Trata-se de lutar contra um adversário; ora,
quando dois homens lutam corpo a corpo,
é o que tem músculos mais fortes que derruba o outro.
Com um Espírito é preciso lutar, não corpo a
corpo, mas Espírito a Espírito, e é
ainda o mais forte que o domina; aqui a força está na autoridade que se pode
tomar sobre o Espírito, e esta autoridade está subordinada
à superioridade moral.
A superioridade moral é como o Sol, que dissipa o nevoeiro
pelo poder de seus raios. Esforçar-se por ser bom, tornar-se
melhor se já se é bom, purificar-se de suas imperfeições,
em poucas palavras, elevar-se moralmente o mais possível, tal
é o meio de adquirir o poder de dominar os Espíritos
inferiores para afastá-los. (O Livro
dos Médiuns, nº 252 e 279)
Certas pessoas preferem, sem dúvida, uma receita mais fácil
para afastar os maus Espíritos: algumas palavras a dizer ou
alguns sinais afazer, por exemplo, o que seria mais cômodo do
que se corrigir de seus defeitos. Não conhecemos nenhum
outro procedimento mais eficaz para vencer um inimigo do que ser mais
forte do que ele.
É preciso, pois, se persuadir de que não há,
para alcançar esse objetivo, nem palavras sacramentais,
nem fórmulas, nem talismãs, nem quaisquer sinais materiais.
Antes de esperar domar os maus Espíritos, é preciso
domar a si mesmo. De todos os meios de adquirir a força para
a isso chegar, o mais eficaz é à vontade secundada pela
prece, a prece de coração, entenda-se, e não
de palavras às quais a boca tem mais parte que o pensamento.
É preciso chamarmos nosso anjo guardião e os bons
Espíritos; para nos assistirem na luta; mas não
basta lhes pedir para expulsarem os maus Espíritos, é
preciso nos lembrarmos desta máxima: ajuda-te e o céu
te ajudará; e pedir-lhes, sobretudo, a força
que nos falta para vencer os maus pendores que são para
nós piores que os maus Espíritos, porque são
esses pendores que os atraem, como a corrupção atrai
as aves de rapina. Pedindo também pelo Espírito obsessor
é retribuir-lhe o bem para o mal, e se mostrar melhor que
ele, o que já é uma superioridade.
Com a perseverança acaba-se, o mais frequentemente,
por levá-lo a melhores sentimentos, e de perseguidor dele fazer
um devedor.