“Eu convivo com fantasma o dia inteiro,
como vou ter medo de morrer?” O médium, escritor,
apresentador e terapeuta Luiz Antonio Gasparetto disse isso em
fevereiro, em um vídeo no qual contava aos seus fãs
e seguidores que tinha câncer de pulmão. ???
Filho de Zibia Gasparetto, descobriu a mediunidade
aos 13 anos, por meio de pinturas. Começou a trabalhar
com a espiritualidade depois de um encontro com Chico Xavier.?
Nos anos 1970, foi conhecer o mundo. Descobriu
que, diferentemente do que ocorria no Brasil, era comum que médiuns
aparecessem na TV, fizessem sessões públicas de
psicografia, falassem sobre terapias alternativas e sobre autoconhecimento.
Gasparetto achava que por aqui tudo era muito
parado, que o país precisava sair do que chamava de “religiosismo”
e se abrir a outras propostas.
Seus embates com o kardecismo, segmento mais tradicional
do espiritismo, começaram com críticas à
abordagem de temas como sexualidade e dinheiro. Homossexual, reclamava
que os espíritos tinham mensagens libertadoras, mas que
a mentalidade dos médiuns brasileiros, muito apegados à
moral católica, impedia que se falasse sobre essas questões.
Foi com esse mote que fundou um espaço
só seu, mais voltado para o que chamava de “espiritismo
da nova era” e, principalmente, para a autoajuda. Falou
de tarô, astrologia, cromoterapia, autoconhecimento e cristais,
mas sem deixar de lado a doutrina espírita.
Sua característica mais polêmica
era a relação com o dinheiro. Gasparetto não
via problemas em associar espiritualidade e riqueza material,
ao contrário do que prega o kardecismo. Tinha certo desprezo
pelo ideal de sacrifício e sofrimento e dizia que pobreza
não era passaporte para espiritualidade.
Seus cursos, palestras e livros lhe renderam dinheiro,
fama e críticas. A ele é creditada boa parte da
responsabilidade pela monetização do trabalho de
sua mãe, a também médium e escritora Zibia,
com destaque aos lucros da editora da família, Vida e Consciência.
Com a mudança de rumo, Gasparetto ganhou
fama e se tornou presença frequente em programas de televisão
e rádio. Entre 2005 e 2008, teve o seu próprio show
na RedeTV!, batizado Encontro Marcado. Se dedicava a resolver
conflitos amorosos e familiares.
Morreu nesta quinta (3), aos 68 anos, em São
Paulo, em razão do câncer de pulmão que tentava
tratar. Deixa a mãe, Zibia, os irmãos, Silvana e
Irineu, e sobrinhos.