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Deise Cravo

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“Perdoar as ofensas é mostrar que se está melhor”.
Apóstolo Paulo

 

No item 15 do capítulo X de O Evangelho Segundo o Espiritismo, o Apóstolo Paulo nos diz que “o esquecimento completo e absoluto das ofensas é próprio das grandes almas”.

Então, se o esquecimento é próprio das grandes almas eu não preciso me preocupar com essa questão? Afinal ainda não sou uma grande alma!

A esse questionamento o próprio Apóstolo nos responde. No mesmo item ele nos diz que “perdoar as ofensas é mostrar que se está melhor;...” Logo o que ele quer dizer é que conforme formos aprendendo a perdoar, cada dia seremos melhores.

Por isso, Kardec nos ensina os passos para a construção dessa virtude que devemos, aos poucos, desenvolver em nós. Ele nos diz que devemos tratar o outro que nos ofendeu com delicadeza mesmo que ele tenha culpa. Mais, muitas vezes, nos orgulhamos ao dizer que não levamos desaforos para casa; que não podemos engolir sapos; que não dá para ficar calado diante das ofensas porque senão passamos mal. Precisamos mudar essa ideia.

E como chegamos à conclusão de que a culpa é do outro?

Paulo também nos faz pensar sobre essa questão ao dizer: “Quem sabe se, nessa luta que começa por uma insignificância e termina por um rompimento, não fostes vós que desferistes o primeiro golpe? Se uma palavra ofensiva não escapou de vós? Se usastes de toda a moderação necessária?”... Dessa forma ele nos convida a avaliarmos as nossas atitudes, porque somos especialistas em julgar os outros e sempre encontramos justificativas para nos absolver de qualquer ofensa que cometemos. E nesse aspecto Kardec ensina uma receita que seria nos transportarmos para fora de nós, e nos perguntarmos o que pensaríamos se alguém agisse assim como estamos agindo. Este o grande ensinamento do Cristo que diz: ”vedes uma palha no olho do vosso irmão e não notais uma trave que está no vosso olho”.

Então se percebemos que o outro nos ofendeu teremos uma grande oportunidade de praticar o perdão. Mais temos muitas dificuldades de perdoar, e o orgulho é o grande vilão. Por causa dele achamos que temos o poder de absolver o outro das consequências dos seus atos. Isso é um grande equívoco. Perdoar é para o nosso bem. É uma proteção para não desejarmos o mal do outro, não trazermos à tona o sentimento de ódio ou nos entregarmos à vingança. Aquele que cometeu algum ato que traga prejuízos para outros se compromete com a Lei de Deus e deverá a seu tempo se reajustar, e ao perdoar não colocamos mais peso nesse comprometimento e não estaremos envolvidos nesse processo de reajuste e, dessa forma estaremos dando um passo adiante no nosso progresso.

Então, como está nosso desempenho no processo do perdão? Podemos dizer que já sabemos perdoar pequenas faltas? Quando perdoamos sentimos o coração mais aliviado? Pois é assim que vamos percebendo que perdoar nos faz bem; e mais adiante esqueceremos as ofensas sofridas; e mais à frente não nos ofenderemos mais. É quando teremos desenvolvido a indulgência nascida da compreensão da imperfeição que todos nós ainda possuímos.

Ser indulgente não quer dizer que devemos fechar os olhos para os defeitos dos outros, sermos coniventes ou omissos. É saber não colocar o peso dos nossos julgamentos, censuras ou críticas. É não se sentir ofendido com as ações dos nossos irmãos que como nós estão aprendendo com as experiências através dos erros e acertos, que estão desenvolvendo o discernimento entre o bem e o mal. É saber que nesse processo, rumo à nossa ascensão moral, iremos confrontando com as nossas imperfeições e a de nossos semelhantes.

Referências Bibliográficas:

O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. X

 

 

 

Fonte: Revista CELD de Estudos Espíritas
> https://celd.xyz/wp-content/uploads/09-Revista_CELD_Setembro_2017.pdf

 

 

 

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