Em 19.05.04, distribuí texto pela internet
sobre o espírito André Luiz, mostrando-lhe os olhos
e informando que o médium Waldo Vieira identificara para
um amigo dele (e meu) quem era realmente o famoso médico
carioca. Naquele texto, voltei a explicar que, no início
da década de 70, após extenuante pesquisa com 286
médicos desencarnados de 1926 a 1936 (68 foram categoricamente
de doenças ou cirurgias gastro-intestinais), eu houvera chegado
ao verdadeiro nome, que nada tem a ver com Carlos Chagas, Miguel
Couto, Osvaldo Cruz ou Francisco de Castro, os mais citados. O médium
Francisco Cândido Xavier me confirmara o nome, mas considerou
que a identidade deveria ser mantida em segredo.
Durante minhas pesquisas aconteceu
o menos esperado: a família soube dos meus passos e me procurou.
Percebi então que o Chico tinha razão quanto a sermos
cautelosos e disse àqueles familiares - que já sabiam
de tudo - que, de minha parte, o público ainda nada saberia.
Guardei esse segredo até a recente distribuição
do texto pela internet, quando divulguei junto os olhos de André
Luiz, receoso de que a revelação do Waldo se espalhasse
sem mais controle. Agora porém tudo mudou e não vejo
mais motivo para qualquer reserva. Pretendo contar tudo e até
publicar minha pesquisa em livro, pois não sei quem conheça
mais detalhes dessa história do que eu; não apenas
em relação às ponderações do
Chico, mas também relativamente à conversa que tive
com a família de André Luiz.
A pessoa a quem o Waldo passou a
informação é meu amigo, Osmar Ramos Filho.
Ele é o autor da extraordinária obra O Avesso de um
Balzac Contemporâneo, análise de amplo espectro do
livro Cristo Espera por Ti, de Honoré Balzac, psicografado
pelo Waldo Vieira. Um estudo notável de corroboração
da mediunidade do Waldo. Acertei com o Osmar que continuaríamos
mantendo segredo, transferindo para meu filho Luciano dos Anjos
Filho o encargo de fazer a identificação pública,
quando as circunstâncias se mostrassem propícias, isto
é, ao tempo em que a conduta terrena de André Luiz,
narrada em Nosso Lar, pudesse ser melhor assimilada pelos descendentes.
Por que meu novo posicionamento?
Afirmei certa vez que, após a precisão da minha pesquisa,
o Chico havia passado para o Newton Boechat a identificação
correta. Eles eram muito amigos, muito ligados. A atitude do Chico,
portanto, nunca me surpreendeu, especialmente ao constatar que eu
já havia chegado ao nome certo. Em qualquer circunstância
acabaria ali o mistério. E - confesso hoje mais claramente
- eu sabia que o Boechat sabia, pois a respeito disso conversamos
várias vezes, sempre sem nenhuma testemunha.
Ocorre que o Newton Boechat achou
por bem abrir uma exceção e estendeu a identificação,
também em caráter confidencial, a uma outra pessoa.
E esta, por motivos que ignoro, recentemente repassou a informação
para mais alguém, num lamentável e inconseqüente
deslize verbal. Bem, agora já se trata de segredo condominial.
Estão querendo inclusive publicar um livro sobre a vida do
verdadeiro André Luiz. Já tem até editora.
A intenção é temerária, porque nem sabem
da conversa que tive com os familiares. O levantamento dos dados
está sendo feito às pressas e em sigilo, naturalmente
para parecer que a identificação já era conhecida
antes de mim. Como não sou tão ingênuo como
os mais ingênuos supõem, estou agora abortando essa
esperteza.
Já relembrei que desde o
início da década de 70 divulguei na imprensa, por
mais de uma vez, minha pesquisa, embora sem revelar o resultado
final. Não seria, pois, tão necessária essa
minha decisão de agora, pois ninguém no movimento
espírita desconhece meu trabalho. Mas já apareceu
até quem dissesse que foi um velho amigo meu de Franca que
me passou o segredo. Lorota de alto vôo e alta envergadura,
seja lá de quem for a versão e diante da qual os que
me conhecem preferem acreditar que os condores têm medo das
alturas... Ninguém mais além de mim, do Newton Boechat,
do Chico e do Waldo (estes dois obviamente) sabiam da verdadeira
identidade de André Luiz. Incluo ainda a discreta e amorável
Maria Laura Hermida de Salles Gomes (Mariazinha), que se relacionava
com uma sobrinha de André Luiz e a qual teve papel importante
na conexão com o Chico e o Waldo. Pouco depois, mais aquele
amigo do Newton Boechat passou a saber também, em caráter
excepcional. Foi ele que, aperaltando assunto tão sério,
acabou contando para quem está agora esboçando o livro.
Minimizar minha pesquisa fazendo dela fruto de mera informação
do amigo francano é denunciar a si mesmo de oportunista,
enquanto perambula pelo humorismo barato dos pobres de espírito,
na tentativa de ignorar que uma lorota dessas só é
degustável com sal de fruta.
Ora, nesse ritmo, logo outros, muitos outros, todos saberão
e, se eu esperasse o tal livro aparecer, ninguém mais deixaria
de saber, com todos os holofotes em quem tomou o bonde andando.
Eis por que, nesta data, me antecipo e universalizo o segredo.
FAUSTINO ESPOSEL
André Luiz é Faustino
Esposel.Faustino Monteiro Esposel nasceu na rua dos Araújos
nº 10, bairro do Engenho Velho, cidade do Rio de Janeiro (registro
14º 69), em 10.8.1888. Desencarnou no Rio de Janeiro, às
17 horas de 16.9.1931, residindo então na rua Martins Ferreira
nº 23, no bairro nobre de Botafogo.
Era filho de João Paiva dos Anjos Esposel e de Maria Joaquina
Monteiro (filha reconhecida, ou seja, não registrada oficialmente).
Ele nasceu no Rio de Janeiro, em
29.5.1847, conforme registro de batismo feito em 2.8.1847 (livro
AP 1199, fls. 128 v.), na Catedral e Capela Imperial de Nossa Senhora
do Monte Carmo. Desencarnou de tísica, no Rio de Janeiro,
em Irajá, em 1º.5.1900, sendo sepultado no carneiro
CP 1814 quadra 39 do cemitério de São João
Batista. Foi a mulher dele, Maria Joaquina Monteiro, quem mandou
fazer a sepultura. Ela desencarnou no Engenho Velho, no Rio de Janeiro,
em 29.9.1910, portanto, dez anos depois dele. Casados no Engenho
Velho, Rio de Janeiro (registro nº 6º, 35), em 7.12.1871.
João Paiva dos Anjos
Esposel e Maria Joaquina Monteiro tiveram os seguintes filhos:
1. Oscar Monteiro Esposel, nascido
no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro 8º 73).
Casado com Orminda Monteiro Esposel. Moravam na rua Bambina (estou
omitindo o número de propósito). Seu filho, Léo
Esposel, em 1974 estava casado com Maria de Lourdes Ribeiro Esposel.
Tinha também três filhas, Lívia Monteiro Esposel,
que morava em 1974 na praia do Flamengo (idem, idem), Ida Esposel
Neves e Elza Esposel. Orminda nasceu em 1884, no Rio de Janeiro,
tendo desencarnado em novembro de 1978, quando morava na praia do
Flamengo. Oscar e Orminda tinham sete netos (Luiz, Francisco, Nélida,
Consuelo, Maria Cristina, Mônica e Patrícia) e oito
bisnetos (Marcos André, Luiz, Guilherme, Marcelo, Ricardo,
Luciana, Márcia e Camila).
2. Noêmia Monteiro Esposel,
nascida no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro 10º v.).
3. Mário Monteiro Esposel,
nascido no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro 11º, 64).
Era almirante. Em 1975 morava na rua Prudente de Morais (idem, idem).
4. Adolfo Monteiro Esposel, nascido
no Engenho Velho, no Rio de Janeiro, em 30.11.1885. Desencarnou
com apenas quatro meses, no Rio de Janeiro, em 13.4.1886, na rua
dos Araújos nº 10, tendo sido sepultado no cemitério
do Caju (4m.B.d.). (Em Nosso Lar aparece como menina, mas na verdade
era um menino. Quando desencarnou, em 1886, Faustino ainda não
era nascido, o que só vai acontecer dois anos depois, em
1888. André Luiz deslocou o acontecimento para depois do
nascimento dele, quando ele era "pequenino".)
5. Carlos Monteiro Esposel, nascido
no Engenho Velho, Rio de Janeiro (registro 12º 4v). Em 1974
morava na rua São Salvador (idem, idem). Mudou-se depois
para a rua Paissandu (idem, idem). Acabou indo morar em Santa Catarina.
6. Faustino Monteiro Esposel.
Eram avós paternos de Faustino
Esposel: José Maria dos Anjos Esposel e Margarida Maria;
e avós maternos: Isidro Borges Monteiro (desembargador) e
Paulina Luísa de Jesus.
João Paiva dos Anjos Esposel, pai do Faustino, tinha um irmão
chamado Joaquim Maria dos Anjos Esposel (1842-1897), casado com
Maria José de Barros Carvalho (filha de Delfim Carlos de
Carvalho, barão da Passagem, herói da primeira guerra
do Paraguai, e de Ana Elisa de Mariz e Barros, filha do visconde
de Inhaúma). O casamento foi celebrado na igreja de São
José. Tiveram quatro filhos:
1. Alice Esposel (casada com Andrônico
Tupinambá).
2. Dulce Esposel (casada primeiro
com Sabino Elói Pessoa e, em segundas
núpcias, com Joaquim Bernardo da Cruz Secco).
3. Eponina Esposel (casada com Alberto
da Costa Rodrigues).
4. Delfina Esposel.
(Há uma rua no Rio de Janeiro
chamada Joaquim Esposel.)
Faustino Esposel tinha muitos sobrinhos,
dentre os quais Lívia Monteiro Esposel, Elza, Ida Esposel
Neves, Lúcia e Léo, casado com Maria de Lourdes Ribeiro
Esposel (todos residentes no Rio de Janeiro). E sobrinhos-netos:
Élcio (almirante), Carlos, Ronaldo (morava em 1974 na rua
Prudente de Moraes, era comerciante de couro, casacos de couro,
ligado ao Jockey Club Brasileiro). Todos pessoas de bem.
Outros parentes: Laís de
Niemeyer Esposel, residente em 1974 na av. Vieira Souto, desencarnada
em fevereiro de 1994; Jayme Carneiro de Campos Esposel, residente
em 1974 na estrada do Joá, era capitão de fragata
quando comandou o contratorpedeiro Ajurieda, de 16.10.56 a 29.11.1957;
Marcello, residente em 1974 na rua Cândido Mendes. Nomes de
respeitabilidade entre os que os conhecem.
Faustino Esposel casou com Odette
Portugal Esposel, conhecida por Detinha. Era filha do médico
José Teixeira Portugal, nascido em 1874 e desencarnado em
1927. Ela nasceu em 6.6.1900 e desencarnou em 5.2.1978. A missa
foi rezada no dia 13 daquele mês, na igreja de Santa Margarida
Maria, na Lagoa.
Irmã da Odette Portugal Esposel:
Olga Portugal, viúva de Gumercindo Loretti da Silva Lima,
casada em segundas núpcias com o primo Arthur Machado Castro,
que tinha uma irmã chamada Lygia. Odette e Olga tiveram uma
filha: Regina, casada com Jorge C. Dodsworth. Gumercindo Loretti
foi figura muito ligada aos ideais do escotismo e tinha um irmão,
Jarbas Loretti da Silva Lima, diplomata e poeta, nascido em 1868,
no Rio de Janeiro, autor de Vozes Andinas, 1918.
Faustino Monteiro Esposel e Odette
Portugal Esposel moravam na rua Martins Ferreira nº 23, em
Botafogo, cidade do Rio de Janeiro. A partir de 1954, a casa passou
a ser propriedade da Associação de Educação
Católica do Brasil, subordinada à Conferência
dos Religiosos do Brasil e que permaneceu ali até 1981, quando
se transferiu para Brasília. A casa passou a abrigar, então,
a Creche Escola Favinho do Mel, patrocinada pela Associação
e dirigida por três senhoras que ali residem até hoje
(2005). O atual porteiro se chama “coincidentemente”
André Luiz...
Faustino Esposel nasceu na capital
federal, no dia 10 de agosto de 1888. Era professor substituto da
seção de neurologia e psiquiatria da Faculdade de
Medicina e reputado clínico, catedrático de neurologia
na Faculdade Fluminense de Medicina. Foi ainda chefe do serviço
da Policlínica de Botafogo e do Sanatório de Botafogo
e médico da Associação dos Empregados do Comércio.
E era também sanitarista, portador por concurso do título
de docente de higiene da Escola Normal do Rio de Janeiro, na qual
foi continuamente encarregado de cursos complementares. Fez os estudos
primários na Escola Alemã, conhecia profundamente
o idioma germânico, cursou durante alguns anos o externato
Mosteiro de São Bento. Formou-se em 1910 em farmácia
e em medicina pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde
defendeu tese sobre "Arteriosclerose cerebral", em que
recebeu a nota de distinção.
Durante o curso acadêmico,
foi adido dos serviços clínicos da 7ª e da 18ª
enfermarias da Santa Casa da Misericórdia, chefiadas respectivamente
pelos mestres Miguel Couto e Paes Leme. Ainda nessa época,
exerceu o internato oficial da Clínica Pediátrica
dos professores Barata Ribeiro e Simões Corrêa.
Pouco após a formatura, candidatou-se
a médico da Assistência de Alienados do Rio de Janeiro,
classificando-se em primeiro lugar, pelo que foi nomeado assistente
do Hospital Nacional de Alienados. Chegou a titular de livre docente
da Faculdade de Medicina, exercendo ali o cargo de professor substituto
de neurologia e psiquiatria. Nessa condição teve ensejo
de integrar diversas bancas examinadoras de teses de doutoramento.
Foi ainda interno e assistente da
clínica neurológica e médico adjunto do Hospital
da Misericórdia. Deixou muitos trabalhos publicados sobre
a especialidade, o que lhe permitiu ingressar em diversas sociedades
científicas nacionais e estrangeiras. Em 1918 fez parte da
missão médica brasileira que foi à Europa durante
a I Grande Guerra. Como representante do Brasil participou de congressos
na Europa e na América do Sul. Foi organizador e secretário-geral
da Segunda Conferência Latino-Americana de Neurologia, Psiquiatria
e Medicina Legal. Sobre a epidemia de gripe no Hospital Brasileiro,
em Paris, apresentou em 1919 substancioso relatório ao chefe
da Missão Médica Brasileira. Recebeu honroso diploma
do curso oficial de Pierre-Marie, assinado por este famoso professor
e pelo decano da Faculdade de Paris, professor Roger.
Durante o impedimento do professor
Antônio Austregésilo Rodrigues de Lima, catedrático
de Clínica Neurológica (fora eleito para o Congresso
Nacional), Faustino Esposel exerceu com brilho aquela função,
conquistando grande renome como didata. Conseguiu elevado prestígio
entre os seus colegas, gozando de justa projeção nos
meios sociais. Aficionado dos esportes, criou largo círculo
de amizades nas rodas desportivas, em época em que o futebol
não era unanimidade nas elites do país.
Faustino Esposel desencarnou na
capital federal, às 17 horas do dia 16 de setembro de 1931,
com 43 anos 1 mês e 7 dias. O sepultamento foi numa quinta-feira,
no dia 17, às 16:30h, no cemitério de São João
Batista (registro 9817 – Quadra 12, Nº RG Livro 775 –
p. 17). O corpo saiu da residência. Missa de 7º dia foi
celebrada em 23.9.31, às 10 horas, na igreja da Candelária.
Antônio Austregésilo,
amigo de infância, assinou o atestado de óbito, nele
fazendo constar, como causa da morte, apenas uremia. Era portador
de uma nefrite crônica. Entretanto, os familiares sabiam e
alguns descendentes vivos sabem que ele desencarnou de câncer,
o que foi omitido por todos os jornais da época, que apenas
mencionaram, como era praxe nesses casos, "a violência
da súbita enfermidade que o acometeu" sendo "todos
os esforços impotentes no combate ao mal insidioso"
(Diário de Notícias, 17.9.31); ou "acometido
de moléstia aguda, que sobreveio inesperadamente" (Jornal
do Commércio, 17.9.31). Quando do falecimento, o amigo Antônio
Austregésilo fez um panegírico, inserido em Arquivo
Brasileiro de Medicina, nº 8, de 1931 (Biblioteca Nacional).
Em 29.9.1927, Faustino Esposel inscreveu-se
à vaga aberta na Academia Nacional de Medicina decorrente
da passagem de Teófilo de Almeida Torres, membro titular
da Seção de Medicina Geral, para a classe dos Membros
Titulares Honorários. Apresentou juntamente com os seus trabalhos
a memória intitulada "Em torno do sinal de Babinsky".
Aprovado, a eleição teve lugar em 17.11.1927 e a cerimônia
de posse na sessão de 24.5.1928, sob a presidência
do acadêmico Miguel Couto, que designou os acadêmicos
Antônio Austregésilo e J. E. da Silva Araújo
para acompanhar o novo acadêmico ao recinto. Fez-lhe a saudação
de paraninfo o acadêmico Joaquim Moreira da Fonseca. Com o
seu falecimento, sua poltrona passou a ser ocupada pelo acadêmico
Odilon Gallotti, eleito em 23.6.32 e empossado em sessão
de 25.6.36. Na sessão de 30.6.32 a Academia promoveu uma
homenagem a Faustino Esposel, discursando na ocasião o orador
oficial Alfredo Nascimento. Tenho em meus arquivos todos os discursos
pronunciados naquela instituição.
Faustino Esposel era católico.
Militou na União Católica Brasileira. Foi congregado
mariano. Comungava com freqüência, o que era hábito
da maioria religiosa daquela época.
Tinha ficha de cadeira cativa do Clube de Regatas do Flamengo, dos
anos de 1925 a 1930. Foi presidente do clube no biênio 1920-1922,
depois de 1924 a 1927, ano este em que renunciou, assumindo Alberto
Borgerth. Em 1928 voltara à presidência, não
tendo completado o mandato em virtude da doença. Na assembléia
de 23 de dezembro de 1920, quando o presidente já era Faustino
Esposel, o Flamengo aprovou o seu novo uniforme, usado até
hoje. Em 1926, os Guinle pediram a devolução do imóvel
que estava arrendado ao clube. Fez-se então uma campanha
de arrecadação junto ao quadro social para a aquisição
de um local próprio. Desde 25 de março de 1925, Faustino
Esposel havia reunido a diretoria comunicando a disposição
do então prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Antônio
Prado Jr., de ceder uma área de mais de 34 mil metros quadrados
às margens da lagoa Rodrigo de Freitas. Após negociações
que se sucederam com o prefeito Alaor Prata, o presidente Faustino
Esposel obteve a desejada área na Gávea.
O primeiro jogo ali promovido, ainda
sem muro e cercado por madeiras, aconteceu sob a presidência
de Faustino Esposel, no dia 26 de novembro de 1926, entre a Liga
de Amadores de Foot-Ball (São Paulo) e a Association de Amateurs
de Argentina. Nesse período, Oscar Esposel, irmão
de Faustino e conselheiro do clube, propôs a inauguração
do estádio da Gávea em 15 de novembro de 1938, quando
o Flamengo estaria completando 43 anos de fundação.
Mas a festa acabou acontecendo antes, no dia 4 de setembro daquele
ano com um jogo entre Flamengo e Vasco, vitória vascaína
por 2 a 0 que, no entanto, não abafou a alegria rubro-negra,
por estar com a nova casa concluída.
Entusiasta dos esportes e da educação
física, que sempre cultivou, pertenceu a muitas associações
esportivas em que exerceu cargos técnicos e administrativos
e de que foi presidente por diversas vezes, como a Associação
Metropolitana de Esportes Atléticos e a Federação
Brasileira de Desportes.
Há dois retratos de Faustino
Esposel na sede do Flamengo, na Gávea. Outro, de corpo inteiro,
não está, como alguns parentes supunham, no gabinete
do Deolindo Couto, de quem foi professor. Constatei que se encontrava
no corredor escuro da Faculdade de Medicina, então na praia
Vermelha (hoje não existe mais). Existe também um
quarto quadro, em que ele está de meio-perfil, na residência
da Maria Laura Hermida de Salles Gomes (Mariazinha), em Cambuquira,
na rua Getúlio Vargas, 141.
Um último registro: Antônio
Austregésilo, talvez o maior amigo do Faustino, chegou a
presentear Odette com livros de André Luiz.
Bem, eis o que posso adiantar. Tenho
muitas outras informações, mas meu acervo completo
só pode ser aberto realmente em livro, dados os comentários
e as explicações que o tema exige. Aí então
farei a necessária análise comparativa com o livro
Nosso Lar e outros da série. Devo salientar, desde logo,
que André Luiz fez pequenas modificações para
despistar o leitor, em obediência à preocupação
exposta no prefácio de Emmanuel no sentido de ocultar sua
verdadeira identidade, o que ele mesmo reafirma na mensagem de abertura
("Manifestamo-nos, junto a vós outros, no anonimato
que obedece à caridade fraternal.") Noutras ocasiões
deixou pistas insuspeitadas. Mas, num único ponto a modificação
não foi pequena, ou melhor, foi radical: a família
deixada na terra. Na verdade, Faustino Esposel não deixou
filhos. Então, quem são aquelas pessoas referidas
no livro? Segundo explicação do Chico, apresentada
desde 1975, são todos membros de uma família de que
o Faustino era membro em encarnação anterior. A fim
de ilustrar os ensinamentos ele foi buscar a situação
doméstica no seu passado mais remoto.
Outros detalhes que posso antecipar:
- André Luiz informa que
foi assistido na colônia Nosso Lar por um médico chamado
Henrique de Luna. Na terra, De Luna (médico, com esse mesmo
nome) era contemporâneo de Faustino Esposel.
- André Luiz narra em Nosso
Lar que teve quinze anos de clínica. Formado em 1910, consta
que a partir da segunda metade da década de 20 ele viveu
muito mais para o magistério e trabalhos intelectuais ligados
à medicina, além das atividades desportivas.
- Luísa, a irmã que
André Luiz conta ter desencarnado cedo, quando ele era "pequenino",
na verdade era um irmão (Adolfo Monteiro Esposel), desencarnado
com apenas quatro meses, em 1886, dois anos portanto antes de ele
nascer.
- Quem privou muito da proximidade
de Faustino Esposel foi um porteiro que, até meados da década
de 70, embora aposentado, ainda costumava freqüentar o Pinel.
Disse-me conhecer toda a vida do professor Faustino Esposel, que
ele atendia muitos doentes de graça e que era famoso de verdade.
A par disso, aludiu a alguns fatos que se ajustam perfeitamente
ao que está confessado nas páginas de Nosso Lar. E
confirmou, inclusive, detalhes de comportamento que o próprio
André Luiz também não escondeu no livro.
Rio de Janeiro, 1º de julho de 2005
LUCIANO DOS ANJOS
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Em
Nosso Lar, André Luiz narra:
"As velhas árvores
do bairro, o mar, o mesmo céu, o mesmo perfume errante."
"O vento, como outrora, sussurrava carícias no arvoredo
do pequeno parque. Desabrochavam azáleas e rosas, saudando
a luz primaveril. Em frente ao pórtico, ostentava-se, garbosa,
a palmeira que, com Zélia, eu havia plantado no primeiro
aniversário de casamento."
Eis a residência de André Luiz, na rua Martins Ferreira
nº 23, zona sul do Rio, ali onde a enseada de Botafogo, de
um lado, e o mar da praia de Copacabana, de outro, faziam "o
vento, como outrora" sussurrar "carícias no arvoredo
do pequeno parque". Atualmente a enseada ficou bem mais distante,
com o extenso aterro feito na década de 50. E ergueram-se
inúmeros edifícios no derredor. As azáleas
estavam lá até pelo menos meados de 1950, tanto quanto
a palmeira que, segundo me confessaram duas sobrinhas do Faustino
Esposel, existiu, sim, mas... não era tão garbosa
assim. Coincidente e curiosamente, colocaram em frente ao pórtico
uma palmeirinha, num vaso decorativo. Hoje a casa pertence a uma
poderosa instituição católica, tendo instalado
ali uma creche.
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O AVÔ DE ANDRÉ
LUIZ E OS SILVEIRAS
E agora, vamos a duas explicações
que eu gostaria de reservar para o meu livro. São tantos
os e-mails a tal respeito que resolvi abrir mais essa exceção
e adiantar as respostas.
1. Como se chamava o avô do Faustino Esposel, que em No Mundo
Maior, no cap. 18, aparece com o nome Cláudio M... ?
R. Chamava-se exatamente José Maria dos Anjos Esposel. Houve
apenas a troca de José para Cláudio. O segundo nome
foi preservado mediante apenas a inicial M. Por que isso? André
Luiz trocou todos os nomes da sua família. Bastaria inventar
mais um sobrenome qualquer. Por que, no caso do seu avô, ele
resolveu deixar a pista do M ? Bem, primeiramente vamos reler os
seguintes trechos daquele capítulo:
Esfarrapados, esqueléticos,
traziam as mãos cheias de substância lodosa que levavam
de quando em quando ao peito, ansiosos, aflitos. Ao menor toque
de vento, atracavam-se aos fragmentos de lama, colocando-os de encontro
ao coração, demonstrando infinito receio de perdê-los.
E indicava com ufania os punhados de lodo a escorregar-lhe das mãos
aduncas.
Tornando ao pretérito, reconheci que vigoroso laço
me unia àquele desgraçado que ainda sofria o pesadelo
do ouro terrestre, carregando placas de lodo que premia enternecidamente
ao coração.
– (...) O patrimônio, acumulado à custa das dificuldades
alheias, converteu-se em lodacentos detritos.
Meu avô pôs-se a contemplar as massas de lama que sobraçava,
e gritou, aterrorizado.
André Luiz resolveu deixar
a pista do M porque representava algo mais além do simples
M de Maria. José Maria dos Anjos Esposel, devido à
sua personagem pouco lisonjeira, fora apelidado, por alguns imigrantes
portugueses radicados naquela área, pela alcunha de José
M... Desculpem, mas não devo completar o que André
Luiz não completou, e que todos vocês já podem
imaginar e que no livro foi substituído por lama. Não
era exatamente a palavra chula que nós bem conhecemos aqui
no Brasil, mas uma outra dela derivada e completada pelo sufixo
oso, sem entretanto se tratar da palavra medroso. Mas é quase
isso. E nossos dicionários nunca registraram o termo. Fui
encontrá-lo somente num velho dicionário editado em
Portugal, em 1873, o Grande Diccionario Portuguez ou Thesouro da
Lingua Portugueza, pelo Dr. Fr. Domingos Vieira, Porto, editores
Ernesto Chardron e Bartholomeu H. de Moraes, 5 vols.
Aí está, pois, por que a exceção aberta
por André Luiz. Ele quis realmente deixar uma pista inquestionável,
embora o simples M de Maria já fosse mais do que convincente.
2. Quem eram os Silveiras?
R. - O pai do Faustino protestou impiedosamente as promissórias
do Silveira, "cliente e amigo", com o encorajamento do
filho, que era "muito jovem ainda" (cap. 35 de Nosso Lar).
Pelos cálculos, Faustino Esposel de fato era, na ocasião,
ainda adolescente e, já vaidoso, nem "conseguia enxergar
as necessidades alheias". Descendentes do Faustino não
souberam exatamente de quem se tratava, mas sabiam da existência
da família Silveira Alves, admitindo que talvez se chamasse
Francisco Silveira Alves. (André Luiz suprimiu o último
nome Alves.) Sim, os Silveiras eram amigos da família Esposel
desde longa data. A mãe de Francisco Silveira Alves era madrinha
de João Maria dos Anjos Esposel, pai de Faustino Esposel,
como consta do assentamento do batismo, celebrado em 2.8.1847, na
Catedral e Capela Imperial de Nossa Senhora do Monte do Carmo, e
lançado no livro AP 1199, fls. 128 v. Eis os termos:
Aos dois dias de agosto de mil oitocentos
e quarenta e sete nesta Catedral e Capela Imperial de Nossa Senhora
do Monte do Carmo desta Cidade e Corte do Rio de Janeiro batizei
e pus os Santos Óleos solenemente no inocente João
filho legitimo de José Maria dos Anjos Esposel e de Margarida
dos Anjos Esposel, recebidos em matrimônio nesta Capela Imperial,
nasceu a vinte e nove de maio do corrente ano; foram padrinhos Manoel
Joaquim de Paiva e senhorinha Silveira Alves de que para constar
fiz este assento.
O Coadjutor Manoel Antônio Cabral.
À época da crise,
em 1900, ela já era desencarnada ou estaria com 71 anos.
Casou-se em 1848 com o primo José Silveira Alves, nascendo
no ano seguinte o filho Francisco Silveira Alves. É à
mulher desse Francisco que André Luiz se refere em Nosso
Lar, chamando-a "a senhora Silveira". Sua filha (neta,
portanto, da madrinha do pai do Faustino), André Luiz a designa
por "senhorita Silveira", ou seja, mesma condição
da avó (senhorinha Silveira) quando acontece o batismo de
João Paiva dos Anjos Esposel. (Com o tempo ninguém
mais usou o termo senhorinha, daí a atualização
de André Luiz.)
Bem, outros elementos ficam para
o meu livro, que as más línguas já dizem que
estou preparando para ganhar dinheiro. Esclareço que de todos
os livros que até hoje publiquei alusivos à doutrina,
os meus direitos autorais foram sempre doados a instituições
espíritas, como será o caso de mais esse. Não
ganho dinheiro com o espiritismo. Aprendi isso inclusive com André
Luiz.
LUCIANO DOS ANJOS
Rio, 8.8.05
(Exatamente 117 anos do nascimento de Faustino Esposel)
RESPOSTAS SOBRE A IDENTIFICAÇÃO
DE ANDRÉ LUIZ
Tornou-se infactível, para
mim, responder individualmente a todos os que me têm escrito
e se manifestado a respeito da identificação do André
Luiz. Peço desculpas pelo recurso que vou usar, a fim de
contornar a dificuldade. Agradeço sinceramente os aplausos
e as recriminações, entre estas algumas bastante virulentas,
mas dentro do direito livre de se posicionar. Só repilo dois
e-mails que extrapolaram a mínima educação
social e incluíram até palavrão. Um deles apenas
com iniciais e reticências, como se tais reticências
abrandassem a deselegância. O outro não mediu o destempero
e foi porcamente explícito. Acho que quando a pornografia
entra no texto, não existe democracia que consagre.
Houve ainda determinados casos em
que encaminhei resposta direta. Tive razões.
Assim, vou apresentar alguns e-mails
cujos textos, doravante transcritos, são os de quem assinou
(apliquei apenas as iniciais), mas que contêm as mesmas dúvidas
ou colocações repetidas em muitos e muitos outros.
A resposta, portanto, valerá para todos. E aqueles a quem
não escrevi diretamente e nem estiverem incluídos
aqui, respondo-lhes que suas questões serão completamente
esclarecidas no meu livro, já que demandam detalhes bem mais
extensos e, por isso mesmo, impossíveis de se conterem em
e-mails.
LUCIANO DOS ANJOS
Rio, 7.9.05
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1. Pelo que você nos traz
ele era um homem religioso. Isto não estará em desacordo
com o que relata logo no primeiro capítulo de Nosso Lar ?
(LL)
R. André Luiz não
nega, em Nosso Lar, que era religioso, embora sem maiores convicções
diante, por exemplo, dos conceitos de inferno e purgatório.
Encarnado, como Faustino Esposel, ele se diz católico e praticante,
mas, regra geral, é o que os médicos diziam e faziam
na primeira metade do século passado. Todos, com as históricas
exceções, se diziam católicos praticantes e
cumpriam religiosamente, em demonstrações exteriores,
o seu papel clássico e conservador. Era a época em
que os psiquiatras asseguravam que o espiritismo levava à
loucura. Aliás, ainda hoje há muita gente que cumpre
o ritual católico, mas não acredita em nada da sua
esgarçada doutrina.
2. Prefiro tomar como hipótese, forte, mas uma hipótese.
(FM)
R. Uma hipótese é
sempre uma suposição a verificar. Já fiz a
verificação, cujos registros passei, em parte, para
o público. Do ponto de vista da pesquisa e cientificamente
falando, não se trata mais de hipótese. Salvo se você
mesmo deseja fazer essa verificação. Não está
impedido e tem todo o direito. Chegará, com certeza, às
minhas mesmas conclusões. Asseguro.
3. Não cola. Está aqui bem expresso nestes escritos
o reconhecimento por André Luiz, e outros do seu tempo, o
seguinte: 1º De que era um bom católico e empenhado
em obras de beneficência. 2º O reconhecimento de Deus
e do seu poder. 3º O reconhecimento de que algo haveria além
do conhecido cientificamente. Se existe confusão nesta altura,
pertence a quem a criou reparar a mesma. (EA) [Os escritos aludidos
são os que eu, LA, distribuí pela internet.]
R. Em trecho algum da série
Nosso Lar, André Luiz diz que foi ateu ou materialista, mas
apenas "que detestava as religiões no mundo" (cap.
2). Define-se indiretamente como católico, embora a seu modo.
"De fato, conhecia as letras do Velho Testamento e muita vez
folheara o Evangelho" (cap.1). E interpretava as escrituras
"com o sacerdócio organizado" (idem).
"Conhecia, apenas, a idéia do inferno e do purgatório,
através dos sermões ouvidos nas cerimônias católico-romanas
a que assistira, obedecendo a preceitos protocolares" (cap.
12). Já em textos sobre Faustino Esposel, alguns dos quais
distribuí pela internet, seus colegas escreveram que ele
era católico e crente de Deus. E era mesmo. Se era um bom
católico, na sua absoluta acepção e sinceridade,
não se soube, mas, pela confissão em Nosso Lar, verificamos
que foi um católico formal, sem convicção.
Empenhado na assistência ao semelhante, André Luiz
também diz ter sido, pois "nos quinze anos de sua clínica,
também proporcionou receituário gratuito a mais de
seis mil necessitados" (cap. 14). O reconhecimento de Deus
e do seu poder não é negado, tanto que, após
muito sofrimento, começou "a recordar que deveria existir
um Autor da Vida, fosse onde fosse", idéia que, explica,
o confortou (cap. 2). Considerava-se "igualmente, filho de
Deus, embora não cogitasse de conhecer-lhe a atividade sublime
quando engolfado nas vaidades da experiência humana"
(cap. 2). Acho, assim, que não sou bem eu que estou fazendo
a confusão.
4. Eu penso mesmo se não poderíamos obter novas comunicações
dele para constatarmos qual seriam suas idéias atualmente
tendo em conta que ele observava e se preocupava segundo o texto
ora apresentado com os caminhos da medicina da sua época.
(LGS)
R. As idéias atuais de André
Luiz a esse respeito estão todas na sua maravilhosa série.
Para isso, pois, não necessitamos de novas comunicações.
5. O que sinceramente não compreendo é o motivo de
se colocar a verdadeira identidade do autor espiritual de Nosso
Lar, imerso num verdadeiro labirinto e trancafiado por incontáveis
chaves, por parte de alguns médiuns. Sabemos hoje que Carlos
Chagas não é André Luiz! Não seria mais
coerente dizer: Sei quem é mas não vou falar! Ao invés
da dica-despista? (AVF)
R. Será que passou pela cabeça
de alguém que o Chico e o Waldo não soubessem quem
é o espírito André Luiz? Claro que sempre souberam
e, se nunca falaram que sabiam, foi exclusivamente para não
ensejar indagações e pressões que fatalmente
ocorreriam. A coerência deles estava justamente na certeza
de que todos sabiam que eles sabiam.
6. Muito bom saber o verdadeiro nome de André Luiz, porém,
mesmo que tenha cometido muitos erros, o verdadeiro nome que conheço
é André Luiz, o mensageiro. Sobre o livro a respeito
de André Luiz, você não acha que sendo Roustanguista,
assim como eu, as pessoas possam duvidar de sua pesquisa? (MM)
R. Não sei bem o que Roustaing
possa ter a ver com essa pesquisa, mas de fato tudo é possível
do lado dos fanáticos. Talvez você acabe tendo razão,
já que andaram me enviando algumas críticas baseadas
nessa premissa. Mas vamos lá. Penso que somente alguém
completamente cego pode duvidar de uma pesquisa com tantos elementos
de comprovação. Porém, nada devemos estranhar.
Tomé que era Tomé também duvidou. Quanto à
outra parte da indagação, é óbvio que
erros foram cometidos por ele, mas resgatados pelo menos com oito
anos de Umbral e um desempenho de caridade maravilhoso na colônia
Nosso Lar. Quem dera que todos nós seguíssemos seu
exemplo. Por isso mesmo, André Luiz continuará a ser
o André Luiz que todos aprendemos a admirar.
7. Você começa o texto dizendo que o Faustino Monteiro
Esposel nasceu na rua dos Araújos nº 10, bairro do Engenho
Velho, cidade do Rio de Janeiro, em 10.8.1888. Depois que você
fala sobre os muitos sobrinhos de Faustino Esposel, no parágrafo
seguinte, você diz: Faustino Esposel nasceu na capital federal,
no dia 24 de outubro de 1888. Fiquei confusa com relação
às duas datas de nascimento do dr. Faustino Esposel. Ficarei
muito agradecida se você me tirar essa dúvida. (NMC)
R. Fruto da minha pressa, já
corrigi o equívoco em e-mail posterior. Vale a primeira data.
Faustino Monteiro Esposel nasceu em 10 de agosto de 1888 e desencarnou
em 24 de outubro de 1931, com 43 anos, 1 mês e 7 dias.
8. Enfim, André Luiz era bom ou era mau? (PP)
R. Hoje, na condição
de espírito desencarnado, sabemos todos da bondade dele.
Da vida de encarnado, como Faustino Esposel, não ouso fazer
qualquer avaliação. André Luiz foi o que está
narrado e confessado por ele mesmo em sua obra, principalmente em
Nosso Lar. Que seja lido e avaliado por cada leitor.
9. Não creio haver acréscimo significativo aos atributos
de amor e humildade deste iluminado espírito que é
André Luiz. Era da vontade dele que permanecesse oculto seu
nome da última existência, alguma causa deveria ele
ter. Não nos convém julgar esta causa, também
sobre os comentários do nosso querido Chico. Gostaria de
te pedir que fosse consultado o próprio André Luiz
para saber de suas intenções, com a finalidade que
não fosse invadida sua vontade e privacidade. (MB)
R. A vida toda a humanidade buscou
a comprovação da existência do Jesus histórico,
exatamente para que sua doutrina ganhasse ainda maior beleza e relevo.
Se não nos interessasse conhecer bem de perto as pessoas
e os missionários, então que todos deixassem de lado
a existência real de Jesus, porque, afinal, o que vale é
a doutrina que está legada nos Evangelhos, seja lá
quem a tenha pregado. Mas esses todos que juram o desinteresse são
muito dissimulados, pois no fundo das consciências sempre
estiveram interessadíssimos em saber quem era André
Luiz, para o que viviam interrogando o Chico e o Waldo até
com certa inconveniência e impertinência. Tantos escrúpulos
de agora são tão intempestivos que seus portadores
nunca reclamaram sobre o que se escreveu até hoje em relação
ao Carlos Chagas.
No mais, tenho quase plena certeza
de que André Luiz não está desgostoso com meu
trabalho, pois ele mesmo nunca escondeu o que fez de errado e, se
nunca quisesse que descobrissem quem ele foi, não teria deixado
tantas pistas. Principalmente sabendo que por aqui estava encarnado
um jornalista perseverante chamado Luciano dos Anjos. Você
gostaria que eu consultasse o próprio André Luiz sobre
as minhas intenções. Nunca o fiz nem o faria porque
de antemão eu sempre soube, como todos nós, que ele
não queria identificar-se ainda. E agora essa medida perdeu
a razão de ser, pois o Chico está desencarnado e o
Waldo resolveu, por ele mesmo, como já contei, acabar com
o mistério. Por último: se a identificação
nada acrescenta à obra, que é que o silêncio
acrescentou até hoje? Ora, a obra é a obra.
10. O senhor pode me dizer se é uma fonte segura? (TG)
R. Como? Se sou fonte segura? Ah,
claro. Seguríssima. Pode crer.
11. Você acredita que com essas revelações haverá
alguma mudança no movimento espírita sobre as obras
de André Luiz? O que foi que o motivou a revelar essas informações,
já que o próprio André Luiz omitiu seu verdadeiro
nome e o Chico o alertou para não o divulgar? (ALBC)
R. Foram as circunstâncias
já por mim explicitadas que me levaram à revelação
pública. Não fossem tais circunstâncias e, como
eu sempre desejei, o segredo permaneceria apenas com meu filho para
decisão futura, a critério dele. Quanto a provocar
mudanças no movimento espírita, é claro que
nenhuma ocorrerá. O movimento espírita entrou por
um atalho tenebroso (ver meu livro O Atalho), que só reverterá
pela conscientização das bobagens que vêm sendo
praticadas sob as ordens das atuais lideranças, ambiciosas
e enceguecidas quanto ao papel do espiritismo. Tais lideranças
não se interessam mais pela doutrina; apenas pela organização.
12. O Chico Xavier não poderia ter feito com você o
que fez com outros, isto é, confirmado que André Luiz
é o Faustino Esposel somente para agradar? (EZV)
R. Comigo ele agiu diferentemente,
tal como irei narrar em meu livro. Confirmou e recomendou que nada
fosse revelado. A reação, portanto, foi completamente
outra. Mesmo porque ele já havia feito à família
a promessa do silêncio. Conto mais. Tenho em meus arquivos
cartas do Chico sobre assuntos até mais graves e mais importantes
que esse, mas ele colocou no alto, em manuscrito, a recomendação:
"confidencial". Não obstante, nada me impede de
exibir essa recomendação (apenas o pequeno trecho
manuscritado da recomendação, é claro) para
quem o desejar, e pessoalmente, e em minha casa. Quero dizer com
isso que o Chico não usaria de subterfúgios comigo,
pelo menos em relação a esse assunto, sobre o qual
tinha a certeza de que eu chegara à identificação
correta.
13. Por que o Chico disse para tantas pessoas que o André
Luiz era o Carlos Chagas? (ALP)
R. Disse? Ou levaram o Chico a dizer?
E como foi que disse, em que tom? Falou na forma direta ou apenas
abriu aquele meigo sorriso, deliciosamente cristão, e respondeu
com alguma confirmação oblíqua? Mas se disse
mesmo, de verdade, não seria isso um desrespeito ao desejo
do anonimato expresso em Nosso Lar? Eu pesquisar e descobrir é
uma coisa; outra bastante diferente e estranha seria o próprio
Chico romper o segredo. Então, se disse mesmo, todas as críticas
que me estão sendo feitas deverão ser direcionadas
para o Chico. Salvo se extrairmos da sua informação
- no caso de haver realmente dito - que ele disse porque sabia perfeitamente
que André Luiz não era o Carlos Chagas nem nenhum
outro dos perguntados. Assim, sua posição junto à
família e principalmente junto ao André Luiz e ao
plano espiritual ficou perfeita e eticamente resguardada.
14. A família do Faustino Esposel foi poupada; e a do Carlos
Chagas? (H)
R. Nada tenho com isso. Não fui eu que inventei a identificação
do Carlos Chagas. Mas posso perfeitamente explicar a situação.
A família do Faustino precisava ser poupada; a do Carlos
Chagas, talvez não. Mesmo porque, quem na família
do Carlos Chagas não gostou - e houve esse caso concreto
- fez a devida comparação e verificou que sua vida
e sua história não tinham nenhum encaixe com a do
espírito, preferindo rir e achar que os espíritas
são malucos. Assim, não havendo nenhum encaixe, a
propalação do erro não abalou ninguém,
ainda mais que nunca apareceu qualquer texto escrito ou gravado
pelo Chico e pelo Waldo confirmando a hipótese. A propalada
identificação acabou então sendo considerada
piada.
Com a família do Faustino
a situação foi sempre outra. Os encaixes tinham tudo
a ver. Conhecedores da história íntima dos Esposel,
os descendentes sabiam que tudo tinha a ver. E não desejavam
a divulgação. Por outro lado, há que levar
em conta que as reações, diante desses tipos de casos
considerados escandalosos, nem sempre são necessariamente
iguais. Há quem não ligue, mesmo sendo verdade; e
há quem fique muito aborrecido, mesmo sendo infundado.
15. Li no site do André Luiz um internauta afirmando que
ninguém sabe quem foi André Luiz, mas que André
Luiz era português. Que é que você acha dessa
"descoberta"? (AFS)
R. Se ninguém sabe, como
é que ele sabe que André Luiz é português?
Essa é de dar nos cascos...
16. André Luiz está feliz com isso tudo? (OA)
R. Espero que esteja. Ele hoje é
um espírito bastante modificado pela dor, pelo aprendizado,
pelo trabalho. Espírito bom e evoluído, não
creio que se sinta infeliz com uma revelação para
a qual ele mesmo contribuiu, deixando várias pistas.
17. Como era o tipo da pessoa Faustino Esposel? (PNAC)
R. Bem, não sei exatamente
o que você quer dizer com tipo, mas aqui vão alguns
traços e informes colhidos junto aos seus contemporâneos
e familiares.
Faustino Esposel era considerado,
profissionalmente, muito duro, muito pragmático, mas também
muito respeitado pelo seu conhecimento e sua autoridade. Tinha de
fato cultura, talento. Foi justamente homenageado quando da sua
desencarnação, até com suspensão de
aulas. Na área esportiva era nome de projeção.
Adorava futebol, adorava o Flamengo do Rio de Janeiro (espírita
que não torce pelo Flamengo deve estar frustrado...). Foi
autor, em 1929, de um anteprojeto de lei sobre educação
física. Valorizava muito o corpo, a compleição
física. Era charmoso, elegante, sempre bem vestido. Consideravam-no
um homem bonito.
Tinha recursos financeiros, herdeiro
de bom patrimônio e era direta e indiretamente ligado a estirpes
de largo prestígio e alto padrão social. Gostava da
família, amava de verdade a mulher com quem esteve casado
apenas nove anos, de 1822 a 1931, quando desencarnou. Ela nunca
o esqueceu até à desencarnação, em 1978.
Católico, não acreditava em espiritismo, não
se lhe tendo ouvido publicamente qualquer apoio ou endosso. Conta-se
que atendia sem cobrar a pessoas menos aquinhoadas. Fazia extravagâncias
que, aliás, podem ser conferidas na sua narrativa em Nosso
Lar.
18. Faustino Esposel, você mesmo disse, não deixou
filhos. Como explica-se a história da esposa Zélia
e dos três filhos que André Luiz diz em Nosso Lar?
(CDK)
R. É verdade. Faustino Esposel
não deixou filhos. Mas esse momento da história está
ligado ao passado reencarnatório. É por sinal uma
história muito bonita e muito lógica, embora muito
amarga. Será contada com detalhes em meu livro. Tudo está
certo. Tudo faz sentido.
19. Li o texto escrito a respeito da identidade de André
Luiz. Achei que o trabalho de pesquisa foi bem feito e apresenta
muita coerência. Gostaria de uma opinião sobre esta
idéia de que André Luiz foi Carlos Chagas. Agora que
um livro psicografado oferece esta informação (na
qual não acredito) parece que isso virou febre. E outro autor
veiculou matéria no Anuário Espírita de 2004
afirmando que o próprio Chico teria dito a ele que André
Luiz foi Carlos Chagas. Isso teria ocorrido durante uma conversa
com o também médico e cientista Carlos Chagas Filho,
segundo a referida matéria. Como entender tal afirmação?
Como compreender a informação do livro? Minha pergunta
não tem por intuito colocar à prova a sua informação.
Muito pelo contrário. Acho que está mais bem fundamentado
que os demais. Só gostaria de entender como uma mesma fonte
mediúnica (Chico Xavier) poderia emanar informações
tão díspares (ou provocar interpretações
tão díspares por parte de alguns indivíduos).
(LF)
R. O livro a que você se refere,
Do Outro Lado do Espelho, é um estendal de tolices e absurdidades.
Nada do que dele consta é para ser levado a sério.
Quem conhece a doutrina espírita percebeu de pronto que tudo
ali é engodo, distorção, incoerência.
Portanto, você fez bem em descartar como fantasia (do médium
ou do espírito) aquele encontro com André Luiz e a
informação de que ele é o Carlos Chagas. Quanto
à eventual disparidade da fonte mediúnica, ela passa
a ser entendida na medida em que conhecemos de perto e na intimidade
algumas pessoas. Conto aqui uma pequena história. Certa vez
um escritor espírita esteve em Uberaba e, na sua costumeira
perturbação, afirmou para o Chico que ele, O.P., era
a reencarnação de Allan Kardec. Você acha que
o Chico desmentiu ou simplesmente o contrariou? Não. Ouvindo
aquela maluquice (ele fundara uma instituição que
se tornou famosa pelos mais quadrados desvios doutrinários),
Chico Xavier sorriu e perguntou embevecido: "Que bom, meu filho...!
E como vai a Amélie Boudet...?" A partir desse encontro
o coitado afirmava categoricamente que o Chico havia confirmado
que ele era Allan Kardec. Esse era o Chico que, diante dessas situações,
por amor e bondade insuperáveis, escorregava que nem sabonete.
Assim, depois que a Dinorah Simas involuntariamente propiciou com
seu desenho psicopctográfico a "revelação"
de que André Luiz era o Carlos Chagas, dificilmente o Chico
a desmentiria.
20. Não concordo com aquele site em que um diz que o senhor
não passa de um fuxiqueiro ao se intrometer na vida particular
de André Luiz quando era o dr. Faustino Monteiro Esposel.
Acho importante sabermos quem são nossos guias, o senhor
não acha? (AJJP)
R. A levarmos a sério esse
crítico, todo biógrafo deveria merecer o mesmo epíteto.
E que dizer desse outro, que andou se metendo nas relações
privadas daquela carregadora de água, expondo-lhe a vida
íntima para toda a humanidade e por todos os séculos
afora? "Vai, chama o teu marido e volta aqui." "Não
tenho marido", respondeu a mulher. Jesus lhe disse: "Falaste
bem: não tenho marido, pois tiveste cinco e o que agora tens
não é teu marido; nisto falaste a verdade." (Jo.
4:16-19.)
Evidentemente o bom senso indica
que não se vai sair por aí contando a vida privada
de todo mundo. Mas há os casos excepcionais, como o diálogo
de Jesus (quem de nós tem autoridade para achar que Jesus
errou?) e aqueles relativamente a personagens de relevo na vida
pública, cujos deslizes e acertos são sempre ensejo
ao exemplo e ao ensinamento. André Luiz-Faustino Esposel
é personagem universal que perdeu o direito à privacidade,
como todos os grandes líderes religiosos, os grandes mártires
da humanidade ou as grandiosas figuras evangélicas. Não
há como esconder a vida de um mito.
21. Por que devo acreditar na confirmação do médium
Waldo Vieira, um péssimo médium que abandonou o espiritismo?
(RCVS)
R. Waldo Vieira, ao contrário
de péssimo, foi um grande médium, dos melhores que
já encarnaram. Ao psicografar poesia, por exemplo, ele era
imbatível, até melhor que Francisco Cândido
Xavier que, por sua vez, era fantástico. A poesia que recebeu
foi sempre primorosa, o que não surpreende, já que
ele é a reencarnação de um dos maiores poetas
do mundo. O que aconteceu depois do seu afastamento de Uberaba é
outra etapa da sua vida que não vem ao caso analisar aqui.
Por sinal, conheço essa história em detalhes. As obras
que recebeu de André Luiz, em parceria com o Chico, são
excelentes. E, é óbvio, ninguém melhor do que
os dois para saber quem é André Luiz. Ambos afirmaram
que se trata de Faustino Esposel, com a devida cautela que a revelação
sempre exigiu.
22. Médium que publicou uma entrevista que fez no mundo espiritual
com o Carlos Chagas, confirmando ser ele o André Luiz. Como
é que fica isso tudo? (C)
R. Não fica, meu caro. Ou
melhor, fica muito ruim para esse médium. Já respondi
aqui a uma outra indagação semelhante. Estou aproveitando
para, em complemento, registrar que foi esse mesmo médium
que escreveu também que a colônia Nosso Lar tem apresentado
quebra de padrão social devido à superpopulação;
que Tomás Torquemada virou cobra; que um elemental reencarnou
como homem, não gostou e voltou a ser duende; que o elemental
resolveu mostrar que tinha poder e fez uma demonstração
de chuva. No mais, temos ainda a leitura de algumas grosserias,
numa linguagem inapropriada à literatura espírita.
(Na Próxima Dimensão e Do Outro Lado do Espelho).
23. Não ser Carlos Chagas e ser Faustino Esposel que é
até certo ponto um ilustre desconhecido parece que representa
uma descida na escala dos graus humanos, não? (DFF)
R. Esse paralelo não é
nada fundamental, se levada em conta a transformação
havida com Faustino Esposel na espiritualidade e a missão
que depois aceitou e cumpre até hoje com coragem e amor.
É isso que tem peso. Nem sempre é a fama que assegura
o crescimento. Contudo, mesmo sendo feita essa comparação,
você se engana. É temerário afirmar qual dos
dois seria o de maior nome. Vou transcrever o pequeno resumo que
a meu pedido fez o neuropediatra Alexandre da Silva Costa, da UFRJ
e membro do Grupo dos Oito, de estudo e prática espírita
que reúno semanalmente há quase trinta anos. Para
não provocar interrupção demasiado longa neste
seqüenciamento de respostas, estou incluindo o texto no final
do e-mail.
24. Nas pesquisas você conseguiu saber outras encarnações
de André Luiz? (DBA)
R. Essa informação
constará do meu livro. Segundo revelação feita
pelo Chico Xavier à família do Faustino Esposel, com
o testemunho da amiga Maria Laura, André Luiz foi, na encarnação
anterior, da fidalguia inglesa, muito ligado a Ana Bolena (1507-1536),
segunda esposa de Henrique VIII, rei da Inglaterra. Aliás,
Ana Bolena está reencarnada aqui no Rio de Janeiro, conforme
poderá ser lido em outro livro meu a ser publicado em breve
e intitulado Quem foi Quem.
25. O pai e o avô do Fernando Esposel, pelo que li no que
você escreveu, têm no sobrenome "dos Anjos".
O sr. por acaso é da mesma genealogia? (MCAC)
R. Não passa de mera coincidência.
Chamou-me de fato a atenção, mas fiz a verificação
e constatei que somos de ramos diferentes. No entanto, não
deixa de ser uma coincidência bastante curiosa: quem desvenda
o mistério tem sobrenome igual ao dos ascendentes do Faustino
Esposel. Muito curioso mesmo.
ADENDO À PERGUNTA 23
Toda a escola neurológica
brasileira teve origem (direta ou indireta) na antiga Faculdade
Nacional de Medicina (atual faculdade de Medicina da UFRJ), fundada
em 1808 por D. João VI. Essa escola (em seus primórdios)
sempre teve como tradição alguns aspectos, dentre
eles:
- Culto à ciência e
aos avanços científicos (para a época);
- Rigor extremado no ensino médico e na assistência
aos pacientes (com exigência, disciplina e não poucas
vezes rudeza no trato).
Dentre os vultos iniciais daquela
escola, destacaram-se alguns, tidos por Mestres na Neurologia:
Antônio Austregésilo
Rodrigues Lima (1876-1960)
Faustino Monteiro Esposel (1888-1931)
Deolindo Augusto de Nunes Couto (1902-1992)
À época de Faustino, o catedrático era o professor
Antônio Austregésilo, que no entanto tinha dificuldades
para dedicação total de seu tempo à faculdade
por suas atividades também no poder.
Em 1921, Faustino Esposel (1888-1931)
foi designado, após concurso, professor substituto da Seção
de Neurologia e Psiquiatria da Faculdade de Medicina. Amiúde
ele substituiu o professor catedrático de neurologia (Antônio
Austregésilo), visto o seu assento freqüente no parlamento,
como deputado federal.
“Faustino Esposel foi o professor
substituto, seu interino nas vacâncias por conta do assento
do mestre no Congresso Nacional como deputado por Pernambuco.”
“Antônio Austregésilo convocou o Professor Faustino
Esposel, seu substituto, e pediu-lhe que escolhesse, imediatamente,
um cirurgião com capacidade para o começo da Neurocirurgia
brasileira.”
Além disso, Esposel descobriu
um sinal em Semiologia médica (usado no exame dos pacientes)
que leva seu nome.
Quanto à comparação
entre Carlos Chagas e Faustino Esposel acerca da importância
no cenário médico, fica impossível a definição
de qual seria o “maior”, uma vez que atuaram em áreas
diferentes (infectologia X neurologia), cabendo ao primeiro o reconhecimento
de que é o mais famoso, por conta da descoberta da doença
de Chagas em todo o seu ciclo.