Senhor Jesus!
Nosso Divino Amigo... Há sempre quem peça
pelos perseguidos, mas raros se lembram de auxiliar os perseguidores!
Em toda parte ouvimos rogativas em benefício
dos que obedecem, entretanto é difícil surpreendermos
uma súplica em favor dos que administram.
Há muitos que rogam pelos fracos, para que
sejam, a tempo, socorridos; no entanto, raríssimos corações
imploram concurso divino para os fortes, a fim de que sejam conduzidos.
Senhor, Tua justiça não falha. Conheces
aquele que fere e aquele que é ferido. Não julgas pelo
padrão de nossos desejos caprichosos, porque o Teu amor é
perfeito e infinito...
Nunca Te inclinaste tão somente para os cegos,
doentes e desalentados da sorte, porque amparas, na hora justa, os
que causam a cegueira, a enfermidade e o desânimo...
Se em verdade salvas as vítimas do mal, buscas,
igualmente, os pecadores, os infiéis, e os injustos. Não
menoscabaste a jactância dos doutores e conversaste amorosamente
com eles no templo de Jerusalém. Não condenaste os afortunados
e, sim abençoaste-lhes as obras úteis.
Em casa de Simão, o fariseu orgulhoso, não
desprezaste a mulher transviada, ajudaste-a com fraternas mãos.
Não desamparaste os malfeitores, aceitaste a companhia de dois
ladrões, no dia da cruz.
Se tu, Mestre, o Mensageiro Imaculado, assim procedeste
na Terra, quem somos nós, Espíritos endividados, para
maldiçoarmo-nos, uns aos outros?
Acende em nós a claridade dum entendimento
novo! Auxilia-nos a interpretar as dores do próximo por nossas
próprias dores. Quando atormentados, faze-nos sentir as dificuldades
daqueles que nos atormentam, para que saibamos vencer os obstáculos
em Teu nome.
Misericordioso amigo, não nos deixes sem rumo,
relegados à limitação dos nossos próprios
sentimentos... Acrescenta-nos a fé vacilante, descortina-nos
as raízes comuns da vida, a fim de compreendermos, finalmente,
que somos irmãos uns dos outros. Ensina-nos que não
existe outra lei, fora do sacrifício, que nos possa facultar
o anelado crescimento para os mundos divinos.
Impele-nos à compreensão do drama redentor
a que nos achamos vinculados. Ajuda-nos a converter o ódio
em amor, porque não sabemos, em nossa condição
de inferioridade, senão transformar o amor em ódio,
quando os Teus desígnios se modificam, a nosso respeito. Temos
o coração chagado e os pés feridos na longa marcha,
através das incompreensões que nos são próprias,
e a nossa mente, por isto, aspira ao clima da verdadeira paz, com
a mesma aflição por que o viajor extenuado no deserto
anseia por água pura.
Senhor, infunde-nos o dom de nos ampararmos mutuamente.Beneficiaste
os que não creram em Ti, protegeste os que Te não compreenderam,
ressurgiste para os discípulos que Te fugiram, legaste o tesouro
do conhecimento divino aos que Te crucificaram e esqueceram...
Por que razão nós outros, míseros
vermes do lodo ante uma estrela celeste, quando comparados contigo,
recearíamos estender dadivosas mãos aos que nos não
entendem ainda?
É para eles, Senhor, para os que repousam aqui,
em densas sombras, que Te suplicamos a bênção!
Desata-os, Mestre da caridade e da compaixão, liberta-os para
que se equilibrem e se reconheçam...
Ajuda-os a se aprimorarem nas emoções
do amor santificante, olvidando as paixões inferiores para
sempre. Possam eles sentir-Te o desvelado carinho, porque também
Te amam, e Te buscam inconscientemente, embora permaneçam supliciados
no vale fundo de sentimentos escuros e degradantes...