Resumo
Contexto: Os fenômenos de transe e possessão
despertaram o interesse da comunidade psiquiátrica brasileira,
gerando posturas diversificadas. Objetivos: Descrever e analisar
como os fenômenos de transe e possessão foram tratados
pelos psiquiatras brasileiros: seu impacto na teoria, na pesquisa
e na prática clínica entre 1900 e 1950.
Método: Análise de artigos científicos
e leigos, teses e livros sobre transes e possessões produzidos
pelos psiquiatras brasileiros entre 1900 e 1950.
Resultados: Identificam-se duas correntes de pensamento
entre os psiquiatras. A primeira, vinculada às Faculdades
de Medicina do Rio de Janeiro e São Paulo, sob forte influência
de autores franceses, deteve-se mais na periculosidade do espiritismo
para a saúde mental. Defendia a adoção de medidas
repressivas com o poder público. O segundo grupo de psiquiatras,
ligado às Faculdades de Medicina da Bahia e Pernambuco, embora
não desconsiderasse o caráter patológico ou
“primitivo” dos fenômenos de transe e possessão,
apresentou uma visão mais antropológica e culturalista.
Considerando tais fenômenos como manifestações
étnicas ou culturais, alguns defenderam o controle médico
e a educação do povo para o abandono dessas práticas
“primitivas”. Outros não consideravam os fenômenos
mediúnicos como desencadeadores da loucura, mas manifestações
não-patológicas de um universo cultural, além
de não vinculá-los ao atraso cultural da população.
Conclusões: As religiões mediúnicas
foram objeto de estudo por longo período, resultando hipóteses
e práticas diferenciadas por parte da comunidade psiquiátrica
brasileira, constituindo-se oportunidade privilegiada para o estudo
do impacto dos fatores socioculturais na atividade psiquiátrica.
Almeida, A.A.S. et al. / Rev. Psiq. Clín.
34, supl 1; 34-41, 2007
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Fonte: http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista