faz entrar em contato com as forças
superiores. Além disso, Lacordaire também nos orienta
que “a prece é um sustentáculo para a alma, mas
não é suficiente, é preciso que ela seja apoiada
sobre uma fé viva na vontade de Deus”.
Que possamos caminhar na direção de Deus, ainda que
com passos vacilantes, mas confiando nesse Pai que nos ama imensamente,
e que confia que somos capazes de avançar, porque afinal, ele
sabe o limite das nossas forças. Cabe a nós termos essa
vontade firme de seguirmos, com bom ânimo, aceitando os desafios
da vida, buscando os meios de superá-los e tirarmos deles as
lições necessárias que nos ajudarão a
passar para uma nova etapa do nosso progresso.
Referências
Bibliográficas:
O Evangelho Segundo o Espiritismo,
cap. V, item 18