De acordo
com o autor, seu singelo ensaio sobre o que ele denominou de
mediunidade dos santos teve por objetivo oferecer, no espírito
de amor à verdade, alguns subsídios ao estudo
dos fenômenos psíquicos no seio da Igreja Católica
Romana
Um livro póstumo, que só foi publicado
por insistência de Chico Xavier junto aos familiares do autor,
por insistir o médium ser sua “obra-prima”, foi
"Mediunidade dos Santos", de autoria do culto confrade
Clóvis Tavares, (Instituto de Difusão
Espírita – IDE). Durante longos anos de sua fecunda
vida terrena dedicou-se ele ao estudo dos fenômenos psíquicos
ocorrido na vida dos santos.
Mediunidade e Santidade
De acordo com o autor, seu singelo ensaio sobre o que ele denominou
de mediunidade dos santos teve por objetivo oferecer, no espírito
de amor à verdade, alguns subsídios ao estudo dos fenômenos
psíquicos no seio da Igreja Católica Romana.
Clóvis não buscou outras fontes e mananciais originais
senão aqueles da própria Igreja, neles encontrando o
testemunho insuspeito das grandes verdades, proclamadas há
mais de um século, pela Doutrina Espírita, sabiamente
codificada por Allan Kardec.
Esclarece o autor que a expressão mediunidade aplicada aos
santos da Igreja pode, à primeira vista, parecer inadequada
ao pensamento eclesiástico. Mas os testemunhos narrados em
sua obra mostram que a mediunidade é inerente a todo ser humano,
embora apresentando características de ordem vária,
em aspectos de abastardamento, de desenvolvimento ou de sublimação,
conforme a atitude moral e espiritual da criatura.
“Na existência dos grandes heróis
da fé, que a Igreja denomina genericamente santos, encontram-se,
sobejamente, os mais notáveis e maravilhosos testemunhos
espirituais da ação inteligente do Mundo Invisível
junto aos seres terrenos. E os santos, à semelhança
dos verdadeiros médiuns espíritas, sempre serviram
de intermediários entre as forças auxiliadoras da
esfera ultraterrestre e as necessidades humanas. Os santos cristãos,
quando conscientes de sua missão espiritual, sempre agiram
como mediadores entre o Grande Além e a Terra, quais os devotados
e sinceros missionários da mediunidade na grande seara do
espiritismo evangélico”.
Santos que foram médiuns
videntes
Em sua obra Mediunidade dos Santos, o autor inicia enumerando vários
santos que possuíam a faculdade mediúnica da clarividência,
ou seja, a capacidade ou o poder de ver o que está oculto à
visão física normal. Nesses relatos, Clóvis nada
mais faz do que citar os biógrafos dos santos, ou autobiografias
destes, cujas obras foram autorizadas pela própria Igreja Católica.
São incontáveis os casos e exemplos de vidência
mediúnica na existência dos santos de Igreja
Romana.
Santa Tereza de Jesus (D´Ávila), São Pedro
de Alcântara, Santa Brígida, Santa Margarida Maria Alcacoque,
Santa Clara de Montefalco, São João Bosco, entre outros.
O autor, portanto, nada inventa. Apenas comenta, sob a ótica
espírita.
Como é próprio da faculdade mediúnica da vidência,
não somente Jesus e espíritos luminosos
eram percebidos pela clarividência desses santos médiuns.
Suas percepções alcançavam também espíritos
infelizes e malfeitores desencarnados, unindo-se a uma nítida
clariaudiência (faculdade mediúnica de ouvir os espíritos).
A vidência de Santa Tereza de Jesus
(D´Ávila)
Entre esses santos médiuns, Clóvis começa por
citar Santa Tereza de Jesus (D´Ávila), 1515 – 1582,
cuja autobiografia é um precioso conjunto de depoimentos mediúnicos
que confirmam a veracidade e a lógica da interpretação
espírita dos fenômenos psíquicos, tão abundantes
na vida dos grandes santos quanto na missão dos verdadeiros
médiuns.
“(...) Apareceu-me Cristo com grande vigor,
dando-me a entender quanto aquilo lhe pesava. Vi-O com os olhos
da alma, mais claramente do que O poderia ver com os olhos do corpo
e ficou aquilo tão bem impresso em mim que agora, passados
vinte e seis anos, ainda me parece que O tenho presente” (...),
relata Tereza D´Ávila.
Mas não é só a Jesus que a médium
percebe com sua vidência. Frei Estefânio Piat refere-se
à clarividência de Santa Tereza D´Ávila:
“O próprio céu ratifica esse
julgamento quando, depois da morte, Frei Pedro aparece à
Reformadora do Carmelo, rodeado pelo brilho fulgurante de sua beatitude
e diz-lhe em tom penetrante: ‘O bendita penitência,
que me valeu tamanho peso de glória!’”
Santa Tereza, conta ainda Piat, “viu Francisco
de Assis e Antônio de Pádua ladeando Pedro de Alcântara
para lhe servir de ajudantes”, num ofício religioso.
São Pedro de Alcântara foi um dos maiores amigos de Tereza
D´Ávila.
“Do alto dos céus — diz ainda
Piat — o santo continuou cooperando sobrenaturalmente. Diversas
vezes, quando as coisas se apertavam, ele apareceu à querida
carmelita para guiá-la e encorajá-la”.
Declara Santa Tereza de Jesus, a respeito de São
Pedro de Alcântara, após a desencarnação
deste:
“Tenho-o visto muitas vezes com grandíssima
glória. Parece-me que muito mais me consola do que quando
aqui estava”.
Estes fatos
e relatórios, como todos os outros inúmeros citados
na obra de Clóvis Tavares, foram extraídos de obras
chanceladas com o imprimatur e o nihil obstat da Igreja. Portanto,
a expressão mediunidade não é absolutamente imprópria
nem empregada abusivamente em seu instrutivo livro.
Conclusão
Mediunidade dos Santos leva o leitor ainda a
outros fenômenos espíritas ocorridos no seio da Igreja,
além da vidência e da clariaudiência, tais como:
materializações, precognição, psicofotismo,
psicografia, psicopiroforia, reencarnação, sonambulismo,
êxtase, levitações de objetos e pessoas, passes
magnéticos, curas mediúnicas, desdobramento e por aí
vai...
Clóvis Tavares, com seu apurado bom senso, temia que a publicação
de seu livro desagradasse tanto a espíritas quanto católicos.
Por isso adiou sua publicação ao extremo.
De nossa parte, somos da mesma opinião do querido Chico. Preferimos,
entrever em sua obra, o esforço de sua alma nobre em exaltar
o dom da mediunidade, como sublime ponte entre o céu e a terra,
abençoado intercâmbio em que a exuberância da vida
eterna estua, interage e aprimora.