
Em livro, Brian Weiss e sua filha reúnem
relatos
de 23 anos de terapia de regressão e experiências de
vidas passadas
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Em "Milagres Acontecem", Brian Weiss e
sua filha, a psicóloga Amy E. Weiss, reúnem relatos
de 23 anos de terapia de regressão e experiências de
vidas passadas.
Formado pela Universidade de Columbia e pela Faculdade
de Medicina de Yale e diretor do departamento de psiquiatria do
Mount Sinai Medical Center, Weiss era cético a tudo o que
fosse relacionado à espiritualidade.
Em 1980, Catherine, aos 27 anos, buscou a ajuda
de Weiss para controlar crises de ansiedade, pânico e fobias,
sintomas que se manifestavam desde a infância. Após
tentar diversos tratamentos para a moça, o médico
decidiu usar técnicas de hipnose.
Com o método, Catherine entrou em contato
com experiências de outras vidas. O caso fez com que Weiss
repensasse seus conceitos. Ele relata esse episódio no livro
"Muitas Vidas, Muitos Mestres".
"A reencarnação, o conceito
de que todos nós vivemos outras vidas, é a porta
pela qual entrei em um nível mais alto de compreensão.
Catherine abriu essa porta para mim, e eu a mantive aberta para
muitos outros", escreve na introdução de "Milagres
Acontecem".
O título traz o relato de diversos pacientes
que reviveram traumas de outras vidas.
"Através de centenas de vozes, essas
histórias validam não apenas o fenômeno das
regressões a vidas passadas, mas todo o universo psicoespiritual",
conta o autor.
Em novo livro, Brian Weiss fala sobre o poder de
cura das memórias de vidas passadas.
Hoje, o médico defende abertamente os benefícios
terapêuticos da terapia de vidas passadas.
"Em toda a história, a humanidade
tem resistido às mudanças e à aceitação
de novas ideias", diz o autor. "A tradição
histórica está repleta de exemplos".
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Abaixo, leia um trecho:
O TECIDO DA CONEXÃO
Em 1993, recebi de presente o livro Muitas
vidas, muitos mestres de um estranho que, apesar de
não saber nada a meu respeito, afirmou que aquele livro tinha
sido escrito "para" mim. A leitura fez com que tudo o
que acontecera em minha vida antes daquele momento finalmente passasse
a fazer sentido. Eu ficava perturbada com a percepção
que em geral as pessoas têm do luto. Pela primeira vez na
vida, compreendi por que não ficava completamente destruída
quando alguém morria. Senti intuitivamente que, se pudesse
trabalhar e aprender com o Dr. Weiss, seria capaz de ajudar os outros
a mudar a perspectiva de sofrimento e reforçar a perspectiva
da conexão.
Mais de dez anos depois, meu marido, um vigilante rodoviário
da Califórnia, foi morto durante um assalto. Dois anos após
sua morte, vi o Dr. Weiss no programa da Oprah Winfrey e aquela
mesma intuição tomou conta de mim. Eu me inscrevi
então em um treinamento profissional que iria acontecer no
mês de julho.
Ao chegar ao instituto, minha percepção parapsíquica
estava totalmente aberta como jamais estivera. Eu tinha consciência
da minha conexão não apenas com todas as pessoas ali
presentes, mas também com os pequenos animais e plantas.
Ele concordou em fazer uma regressão em mim diante de todo
o grupo. Através de uma rápida indução,
a palavra cocho imediatamente apareceu na minha consciência,
e em seguida vi o cocho que usávamos para dar água
aos cavalos na fazenda onde cresci. Veio à minha mente um
acontecimento da infância, quando, por força das circunstâncias,
fomos obrigados a vender nossos amados cavalos. Lembrei-me da dor
que isso causou ao meu pai. Ouvi-o dizer à minha mãe
que, apesar de o instinto lhe ter advertido para não vender
os animais para aquele comprador específico, ele o havia
ignorado e se arrependera depois.
Naquele momento decidi conscientemente não chorar para poupar
meu pai de qualquer culpa adicional. Desde então, até
o dia do seminário, a tristeza em relação àquele
acontecimento permaneceu dentro de mim, profunda e anônima.
À medida que revivia a experiência da minha infância,
a dor fluía toda vez que eu exalava o ar e descrevia o que
tinha acontecido. O alívio que se seguiu foi indescritível.
Logo depois me veio à lembrança o nascimento de meu
filho. Na época, os instintos gritavam dentro mim, dizendo
que algo estava errado, mas me deixei convencer pelo médico
de que meus temores eram apenas paranoia. Implorei a ele que induzisse
meu parto e acabei tendo que fazer uma cesariana de emergência.
Meu filho precisou ser ressuscitado, pois a placenta e o cordão
umbilical estavam em estado de gangrena. No dia seguinte, quando
enfim a saúde dele se estabilizou o bastante para que eu
o tomasse nos braços, vi seus dedinhos manchados. Eu sabia
que, ao ignorar minha intuição, na qual deveria ter
confiado mais do que no ar que respiro, eu tinha falhado no primeiro
teste como mãe. Comecei a chorar de raiva, tristeza e frustração,
tal como meu pai quando vendeu os cavalos. Naquele instante, meu
filho começou a se agitar, mostrando desconforto, e percebi
que ele sentia a dor que vinha de mim. Preocupada em não
lhe causar qualquer outro sofrimento, parei de chorar e me esqueci
completamente da culpa até 14 anos depois, durante a sessão
com o Dr. Weiss. Libertei-me da extrema dor que, sem ter consciência,
eu guardava dentro de mim. Totalmente aliviada, senti como se o
peso do mundo tivesse sido retirado do meu peito.
Então me dei conta da presença dos meus guias e fui
tomada por uma intensa sensação de paz. Eles fizeram
com que eu me sentisse parte deles, assim com eles eram parte de
mim. Vendo Brian Weiss ao meu lado, percebi que ele também
fazia parte daquele "time".
O Dr. Weiss perguntou se meu marido se encontrava lá. Senti
que ele estava à minha esquerda e virei a cabeça para
ficar mais consciente de sua presença. Quando virei para
a esquerda, senti que ele estava também à minha frente.
Ao girar a cabeça para a frente, eu o senti à minha
direita, embora ele também estivesse à esquerda e
à frente. "Ele está em toda parte!", eu
disse, ao me dar conta do que sentia.
Ao ouvir isso, as 130 pessoas que estavam na sala suspiraram. Naquele
instante, tomei consciência da energia, como se fios azuis
estivessem me conectando a todas aquelas pessoas, ligando o meu
diafragma ao de cada uma delas. Quando suspiraram juntas, expressando
o que sentiram ao compartilhar a emoção que a presença
do meu marido falecido provocara em mim, fios brotaram de cada uma
delas e formaram um belo e intrincado tecido de conexão.
Senti que, daquele momento em diante, tudo o que eu fizesse afetaria
cada uma daquelas pessoas, assim como tudo o que elas fizessem afetaria
todos nós. Cure os que curam, foi o que compreendi, sabendo
que a conexão é a nossa força.
Voltei-me para ouvir o Dr. Weiss perguntar se meus guias ainda
estavam presentes. Respondi que sim, que sempre estão, e
disse: "Nós somos um time e temos um objetivo."
Ele perguntou qual era esse objetivo, e comecei a enxergar infinitos
lampejos - somente lampejos -, mas repletos de detalhes e emoções.
Os poucos que consegui capturar envolviam um prisioneiro sentado
na ponta de sua cama, com a cabeça entre as mãos,
sentindo mais dor, medo e raiva de si mesmo do que qualquer uma
de suas vítimas poderia imaginar, pois nem ele sabia por
que as matara e, portanto, não era capaz de confiar em suas
próprias ações. Uma mãe com a filha
no colo, ambas morrendo de fome. A mãe sufocando a própria
dor, sabendo que a criança partiria antes dela, temendo que
a menina morresse acreditando que a mãe fora egoísta
por não morrer primeiro. Tudo o que consegui traduzir verbalmente
sobre esses lampejos foi "A dor, a dor, tanta dor", enquanto
eu chorava de tal forma que achei que meu corpo iria se despedaçar.
E eu disse: "Toda a dor vem do medo, dos mal-entendidos, de
temer e de ser temido." Eu sabia que o objetivo, como o Dr.
Weiss tinha me perguntado, era aplacar a dor coletiva através
da eliminação do medo, elevando dessa forma todos
os seres vivos. Compreendo agora que ser uma unidade não
é um propósito - nós já o somos - e
que tudo o que fazemos individualmente, até mesmo o que parece
insignificante, realmente afeta todos nós.
Nina Manny
MILAGRES ACONTECEM
AUTOR Brian Weiss e Amy E. Weiss
EDITORA Sextante