Espiritualidade e Sociedade





Adilson José de Assis

>   A dupla imortalidade de Frederico Chopin

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Adilson José de Assis
>   A dupla imortalidade de Frederico Chopin

 

“A música possui infinitos encantos para os Espíritos, por terem eles muito desenvolvidas as qualidades sensitivas. Refiro-me à música celeste, que é tudo o que de mais belo e delicado pode a imaginação espiritual conceber.” (1)

 

 

RESUMO:
Examina-se neste artigo, dividido em três partes, alguns aspectos da vida e obra do grande compositor polonês Frederico Chopin à luz da Doutrina Espírita. Relatam-se também informações acerca de sua permanência na erraticidade, obtidas por diversos médiuns e concordes entre si. Espera-se com este estudo aumentar o interesse, por parte dos espíritas, por esta sensível personalidade que, além de ter deixado sua indelével contribuição no campo musical, prossegue no Mundo dos Espíritos sua tarefa em prol do aprimoramento da humanidade.

 

INTRODUÇÃO

O estudo da vida e obra dos grandes vultos da História da Humanidade, à luz da Doutrina Espírita, reveste-se de grande aprendizado, visto podermos encontrar em tais estudos interessantes análises de pontos doutrinários. Não se trata aqui de fazer uma historiografia espírita, visto ser a História uma ciência autônoma com raízes fora dos arraiais espíritas. Entretanto, a análise dos fatos históricos à luz da reencarnação, da imortalidade da alma, da lei de ação e reação, permite que se visualize a trajetória do espírito humano rumo à perfeição a qual este está destinado, nas realizações individuais e coletivas, não obstante suas quedas e equívocos temporários. É com este propósito que relembramos, neste despretensioso artigo, certos aspectos da vida e obra do imortal Chopin à luz da Doutrina Espírita.


O MÚSICO IMORTAL CHOPIN

Fryderyk Franciszek Chopin (Frederico Francisco Chopin, em Português ou Frédéric François Chopin, também chamado Fryderyk Franciszek Chopin) nasceu na cidade de Zelazowa Wola (Polônia) no ano de 1810 (2). Seu pai era um professor de nacionalidade francesa e sua mãe polonesa. Alguns meses após o nascimento de Frederico, sua família muda-se para a capital Varsóvia, e lá ele teve uma profícua infância convivendo com estudantes de origens diversas, já que seu pai, além de professor no Liceu de Varsóvia, dirigia também um pensionato para estudantes.

Aos sete anos de idade Chopin já havia composto algumas obras para piano, sendo que os jornais locais noticiaram a precocidade do músico. Era comum Chopin passar os verões nas casas dos pais dos estudantes que se hospedavam no pensionato de seu pai e isto iria contribuir muito em sua futura obra. Isto porque nas diversas localidades que esteve, Chopin entrava em contato com a música folclórica polaca (mazurcas, polcas, valsas, etc.) e assim ia recolhendo melodias e motivos populares, parte da alma de seu povo.

No ano de 1823 Chopin inicia sua educação formal no Liceu de Varsóvia e posteriormente, em 1826, entra para a Escola Superior de Varsóvia. Neste período, adquire uma base teórica sólida, disciplina nos estudos e domínio das técnicas de composição. Mesmo trazendo em si bagagem musical pretérita, de outras existências, evidenciada pelo seu talento precoce, isto não eximiu que Chopin tivesse uma formação rigorosa a fim de atingir os patamares que o futuro lhe reservava. Seus conhecimentos passados somente lhe auxiliariam a tornar o aprendizado mais rápido e efetivo, não o liberando do esforço que lhe cabia realizar a fim de adquirir uma sólida formação musical.




Já no ano de 1830, portanto aos 20 anos, obtém pleno êxito nos concertos que apresentou no Teatro Nacional de Varsóvia. Almejando expandir seus conhecimentos e mostrar seus talentos, viaja para Viena, enquanto simultaneamente a Polônia se via refém da Rússia. Chopin decide não voltar à sua pátria e acompanha de longe os acontecimentos políticos e o sofrimento de seu povo. Começa a nascer a partir de então um Chopin mais íntimo e recolhido, mais dorido, lapidado pelo sofrimento. A ocupação russa da Polônia ocasionou o exílio de inúmeros militares, políticos e artistas poloneses em Paris e Chopin estabelece também sua residência na Cidade Luz. Sua fama cresce já nos primeiros meses, impulsionada por inúmeros intelectuais contemporâneos seus, dentre eles, Liszt, Hiller, Berlioz e Victor Hugo. Estas amizades cultivadas em solo francês irão prosseguir na erraticidade, como veremos no próximo item.

Em 1832 seu triunfo já é total em Paris. Possuía um modo de vida consoante os costumes do meio artístico da época, talvez um tanto desregrada, o que lhe minava profundamente a saúde, que nunca havia sido das melhores. Aliás, este foi o pretexto utilizado pelos Wodzinski para negar a Chopin o consentimento de se casar com a filha mais nova desta família. Este fato abalou profundamente a frágil e sensível personalidade do compositor. Em 1838 conheceu a escritora George Sand (pseudônimo de Aurore Dudevant) e o relacionamento dos dois irá durar 9 anos. Esta será a fase mais profícua da vida de Chopin, creditada à estabilidade emocional, equilíbrio e cuidados maternais que George lhe oferecia, embora no mesmo período comece a apresentar os primeiros sintomas da tuberculose. Em 1847 o relacionamento dos dois termina, por iniciativa de George Sand, e Chopin entra em rápido declínio musical e de saúde, vindo a falecer precocemente no ano de 1849, aos 39 anos. (3)

Suas composições, classificadas dentro do período da História da Música conhecido como Romantismo, são quase que exclusivamente para piano e revelam a alta sensibilidade de que era portador, pois seu estilo é intimista, com um domínio perfeito das técnicas do piano, uma alma expressando seus mais profundos sentimentos através deste instrumento musical, quase sempre nostálgico de sua distante Polônia, exilado a contragosto do solo pátrio. A propósito, não se pode deixar de conhecer e apreciar seus Prelúdios (Op. 28), suas Polonaises (a no. 6 em Lá Bemol Maior, Op. 53 é sublime), suas Valsas, suas Mazurcas, Noturnos e Estudos. “A personalidade artística desse homem fraco e tuberculoso era tão forte que tudo em que tocou se tornou inconfundivelmente seu. (…) É arte para gente emocionalmente madura.(4)

 

Referências Bibliográficas:

(1) KARDEC, ALLAN. O Livro dos Espíritos. Questão no. 251. 67a Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1987.
(2) SADIE, STANLEY (Editor). The Norton/Grove Concise Encyclopedia of Music. Londres: Macmillan Press, 1994.
(3) ——, Deutsche Gramophon Collection. (nos. 8 e 9 – O Triunfo do Intimismo Romântico: Chopin) Barcelona: Altaya, 2000.
(4) CARPEAUX, OTTO MARIA. Uma Nova História da Música. Rio de Janeiro: Ediouro, 1985.

 

Fonte: https://veredasespiritas.wordpress.com/2009/04/30/a-dupla-imortalidade-de-frederico-chopin-1%C2%AA-parte/

 



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A dupla imortalidade de Frederico Chopin (2ª Parte)

 

 

“A arte deve ser o Belo criando o Bom” (1)

 

CHOPIN NA ESPIRITUALIDADE

Na 1a parte deste artigo apresentamos resumidamente o grande músico que foi Frederico Chopin, nascido na Polônia, país que hoje o reverencia como herói nacional, sendo sua música presente em todas as ocasiões importantes. Nesta 2a parte, examinaremos Chopin na Erraticidade, ou seja, sua situação após a sua desencarnação.

As primeiras notícias de Chopin na Espiritualidade nós as recolhemos da Revista Espírita do ano de 1859, editada por Allan Kardec. Trata-se de um diálogo, reproduzido por Zanola (2), entre um entrevistador e Chopin, sob a assistência de Mozart, também espírito. Nesta conversa, Chopin lamenta que poderia ter avançado mais em sua prévia existência como músico, dada sua inteligência peculiar. Fala que não é totalmente feliz e mostra-se um tanto quanto sombrio e triste, pois considera que falhou em parte na prova à qual foi submetido. Considerando que Chopin teve seu talento amplamente reconhecido por seus contemporâneos e não passou por grandes dificuldades financeiras, o que nem sempre é comum na história da música, que o levava a considerar que falhara parcialmente em sua prova? E em que esta consistia? Devemos lembrar que esta comunicação se deu aproximadamente 10 anos após sua desencarnação.

A saudosa (e infelizmente um tanto esquecida pelos espíritas) Yvonne Pereira, notável médium que desempenhou exemplarmente sua tarefa em solo brasileiro, relata-nos sua terna amizade com Frederico Chopin, iniciada por volta do ano de 1931, quando psicografava um romance verídico (Amor e Ódio, cujo enredo se desenrola no Século XIX) e que envolvia um tutelado de Charles, o guia espiritual de Yvonne. Tal tutelado, personagem central da referida obra, foi contemporâneo do próprio Charles em solo francês, de Victor Hugo e de Chopin. Tudo isto é narrado em “Devassando o Invisível(3), no capítulo “Frederico Chopin, na Espiritualidade“. Aliás, tal capítulo é fonte de inúmeras reflexões a todos os espíritas que buscamos amadurecer nossas opiniões e análises. Merece ser lido, meditado e discutido!

Yvonne se refere carinhosamente a Chopin dizendo: “esse encantador Espírito (…) tem sido um dos mais ternos amigos que adquirimos através da mediunidade". Devemos esclarecer entretanto que Chopin não concedeu mensagens literárias escritas através de Yvonne, ao contrário de Camilo Castelo Branco, Léon Denis, Bezerra de Menezes, Leão Tolstoi, Vítor Hugo e outros. Segundo este espírito, ele só sabia se exprimir através da linguagem musical, e como faltava em Yvonne elementos de cultura musical para uma obra mediúnica neste campo, não pôde nos legar através do citado médium alguma composição musical póstuma. Segundo os relatos de Yvonne, Chopin chegou a se materializar completamente, várias vezes, a ponto de sentir-lhe a respiração, a temperatura do corpo, o hálito, etc. Ele sempre se deixava entrever envolto em um halo de luz azul, acompanhado do perfume de violeta, costumeiramente afetuoso e discreto, pouco expansivo e, geralmente, entristecido. “Esta última qualidade, a melancolia, parece ser predisposição natural de seu caráter e não motivada por provações ou recordações de vidas passadas. No entanto, já o vimos chorar copiosamente, recordando sua última existência terrena."(3) Isto se deve ao fato de que Chopin revelava profundo desgosto pelos comentários que o mundo ainda tece a respeito de certos aspectos de sua vida, segundo análise de Yvonne Pereira.

Chopin declarou à médium brasileira que “sabia ser ele muito amado pelos brasileiros, o que particularmente o enternece. Mas observa que ninguém lhe dirige uma prece, e que necessita desse estímulo para as futuras tarefas que empreenderá, ao reencarnar, quando pretende servir a Deus e ao próximo, o que nunca fez através da música.”(3) Declarou que pretende se reencarnar no Brasil, salvo resoluções posteriores, sendo que isto se verificaria somente após o ano 2000, “quando descerá à Terra brilhante falange, capitaneada por Vítor Hugo, com o compromisso de levantar, moralizar e sublimar as Artes.” (3)

As considerações tecidas por Yvonne Pereira merecem profunda meditação de nossa parte. Isto porque Chopin revela que sua missão falhou em parte por ter dado atenção de modo exclusivo ao campo artístico, esquecendo de desenvolver de modo mais pleno o amor a si próprio e ao semelhante. O mundo das artes, particularmente o da música, é tão envolvente, tão cativante, que via de regra o artista acaba se fechando em seu próprio universo criativo, olvidando outras tarefas importantes do ponto de vista do aprimoramento intelecto-espiritual. Apesar da música sublime que Chopin nos legou, o que indiretamente é um serviço ao próximo pois contribui para o aprimoramento do ser por despertar nele as sensibilidades mais refinadas, não houve por parte do compositor uma ação direta em favor de seus contemporâneos. Ademais, sua entrega sem relutância aos costumes e excessos da época, ocasionou sua morte prematura, o que lhe valeu a situação de suicida inconsciente no Mundo Espiritual.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1) LUIZ, ANDRÉ. Conduta Espírita. Psicografia de Waldo Vieira. 13a Ed. Rio de Janeiro: FEB, p. 145, 1987.
(2) ZANOLA, RENATO (coordenador) Arte e Espiritismo – Textos de Allan Kardec, André Luiz e outros autores. Rio de Janeiro: CELD, 1996.
(3) PEREIRA, YVONNE A. Devassando o Invisível. 6a Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1985.

 

PS:
Yvonne do Amaral Pereira
http://www.spiritist.com/yvonne.htm


Fonte: https://veredasespiritas.wordpress.com/2009/04/30/a-dupla-imortalidade-de-frederico-chopin-2%c2%aa-parte/

 

 

A dupla imortalidade de Frederico Chopin (Última parte)

“A Arte enobrecida estende o poder do amor.” (1)

 

Na 1a parte deste artigo apresentamos resumidamente o grande músico que foi Frederico Chopin, nascido na Polônia, país que hoje o reverencia como herói nacional. Na 2a parte, examinamos a situação de Chopin na Erraticidade, segundo os relatos colhidos na Revista Espírita e os registrados pela mediunidade de Yvonne Pereira.

Nesta 3a e última parte, iremos encontrar Chopin em solo inglês, compondo do além. No início da década de 1970 (2) a médium inglesa Rosemary Brown (foto abaixo), uma pacata viúva, dona-de-casa de 50 anos de idade, moradora de um dos bairros mais pobres de Londres e com modestos conhecimentos musicais, surpreende o mundo com suas composições transcendentais. Para se ter uma idéia da seriedade e qualidade de “sua” música, “suas” composições musicais já foram transmitidas para toda a Grã-Bretanha e Europa por uma cadeia de televisão comandada pela prestigiadíssima BBC e chegou a gravar um disco pelo selo Philips, um dos mais importantes no campo da música erudita. Segundo Rosemary, quem lhe ditava as músicas eram Liszt, Chopin, Beethoven, Schubert, Brahms e outros compositores famosos. Todos os críticos de música consultados declararam que as peças de Rosemary poderiam ser perfeitamente creditadas aos seus assinantes póstumos sem diminuí-los e que apresentavam uma complexidade muito grande para uma pessoa com limitados conhecimentos musicais, tal qual era Rosemary, que desde criança morou no mesmo lugar, portanto todos os seus vizinhos a conheciam plenamente e foram unânimes em dizer que ela falava a verdade. Diz Rosemary que “Beethoven e Bach preferem que eu fique sentada à mesa, com papel e lápis à mão. Quando estou pronta, ditam-me a clave, o compasso, as notas da mão esquerda e as da mão direita. Chopin dita-me as notas ao piano, e guia as minhas mãos sobre as teclas.” Para os que dominam o idioma de Shakespeare, vale a pena conferir estas provas da imortalidade da alma registradas de modo tão imparcial, como é o frio e crítico senso inglês.

Enfim, teria Chopin encontrado na citada médium os elementos que necessitava para transmitir ao mundo sua mensagem de imortalidade através da música, o que não logrou através da médium brasileira Yvonne Pereira, por questões de finalidade da tarefa mediúnica desta? Tudo indica que sim…

Utilizando a mediunidade de Leslie Flint, outro médium também britânico, Chopin se comunicou através do impressionante fenômeno de voz direta (pneumatofonia). Os leitores interessados em ouvir sua voz gravada do além-túmulo, quase 100 anos após sua desencarnação, podem consultar o sítio abaixo, “Chopin still composes”. Rosemary Brown, que chegou a ouvir esta gravação, concordou que se tratava realmente do compositor polonês… Mais uma prova, por um médium diferente, de que Chopin permanece vivo no outro lado da vida!

 

CONCLUSÕES:

Frederico Chopin: um dos maiores gênios musicais de todos os tempos! Revelou desde cedo uma genialidade para a música, e através de uma formação musical sólida, se tornou um dos mais celebrados compositores do período Romântico, deixando uma música profunda, sólida, carregada de emotividade e beleza sutil. Entretanto, levou uma vida até certo ponto desregrada, que aliada à uma saúde frágil, fez com que tivesse uma morte prematura aos 39 anos. No além, nos primórdios da Revelação Espírita, se faz presente em entrevista publicada pelo nobre Allan Kardec no ano de 1859. Posteriormente, inicia em 1931 uma sólida amizade com a médium brasileira Yvonne Pereira, obedecendo a laços do passado. Deixa uma profunda marca na vida desta notável médium, registrada em sua obra autobiográfica “Devassando o Invisível” (3). Na distante Inglaterra, manifesta-se através da mediunidade musical de Rosemary Brown, compondo do além, e na pneumatofonia de Leslie Flint. Em todas estas comunicações, obtidas em lugares, linguagens e épocas distintas, encontramos a mesma personalidade, que no dizer de Yvonne Pereira, “um vulto que ao passar pela Terra a encantou com o seu gênio de artista e cuja imorredoura lembrança faz vibrar, ainda, o coração de quantos sintam na alma inclinações para as arrebatadoras expressões do Ideal sublimado no Belo.” (3)

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1) LUIZ, ANDRÉ Conduta Espírita. Psicografia de Waldo Vieira. 13a Ed. Rio de Janeiro: FEB, p. 145, 1987.

(2) ZANOLA, RENATO (coordenador) Arte e Espiritismo – Textos de Allan Kardec, André Luiz e outros autores. Rio de Janeiro: CELD, 1996.

(3) PEREIRA, YVONNE A. Devassando o Invisível. 6a Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1985.

 

 

Fonte: https://veredasespiritas.wordpress.com/2009/04/30/a-dupla-imortalidade-de-frederico-chopin-ultima-parte/

 

 


 



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