A sociedade contemporânea carece
cada vez mais de iniciativas que proporcionem experiências verdadeiramente
formativas. Experiências que possam desenvolver as várias
dimensões do humano, em prol de uma formação
integral. A Doutrina Espírita traz propostas objetivas neste
sentido, tratando, não só, do desenvolvimento do homem
enquanto ser social, mas em seus diversos aspectos de Espírito
encarnado em processo constante de educação de si.
O Movimento Espírita surge
a partir das práticas cotidianas dessa Doutrina, que não
se caracteriza apenas como uma religião, mas como um conjunto
de princípios, valores e conhecimentos científicos e
filosóficos. Levando em consideração que a Doutrina
Espírita abre ao indivíduo uma série de novos
olhares sobre si e sobre o mundo, a Arte Espírita brota da
necessidade de trabalhar e expressar as dificuldades e os aprendizados
vivenciados e construídos a partir da prática do Espiritismo.
Com base nos fundamentos da pesquisa
(auto)biográfica (JOSSO, 2010; DELORY-MOMBERGER,
2008) utilizamos o procedimento metodológico chamado
Círculo Reflexivo Biográfico-CRB (OLINDA,
2009; 2010) para construir as biografias educativas (DOMINICÉ,1988)
de sete jovens que participaram do grupo Arte Em Cena da Mocidade
Espírita Paulo e Estevão, em Fortaleza, no período
de 2000 a 2011.
O objetivo deste trabalho é
compreender o significado da Arte Espírita na formação
juvenil, avaliando seu papel na produção de saberes
e sentido para a vida. O material produzido no CRB foi tratado seguindo
as orientações da análise textual discursiva
(MORAES, 2003) para que pudéssemos
chegar até às produções de saberes e aos
aprendizados experienciais.
A Arte Espírita proporcionou
a esses jovens uma experiência formadora de amplo alcance em
que as amizades, as dificuldades, as lembranças, o sentimento
de família, a descoberta da juventude, os sorrisos, as lágrimas,
as raízes, os desafios, as superações, o caminho,
o palco, a alegria, o trabalho, são apenas exemplos das preciosas
marcas de uma experiência que mudou a vida deles de uma forma
que só suas próprias narrativas podem expressar e representar.