Magali
Bischoff
> O Sexo E O Amor Na Visão Espírita
No Capítulo “Mundo de expiações
e provas” do Evangelho Segundo o Espiritismo, encontramos a citação
de Santo Agostinho:
“A Terra nos oferece pois,
um dos tipos de mundos expiatórios em que as variedades são
infinitas, mas têm por caráter comum servirem de lugar
de exílio para os Espíritos rebeldes à lei de
Deus.”
Alguns podem pensar: “Como exilar os espíritos rebeldes
à Lei Divina na Terra, se eles aparentemente não conhecem
essa Lei e não a praticam? ”
Sabemos que a Lei Divina está gravada em nossa consciência
(Livro dos Espíritos questão 621) e
que somos todos iguais perante o Criador – Deus. Todos os Espíritos
carregam a perfectibilidade e alcançarão no futuro a sua
herança divina que é a perfeição e a felicidade
já definidas pela Lei do progresso. Mas o caminho percorrido
pelo espírito rumo à Perfeição, está
diretamente ligado ao uso do seu livre-arbítrio.
A diversidade de condição
dos espíritos que formam a humanidade planetária é
imensa. Observando melhor o tempo que levamos para progredir, nas diversas
Civilizações que por aqui passaram,temos um longo caminho
à percorrer para conquistarmos mudanças significativas
nas questões espirituais.Só não estamos mais atrasados,
porque de tempos em tempos a espiritualidade faz renascer na Terra,
espíritos mais evoluídos para auxiliarem no nosso progresso.
Essa energia sexual movimenta toda a
Criação, mas ainda é utilizada de forma limitada
nos mundos inferiores, onde prevalece o instinto de conservação
e reprodução das espécies, associado a energia
criadora e modeladora do espírito. Essa força criadora
impulsiona a evolução dos seres vivos ena condição
humana com o uso da razão,ele começa a compreender que
assumir a responsabilidade perante seus atos faz parte do seu aprimoramento
moral, fator essencial ao seu progresso espiritual. Quando ele atinge
o ápice na percepção dessa energia criadora, passa
a vivenciar a experiência plena do Amor.
Na longa trajetória do espírito
através das vidas sucessivas, descobre que as suas escolhas é
que definem o tempo que levará para alcançar a evolução
espiritual.Nesse ponto, a citação do Evangelho deixa claro
que mesmo tendo a consciência dessas Leis, nos Mundos de provas
e expiações, que é o caso do Planeta Terra, o caminho
é mais longo, pois esse tipo de mundo recebe os espíritos
que recusam aprimorar as Leis Divinas em sua própria consciência.
O mundo material e os prazeres da carne,
levam o espírito a passar por diversas experiências e na
relação direta entre criaturas dediferentes estágios
evolutivos,cometer erros e desrespeitar a Lei Divina é próprio
do espírito em aprendizado. Mas a lição aprendida
com cada atitude, permanece gravada na consciência de cada um,
seja ela boa ou ruim.
A estreita compreensão da Lei
Divina mais a forte tendência ao egoísmo e ao orgulho da
criatura nesse estágio,permitiram que acreditássemos que
já nascemos sob a égide do pecado original.A visão
de“culpa, a inferioridade e o pecado” estiveram presentes
desde o princípio da Criação e foram implantadas
pelos homens, através da religião dominante que se utilizava
do“Poder de “Deus”, para justificar o próprio
desejo de domínio sobre os grupos e povos. Foram poucos os pensadores
que conseguiram questionar essa teoria implantada pela força
e pelo medo. Mas no século dezenove a Doutrina Espírita
retirou o véu da ignorância, despertando a consciência
do espírito à Luz da razão.
Os princípios da Doutrina Espírita
contidos nas obras básicas de Allan Kardec, quando estudados
e bem compreendidos, deixam bem claro O que é Deus, a natureza
da Criação, a existência dos espíritos e
das Leis Universais.A Doutrina revela que não existe o “pecado”
e a “culpa” em relação a criação
e a energia sexual e que não temos como definir com uma simples
análise, em que pontos e encontra cada espírito no Planeta
ou fora dele, no quesito: evolução do senso moral.
O aprimoramento do senso moral e o equilíbrio
da energia criadora em alguns espíritos já foram desenvolvidos
em sua plenitude. Em outros ainda se encontram em desenvolvimento, mas
a grande maioria ainda necessita reencarnar em longas experiências
aqui na Terra para alcançá-la. Por isso não podemos
identificar, nem mesmo julgar, condenar ou avaliara condição
de cada espírito em relação ao uso da sexualidade,
mesmo porque, a maioria dos seres que habitam um Planeta de provas e
expiações é recém chegado de dolorosas experiências
e repetentes nas lições relacionadas ao uso do sexo e
da sua energia criativa ligada à sexualidade.
Esse tema passa a ter um sentido de
interesse coletivo, quando o limite entre o respeito à individualidade
passa para o descaso, o preconceito e quando essas questões envolvem
a dor e o sofrimento de criaturas que são subjulgadas à
essa condição, escravizando suas almas.Nesse caso o papel
da sociedade mais evoluída moralmente é interferir na
educação e amparo desses irmãos através
da educação da família, do desenvolvimento de valores
humanos e da inclusão de todos na sociedade com seus direitos
e deveres Constitucionais.
Jesus, esteve na Terra para nos ensinar
essa grande lição perante os considerados pecadores do
Evangelho, como o caso da mulher adúltera: “Atire-lhe a
primeira pedra aquele que estiver isento de pecado” - disse Jesus.
Com essa lição Ele ensina através do seu EXEMPLO
que não devemos julgar pela aparência ou com mais severidade
os outros, do que nos julgamos a nós mesmos, nem condenar em
outrem aquilo de que nos absolvemos.
Como pensar em um mundo de Regeneração
com tantas situações mal resolvidas para o espírito
em evolução no Planeta?
A Doutrina Espírita nos faz um
convite, acolher nossa inferioridade e a de todos aqueles que sofrem
suas dores íntimas ligadas a energia sexual, a afetividade e
a busca da aceitação e do amor próprio. Que através
do exercício constante do Bem, consigamos desenvolver em nós
o sentimento de fraternidade, de solidariedade mas principalmente de
ações que possam minimizar a dor alheia, repartindo o
conhecimento que poderá libertá-las das algemas da ignorância,
do desamor e do abandono quando se deixaram levar pela “dor evolução”,
momento decisivo para as grandes mudanças no espírito
em prova.
Sabemos que é um processo muito
doloroso para o espírito, quando ele decide trilhar um novo caminho
e vencer a si mesmo,resgatando seus valores, sua dignidade, sua individualidade,
descobrindo-se para a vida, para a felicidade e retornando “A
Casa do Pai”, ou seja a vivência das Leis Divinas perante
a própria consciência.
Um grande exemplo para todos que sofrem
com as dores da alma na questão sexual é Maria Madalena.
A sua redenção representa a Misericórdia Divina
e a potencialidade do trabalhador do Cristo na obra do Bem quando descobre
que o “Amor cobre a multidão de pecados”.
Muita Paz!
Magali Bischoff
Segue o vídeo do programa Mundo Maior Repórter sobre a
“Prostituição” produzido pela TV Mundo Maior,
emissora da Fundação Espírita André Luiz,
com a opinião de pesquisadores e expositores espíritas
à luz da Doutrina Espírita.
Um convite para que possamos ampliar
o interesse na educação de almas nas Casas espíritas
e da importância do ambiente acolhedor e da fraternidade para
a recuperação de cada um à partir do contato com
o Evangelho do Cristo.
E uma bela mensagem do Livro “Vida
e Sexo” pelo espírito Emmanuel
(psicografia de Francisco Cândido Xavier):
"Em torno do sexo, será
justo resumirmos as normas seguintes:
Não proibição,
mas educação.
Não abstinência imposta,
mas emprego digno, com o devido respeito aos outros e a si mesmo.
Não indisciplina, mas controle.
Não impulso livre, mas responsabilidade.
Fora disso, é teorizar simplesmente,
para depois aprender e recomeçar a obra da sublimação
pessoal, tantas vezes quantas se fizerem precisas, pelos mecanismos
da reencarnação, porque a aplicação do
sexo, ante a luz do amor e da vida, é assunto pertinente à
consciência de cada um."
Bibliografia:
1. KARDEC.Allan - O Livro dos Espíritos
–questão 621–Ed.FEESP 15ª Edição,2001.
2. KARDEC.Allan - O Evangelho Segundo
o Espiritismo – “Mundo de provas e expiações”
Ed.FEESP 15ª Edição,2001.
3.XAVIER. Francisco Cândido –
“Vida e Sexo” pelo espírito Emmanuel- Ed. FEB 1ª
Edição,1970.