Muitos de nós afirmamos que
perdoar é a conquista mais difícil de fazer! Será
que é por isso que Jesus deixou esse sentimento como o último
exemplo para nós? Mesmo sendo agredido e machucado, fisicamente
e moralmente, olhou para o céu e disse: Pai, perdoa-lhes,
porque não sabem o que fazem! (Lucas,
23:34.)
Jesus nosso guia e modelo; conforme está descrito em O
Livro dos Espíritos, na questão 625; demonstrou
na prática que é possível aprendermos a perdoar.
Então, vamos pensar sobre os motivos para desenvolvermos o
perdão?
Quando alguém nos ofende, temos o costume de dizer que a pessoa
sabia muito bem o que estava fazendo. Por essas palavras de Jesus,
concluímos que nem sempre é assim. Só conhecemos
a consequência dos atos com a experiência. Estamos na
escola da vida para nos aperfeiçoarmos, esse processo se dá
por tentativas que podem ter como resultados o erro ou o acerto. Logo,
iremos machucar, ofender, magoar os irmãos que caminham conosco,
bem como seremos ofendidos por eles. Isso faz parte da aprendizagem.
O perdão também faz parte desse processo.
Outro dia uma companheira disse: Quando vocês falam no estudo
parece tão fácil perdoar, mas na prática não
é bem assim!
Vamos então aprender com Kardec o porquê da nossa dificuldade:
No capítulo X, item 4, ele nos diz que a misericórdia
é o complemento da brandura e consiste no perdão das
ofensas, e que não perdoar é próprio de uma alma
“sempre ansiosa, de uma sensibilidade sombria e cheia de
amargura (...)” e que aqueles que sentem “(...)
Ódio e o rancor demonstram uma alma sem elevação
e sem grandeza. Daí entendemos que no nível evolutivo
que nos encontramos, espíritos em processo de aperfeiçoamento,
ainda não somos elevados. Entender isso é muito importante
para nós, porque como somos muito orgulhosos ainda, fazemos
uma avaliação elevada de nós mesmos e esse equivoco
faz com que cobremos comportamentos além da nossa capacidade,
exigimos muito de nós mesmos e dos outros, somos severos demais
ao apontar os erros e dessa forma não conseguimos ser brandos,
pois a brandura é própria das almas elevadas, que “é
calma, plena de mansidão e caridade”. Por isso temos
dificuldade em perdoar.
Outro conhecimento importante para não deixarmos o orgulho
nos atrapalhar, é entender que quando perdoamos não
estamos desobrigando o ofensor de se reajustar com a Lei. Não
temos esse poder. Somente Deus pode avaliar a necessidade, a forma
e o tempo para o reajuste. Perdoar é evitar que nos percamos
pelos caminhos da mágoa; do rancor e da vingança; é
não nos ligarmos ao ofensor no seu processo de ajuste e não
nos tornarmos obsessores, atrapalhando e atrasando o caminho do outro
e o nosso. Por outro lado, quem ofendeu estará liberto para
se arrepender e prosseguir.
Outro motivo que temos para nos esforçarmos a perdoar está
no próprio mecanismo da lei de Justiça. Por sermos espíritos
rebeldes à Lei de Deus, fomos atraídos para um mundo
de provas e expiações para que em contato com nossos
vícios, dos quais somos as primeiras vítimas, acabamos
por compreender através dos inconvenientes que eles nos proporcionam
e, por isso, somos submetidos ao método do contraste. Temos
a necessidade do mal para sentirmos o bem, ou seja, experimentando
o que é ruim valorizamos o que é bom, conforme aprendemos
nos capítulo III, item 11 e capítulo VIII, item 14.
Portanto, em sua bondade, misericórdia e justiça, Deus
nos dá oportunidade de transitarmos pela vida, em contato com
esses irmãos que são “(...) os instrumentos
de nosso sofrimento” e nos submetem à prova, conforme
nos ensina um espírito amigo no capítulo IX, item 7.
Então, para que passemos na prova, vamos começar o treinamento?
Antes de qualquer coisa, precisamos estudar os capítulos das
bem-aventuranças do Evangelho. Pois não tem como ser
misericordioso sem desenvolver a humildade, ser simples e puro de
coração, ser afável e doce, paciente, obediente
e resignado.