Dedicado ao espiritismo, criou museu pioneiro
em SP
Advogado atuou por décadas para construir acervo sobre a
doutrina

O advogado Paulo Toledo Machado, que criou
em SP o primeiro espírita do mundo
por Ricardo Hiar
Com uma forte atuação no espiritismo, o advogado Paulo
Toledo Machado costumava dizer que trazia a religião do berço.
Nascido em Itapira, no interior de São Paulo, era filho de
um casal praticante da doutrina. O pai, Américo Bairral,
que hoje dá nome a um dos maiores hospitais psiquiátricos
espíritas da América Latina, foi também o seu
fundador.
Bairral morreu jovem, quando o filho tinha oito
anos. Apesar da pouca convivência, foi dele que Paulo herdou
a disposição em agir por ideais.
Radicado na Lapa com a mãe e seis irmãos,
foi no mesmo bairro que conheceu a mulher que seria sua companheira
por 65 anos, Elza Mazzonetto Machado. Com a mesma profissão
e crença, atuaram juntos em muitos projetos.

Paulo Toledo Machado com sua esposa Elza Mazzonetto
Machado - Julina Nezu ao fundo
Uma das grandes contribuições do casal
foi a criação do Museu e Biblioteca Espírita
de São Paulo, o primeiro do gênero do mundo. “O
Paulo era um grande idealista espírita e incentivador do
estudo sistematizado”, afirmou o amigo Oceano Vieira de Melo.
Prestativo, atuou num lar de crianças por
vários anos e chegou a acompanhar e ajudar um grupo até
a fase adulta.
Para o filho, também Paulo, o pai tinha duas
marcas fortes: era muito afetivo e, ao mesmo tempo, muito exigente.
“O jeito firme e organizado o ajudou a exercer
liderança no espiritismo e também no direito, no qual
foi sempre muito ativo e chegou a presidir uma associação
de advogados”, disse.
Corintiano, ele gostava de ler, conversar e receber
os amigos em casa. Colecionava objetos e livros —doou seu
acervo de publicações sobre espiritismo para o museu
paulista. Um de seus últimos desejos era ver a criação
de uma universidade espírita.
Morreu no dia 14 de setembro, aos 94 anos, por complicações
de uma pneumonia. Deixa dois filhos e seis netos.