O belíssimo espetáculo da morte deveria ser visto com
mais atenção pelos espíritas, pois é a porta
de entrada para o verdadeiro mundo. Mas para muitos é desconhecida
a beleza do estertor da morte, seja pelo instinto de conservação,
pela ignorância, pela informação tendenciosa das
organizações religiosas, ou mesmo por desinteresse próprio;
vêem com repugnância esse fenômeno tão importante
para o estado de evolução que estamos.
Antes de entrar no fator Espiritual, é necessária, também,
uma abordagem orgânica do fenômeno Morte
como um todo, desde o fluido vital que é envolvido à criação
orgânica que leva uma parcela desse fluido.
· Destruição Orgânica
Podemos dizer que o fenômeno da morte ocorre desde o nascimento.
A partir do momento em que um ser encarna está sujeito a perdas
constantes, devido à usura dos órgãos; ao gesticularmos,
ao olharmos, ou até, pensarmos, as células se gastam,
os átomos se movimentam e não mais retomam o mesmo lugar,
de modo que nunca a matéria serve duas vezes ao mesmo organismo.
· Criação Orgânica
Se por um lado consumimos e gastamos células e átomos
de nosso corpo, por outro lado, para manter o equilíbrio, necessário
é que se repare e renove essa porção de matéria.
Isso implica em dizer que constantemente também há novos
átomos em cada célula do organismo, ocorrendo assim o
que podemos chamar de criação orgânica.
· Princípio Vital
Para manter constante no corpo essa criação orgânica,
há uma força que faz com que as células se multipliquem.
É dada certa quantidade dessa força a cada ser e toda
célula nascitura leva consigo uma parcela desta força
vital, de modo que tende a diminuir com o passar do tempo. Sem essa
força o ser não seria nada mais que matéria inerte
(L.E.Cap.IV) sem vida, inanimado, não havendo renovação,
não havendo vida. A essa força, damos o nome de princípio
vital.
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Mesmo o Homem alimentando-se com nutrientes essenciais
à manutenção do organismo, o corpo se gasta até
não mais ter força para produzir células e renovar
seus órgãos. Ao esgotamento total dos órgãos,
dá-se o nome de morte. (L.E.Cap. IV-68).
O Homem ao atingir o máximo de sua madureza, a força vital
já não é suficiente para continuar com a mesma
intensidade e as células já não mais se renovam
tão assiduamente.
Dependendo do modo como levamos a vida, da nossa conduta e costumes,
pode-se prolongar ou não o desgaste físico que nos leva
ao falecimento dos órgãos; lembrando que, com exceção
dos casos de suicídio, os modos de como as mortes ocorrerão
é programado pelos Mentores Espirituais antes mesmo do Espírito
renascer, baseando-se nas leis de ação e reação.
Incluindo assim a sobrevida, cujos Espíritos se encarregam de
“doar”, por assim dizer, uma quantidade de força
vital capaz de manter os órgãos em funcionamento por um
pouco mais de tempo, isso de acordo com o mérito.
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A morte e seus aspectos:
Morte Orgânica: nada mais é que uma transformação,
um processo natural, necessário à matéria para
sofrer transformações em seus múltiplos estados
inerciais. O ser espiritual, ao ligar-se com a matéria, dando,
assim, início a mais uma etapa de vida, liga-se, ponto a ponto
de seu perispírito à matéria inerte que, por sua
vez, aliada ao fluido vital, é o instrumento pelo qual o Espírito
sente as impressões grosseiras do orbe terrestre.
Tanto o corpo, que é uma porção de matéria,
quanto o perispírito, que também o é, não
sentem dor. A dor, portanto é atribuída unicamente ao
Espírito; corpo e perispírito não passam de instrumentos
da dor. A morte, ou seja, a transformação orgânica,
por si só não é dolorosa, já que o corpo
nada sente. O que sentimos, por exemplo, quando queimamos a mão,
é devido a estreita ligação entre o corpo e o perispírito
e este ao Espírito; cessada a ligação do corpo
com o perispírito devido a uma lesão, ou cessada a ligação
do perispírito ao corpo, devido sonambulismo induzido, por exemplo,
a dor não é mais sentida pelo Espírito.
Quanto mais materializado o Espírito, mais estreita é
sua ligação com o corpo, tornando assim mais penosa, não
somente sua morte, mais também sua vida.
Morte Psíquica (espiritual): o espírito
quando encarnado sente profundas dores física e moral que se
tornam mais penosas quando não há nenhum sentimento de
resignação. Quanto mais ligado aos gozos carnais, menos
conhecimento relativo ao plano invisível, e mais dolorosa é
sua vida mesmo tendo uma vida alegre e aparentemente sem sofrimento.
Neste caso, quando ligado às paixões carnais, é
o próprio espírito que morre, mas não no sentido
literal do termo, nesse, o sentido da palavra morte é outro:
o apego único e exclusivo às coisas da matéria,
o desconhecimento das coisas espirituais, das virtudes, do futuro, essa
sim, é a morte do espírito; o que gera um transtorno extraordinário
ao Espírito. Podemos dizer ser esta a morte real. (O caso bíblico
de Lázaro, o morto-vivo).
Com essas duas informações sobre morte orgânica,
morte psíquica pode-se concluir que:
a) O espírito pode estar embrutecido ou psiquicamente morto,
mas com o corpo em todo seu vigor físico,
b) como no caso de catalepsia, o espírito pode desfrutar de sua
verdadeira vida, desprendido por alguns momentos da carne, e o corpo
perder quase por completo a sua força vital, a ponto de sofrer
decomposição.
O caso bíblico de Lázaro sendo ressuscitado por Jesus,
alude os dois casos, claramente.
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Desencarnação: é importante diferenciar
morte de desencarnação. Como foi visto anteriormente,
morte é um fenômeno biológico, sendo mais correto
o dizer tratar-se de uma transformação. Desencarnar significa
desligar o Espírito do corpo, romper todas as ligações
perispirituais com matéria. Quanto mais ligado às paixões,
aos vícios, mais apertadas são as amarras perispirituais
vinculadas à matéria.
É muito comum usarmos morte e desencarne como sinônimos,
mas há uma diferença capital. O sentido de morte já
foi explicado, cabe agora, entender melhor a desencarnação.
A desencarnação dá-se por completo somente quando
cada átomo do perispírito se desvincular completamente
de cada célula do corpo somático.
Assim como para a encarnação se completar são necessários
aproximados sete (7) anos, para o desencarne, o fenômeno não
é ligeiro, exige certo tempo que varia de acordo com a natureza
da morte e com o grau de apego à matéria.
O processo desencarnatório deve ocorrer sempre num clima de paz,
para que no instante em que cessem as pulsações orgânicas
nenhum choque vibratório atinja o recém-desencarnado.
Antes de pensar em si, aquele que fica, se realmente ama, pense em quem
serve e ajude-o.
Desencarnação sendo o desvincular do espírito
com a matéria, fácil é entender que o espírito
começa a desencarnar a medida que vai conhecendo e aplicando
os ensinamentos morais do cristo: o amor, a caridade, a abnegação.
Deste modo, o instante da morte não passa apenas de um singelo
despertar de um sono.
Logo, não é pelo fato de o corpo ter morrido que o espírito
tenha desencarnado; o espírito pode continuar ligado à
matéria, apegado aos vícios, parasitando e se alimentando
das exalações pútridas da carne. Ou, por outro
lado, o espírito pode estar aos pouco desencarnando, com o corpo
ainda vivo, simplesmente pelo fato de estar praticando o amor, e tendo
a certeza do futuro.
Samuel
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