Samuel Valentim Afonso

>    Fenômeno da Morte

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Samuel Valentim Afonso
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O belíssimo espetáculo da morte deveria ser visto com mais atenção pelos espíritas, pois é a porta de entrada para o verdadeiro mundo. Mas para muitos é desconhecida a beleza do estertor da morte, seja pelo instinto de conservação, pela ignorância, pela informação tendenciosa das organizações religiosas, ou mesmo por desinteresse próprio; vêem com repugnância esse fenômeno tão importante para o estado de evolução que estamos.

Antes de entrar no fator Espiritual, é necessária, também, uma abordagem orgânica do fenômeno Morte como um todo, desde o fluido vital que é envolvido à criação orgânica que leva uma parcela desse fluido.

· Destruição Orgânica

Podemos dizer que o fenômeno da morte ocorre desde o nascimento. A partir do momento em que um ser encarna está sujeito a perdas constantes, devido à usura dos órgãos; ao gesticularmos, ao olharmos, ou até, pensarmos, as células se gastam, os átomos se movimentam e não mais retomam o mesmo lugar, de modo que nunca a matéria serve duas vezes ao mesmo organismo.

· Criação Orgânica

Se por um lado consumimos e gastamos células e átomos de nosso corpo, por outro lado, para manter o equilíbrio, necessário é que se repare e renove essa porção de matéria. Isso implica em dizer que constantemente também há novos átomos em cada célula do organismo, ocorrendo assim o que podemos chamar de criação orgânica.

· Princípio Vital

Para manter constante no corpo essa criação orgânica, há uma força que faz com que as células se multipliquem. É dada certa quantidade dessa força a cada ser e toda célula nascitura leva consigo uma parcela desta força vital, de modo que tende a diminuir com o passar do tempo. Sem essa força o ser não seria nada mais que matéria inerte (L.E.Cap.IV) sem vida, inanimado, não havendo renovação, não havendo vida. A essa força, damos o nome de princípio vital.

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Mesmo o Homem alimentando-se com nutrientes essenciais à manutenção do organismo, o corpo se gasta até não mais ter força para produzir células e renovar seus órgãos. Ao esgotamento total dos órgãos, dá-se o nome de morte. (L.E.Cap. IV-68).

O Homem ao atingir o máximo de sua madureza, a força vital já não é suficiente para continuar com a mesma intensidade e as células já não mais se renovam tão assiduamente.

Dependendo do modo como levamos a vida, da nossa conduta e costumes, pode-se prolongar ou não o desgaste físico que nos leva ao falecimento dos órgãos; lembrando que, com exceção dos casos de suicídio, os modos de como as mortes ocorrerão é programado pelos Mentores Espirituais antes mesmo do Espírito renascer, baseando-se nas leis de ação e reação. Incluindo assim a sobrevida, cujos Espíritos se encarregam de “doar”, por assim dizer, uma quantidade de força vital capaz de manter os órgãos em funcionamento por um pouco mais de tempo, isso de acordo com o mérito.

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A morte e seus aspectos:

Morte Orgânica: nada mais é que uma transformação, um processo natural, necessário à matéria para sofrer transformações em seus múltiplos estados inerciais. O ser espiritual, ao ligar-se com a matéria, dando, assim, início a mais uma etapa de vida, liga-se, ponto a ponto de seu perispírito à matéria inerte que, por sua vez, aliada ao fluido vital, é o instrumento pelo qual o Espírito sente as impressões grosseiras do orbe terrestre.

Tanto o corpo, que é uma porção de matéria, quanto o perispírito, que também o é, não sentem dor. A dor, portanto é atribuída unicamente ao Espírito; corpo e perispírito não passam de instrumentos da dor. A morte, ou seja, a transformação orgânica, por si só não é dolorosa, já que o corpo nada sente. O que sentimos, por exemplo, quando queimamos a mão, é devido a estreita ligação entre o corpo e o perispírito e este ao Espírito; cessada a ligação do corpo com o perispírito devido a uma lesão, ou cessada a ligação do perispírito ao corpo, devido sonambulismo induzido, por exemplo, a dor não é mais sentida pelo Espírito.

Quanto mais materializado o Espírito, mais estreita é sua ligação com o corpo, tornando assim mais penosa, não somente sua morte, mais também sua vida.

Morte Psíquica (espiritual): o espírito quando encarnado sente profundas dores física e moral que se tornam mais penosas quando não há nenhum sentimento de resignação. Quanto mais ligado aos gozos carnais, menos conhecimento relativo ao plano invisível, e mais dolorosa é sua vida mesmo tendo uma vida alegre e aparentemente sem sofrimento. Neste caso, quando ligado às paixões carnais, é o próprio espírito que morre, mas não no sentido literal do termo, nesse, o sentido da palavra morte é outro: o apego único e exclusivo às coisas da matéria, o desconhecimento das coisas espirituais, das virtudes, do futuro, essa sim, é a morte do espírito; o que gera um transtorno extraordinário ao Espírito. Podemos dizer ser esta a morte real. (O caso bíblico de Lázaro, o morto-vivo).

Com essas duas informações sobre morte orgânica, morte psíquica pode-se concluir que:
a) O espírito pode estar embrutecido ou psiquicamente morto, mas com o corpo em todo seu vigor físico,
b) como no caso de catalepsia, o espírito pode desfrutar de sua verdadeira vida, desprendido por alguns momentos da carne, e o corpo perder quase por completo a sua força vital, a ponto de sofrer decomposição.

O caso bíblico de Lázaro sendo ressuscitado por Jesus, alude os dois casos, claramente.

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Desencarnação: é importante diferenciar morte de desencarnação. Como foi visto anteriormente, morte é um fenômeno biológico, sendo mais correto o dizer tratar-se de uma transformação. Desencarnar significa desligar o Espírito do corpo, romper todas as ligações perispirituais com matéria. Quanto mais ligado às paixões, aos vícios, mais apertadas são as amarras perispirituais vinculadas à matéria.

É muito comum usarmos morte e desencarne como sinônimos, mas há uma diferença capital. O sentido de morte já foi explicado, cabe agora, entender melhor a desencarnação.

A desencarnação dá-se por completo somente quando cada átomo do perispírito se desvincular completamente de cada célula do corpo somático.
Assim como para a encarnação se completar são necessários aproximados sete (7) anos, para o desencarne, o fenômeno não é ligeiro, exige certo tempo que varia de acordo com a natureza da morte e com o grau de apego à matéria.

O processo desencarnatório deve ocorrer sempre num clima de paz, para que no instante em que cessem as pulsações orgânicas nenhum choque vibratório atinja o recém-desencarnado.

Antes de pensar em si, aquele que fica, se realmente ama, pense em quem serve e ajude-o.

Desencarnação sendo o desvincular do espírito com a matéria, fácil é entender que o espírito começa a desencarnar a medida que vai conhecendo e aplicando os ensinamentos morais do cristo: o amor, a caridade, a abnegação. Deste modo, o instante da morte não passa apenas de um singelo despertar de um sono.

Logo, não é pelo fato de o corpo ter morrido que o espírito tenha desencarnado; o espírito pode continuar ligado à matéria, apegado aos vícios, parasitando e se alimentando das exalações pútridas da carne. Ou, por outro lado, o espírito pode estar aos pouco desencarnando, com o corpo ainda vivo, simplesmente pelo fato de estar praticando o amor, e tendo a certeza do futuro.

 

Samuel




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