Nas reuniões públicas,
evangelizações, entre outras atividades, sempre costumamos
perguntar aos participantes quem está chegando pela primeira
vez na casa Espírita. Para aqueles envolvidos no anonimato
ou na timidez, a resposta costuma acompanhar o constrangimento natural.
Outras pessoas já se sentem prestigiadas, pois identificam
ali um primeiro sinal de acolhimento da casa em que estão sendo
recebidas.
E acolhimento é o que esperamos
para nos ajudar a buscar as soluções para os diversos
problemas que assolam a nossa vida. Alguns procuram a cura de suas
doenças; outros, mensagens de pessoas queridas desencarnadas;
outros, ainda, para sanar a curiosidade sobre fenômenos desconhecidos;
para pedir por alguém; se livrar de uma aflição;
das drogas; do alcoolismo; para ganhar cestas básicas; porque
vê ou escuta “alguma coisa” diferente…Enfim,
a lista é extensa, mas plenamente compreensível para
quem precisa de apoio.
Assim, acolhidos e confiantes em resolver
todas as nossas questões, costumamos depositar nos trabalhadores
das casas a responsabilidade pela solução de nossos
problemas. Algumas pessoas chegam até a crer que das mãos
dos colaboradores e médiuns surgirá uma receita espiritual
que irá curar todas as mazelas pelas quais estamos sujeitos.
Mas, por vezes, esquecemos que o principal não está
só nas mãos dos que nos recebem, mas sim, dentro de
nós mesmos.
Certamente as casas Espíritas
proverão a ajuda necessária e até mesmo, conforme
o caso, algumas propostas poderão atender plenamente o nossos
anseios de resolver as turbulências. Mas sempre devemos lembrar
de que a causa de muitas de nossas atribulações residem
no nosso “eu”. Somos nós que contraímos,
na linha de nossas encarnações, os débitos que
nos são cobrados na vida atual. Buscar a solução
do efeito nem sempre significa corrigir a causa.
Se, por exemplo, vamos ao Centro procurar
uma forma de nos livrar da influência de “maus espíritos”,
primeiramente, temos que nos desvencilhar das conexões que
criamos. E que também nos mantém em sintonia com entidades
perturbadoras. Assistir à reunião pública, receber
um passe, comparecer ao atendimento fraterno poderá nos dar
aquela sensação de conforto. Mas não surtirá
efeito se as atitudes pregressas que desencadearam os transtornos
voltarem a serem praticadas ao sair do Centro.
Alguns, antes de ir à casa
Espírita, estão em meio a uma psicosfera negativa, cultivando
dentro si o pessimismo, o egoísmo, o mau humor, a injúria,
e tantos outros “plugues mentais” (como diz Divaldo P.
Franco) que permitem acesso às entidades perturbadoras. Chegando
ao Centro, recebem o apoio e sentem-se “curados” ou “encaminhados”
para a cura. Contudo, voltando às suas casas, deixam a mente
e o coração se entorpecerem novamente na dor.
As máximas do Cristo são
sementes lançadas a todos indistintamente. No entanto, devemos
criar em nós as possibilidades para que estes germens de amor
possam crescer e se tornarem frondosas árvores de luz. Seja
em um centro Espírita ou em quaisquer outras religiões
que se mantenham nos sublimes propósitos do Divino Mestre,
devemos estar sempre abertos a não só ouvir, como também,
a por em prática em nossas vidas os ensinamentos divinos.
Isto não significa nos tornarmos
perfeitos da noite para o dia, mas sim, aumentarmos a vigilância
em nossos pensamentos e atitudes para que eles não sejam portas
de entrada para as influências das sombras que se comprazem
em nos perturbar.
Se, no entanto, formos capazes de
fazer a nossa reforma íntima e ainda assim perdurarem os nossos
sofrimentos, não entremos em estado de desânimo. Deus
nunca nos desampara! Se algum mal nos aflige material ou moralmente,
é provável que sua raiz encontrar-se-á nos mecanismos
de causa e efeito os quais nos propusemos antes do berço a
resgatar nesta encarnação.
Assim, leitor amigo, seguem algumas
sugestões de como chegar em um Centro Espírita e usufruir
da melhor forma possível dos bens espirituais que estão
à nossa disposição. Certamente, os comentários
a seguir não têm a pretensão de esgotar todo o
assunto, e muito menos constituir um código a ser seguido.
Mas esperamos que possam, de alguma forma, ser úteis.
Em primeira mão, antes de se
dirigir a casa procure entender os motivos que o levam até
ao Centro. Conhecer um pouco mais de si o ajudará a entender
os motivos e melhor buscar as soluções. Não é
necessário parar, efetivamente, para fazê-lo. Minutos
de reflexão no percorrer do caminho poderão ser suficientes
para elucidar questões interiores.
Se possível, procure elevar
as ações e sentimentos a padrões mais elevados.
Chegar estressado em um Centro dificultará a sua possibilidade
de entrar em sintonia com os trabalhos conduzidos pela casa.
Da mesma forma, procure chegar no
horário dos trabalhos, “sem provocar alaridos e perturbações”
(Espírito André Luiz, do livro
Conduta Espírita, psicografado por Waldo Vieira). Toda
a casa Espírita que se mantém em reta conduta é
um ponto de apoio material e espiritual. Espíritos mais elevados
e os mentores dos trabalhos sempre estarão nos horários
previstos dispondo dos recursos espirituais para manter a condução
das atividades. Isto não significa que não seremos amparados
em outros horários. Mas o cumprimento do horário exercita
a necessária disciplina que nos mantém nos trilhos do
progresso moral e intelectual.
Não critique, reclame ou reprove
as atitudes dos outros. Faça a sua parte. Todos nós
somos enfermos em um mundo de provas e expiações. Estamos
sujeitos a erros, falhas e não somos perfeitos. Se receber
uma palavra mal colocada ou a ausência de um sorriso, faça
o contrário. A sua ação de exemplo, em algum
momento, far-se-á notar para aquele que olvidou do tratamento
evangélico.
Evite conversas que não sejam
edificantes, bocejos exagerados, alaridos que perturbem a ordem do
lar da oração. Comportamentos inadequados podem prejudicar
a sintonia do ambiente envolvida na luz de benfeitores.
Procure usar roupas adequadas à
sobriedade do ambiente. Despertar a atenção de outros
para modismos ou exacerbações de ordem sexual não
se aplica a nenhum ambiente onde o amor fraterno, a luz e a simplicidade
devam ser compartilhadas.
Ceda lugar aos mais necessitados.
Mesmo que esteja na sua vez, a sua compreensão em atender o
que se encontra em pior situação já será
um gesto de caridade e prova que você também é
capaz de germinar as sementes do Evangelho em si mesmo.
Antes de questionar sobre os conceitos
doutrinários apresentados, avalie e estude. Ninguém
pode julgar uma religião ou outra se não entender plenamente
os seus conceitos. Lembre-se de que em nenhum momento o Mestre Jesus
falou da religião A, B ou C. Suas palavras sempre tiveram por
base o amor universal.
Por fim, não critique as condições
materiais do Centro. Uma Casa Espírita não tem a finalidade
de se tornar um templo suntuoso e imenso. Suas estruturas são
mantidas, geralmente, por poucos voluntários os quais nunca
são exigidos dos valores com os quais contribuem. O importante
em um Centro é levar o amor e a caridade por meio da simplicidade.
Lembre-se de que Jesus não nasceu em um trono forjado em riquezas
materiais. Escolheu uma manjedoura.
“Seja alegre, justo e agradecido.
Jamais imponha o seu ponto de vista. Lembre-se de que o mundo não
foi feito apenas para você” (Espírito André
Luiz, do livro Agenda Cristã, psicografado por Francisco Cândido
Xavier).
Seja bem-vindo!