Espirituialidades e Sociedade



Notícias:

>    Deus está em baixa e os fantasmas, em alta

 

 

 

08/11/2015

 

Deus está em baixa e os fantasmas, em alta

 

por ANDREW HIGGIN

 


Série de TV sobre fantasmas é vista pelo dobro de noruegueses que frequenta a igreja.
Muitos acham que o hotel perto de Moss é assombrado (Mauricio Lima para The New York Times)

 

MOSS, Noruega – Como muitos europeus, Marianne Haaland Bogdanoff, gerente de uma agência de turismo nessa cidadezinha no sul da Noruega, não vai à igreja, exceto talvez no Natal, e duvida da existência de Deus.

Mas quando “coisas estranhas” começaram a ocorrer no escritório – panes inexplicáveis nos computadores, cheiros e barulhos esquisitos, reclamações dos funcionários, que viviam com dor de cabeça –, ela deixou de lado seu ceticismo arraigado sobre o que há do lado de lá. Depois que os técnicos em computação, eletricistas e encanadores não conseguiram descobrir a causa dos problemas na firma, finalmente pediu ajuda a uma clarividente que alegava ter o poder de se comunicar com os mortos. As dores de cabeça e todos os outros incômodos desapareceram.

“Foi muito estranho”, resume Marianne, relembrando como a mulher “limpou” as instalações da agência de uma presença fantasmagórica que nem ela, nem a equipe tinham visto, mas cuja existência todos sentiram e passaram a temer.

Os fantasmas, ou pelo menos a crença neles, existem há séculos, mas agora encontraram um grupo de seguidores particularmente forte em países modernos e definitivamente seculares como a Noruega, lugares que, do contrário, estão na vanguarda do que já foi visto na Europa como o distanciamento inexorável da superstição e da religião baseado na ciência. “Deus está fora, mas os espíritos e fantasmas preenchem o vácuo”, diz Roar Fotland, pastor metodista e professor assistente da Faculdade Norueguesa de Teologia, em Oslo.

O interesse nas histórias de fantasmas ajudou a aumentar a inesperada popularidade de uma série de TV chamada “The Power of Spirits” (“A Força dos Espíritos”), já na décima temporada. Cada episódio reúne aproximadamente 500 mil telespectadores todo domingo – audiência imensa em um país de apenas 5,1 milhões de habitantes, que corresponde a mais do dobro de frequentadores regulares da igreja.

Velle Espeland, folclorista da Biblioteca Nacional e autor de um livro sobre histórias de fantasmas, é cético. “Fantasma é só um nome que usamos para aquilo que não entendemos”, sentencia.

Martin Ormen, 19 anos, viaja pela região com amigos caçando sinais fantasmagóricos para postar vídeos das descobertas – sempre invisíveis – na Internet.

“É muito triste e muito ruim esse lance da sociedade, tipo, se não dá para ver, não existe”, afirma.

Arild Romarheim, pastor luterano e professor de Teologia recém-aposentado, explica que a crença nos fantasmas se tornou tão forte que até a Igreja Luterana, à qual a maioria dos noruegueses pertence formalmente, adotou a chamada “liturgia fantasma”, usada pelos religiosos a quem os fiéis pedem ajuda para “limpar” casas assombradas.

A cidade de Moss já reúne tantas histórias do gênero que a Prefeitura organizou uma “excursão fantasma”, liderada por Vibecke Garnaas, trabalhava na agência de viagens “assombrada” e que se tornou médium profissional cobrando 800 coroas, cerca de US$98, por um trabalho de “limpeza”.

“Não garanto que funcione porque tento convencer as energias a deixar o ambiente, mas elas têm o livre arbítrio de fazerem o que bem entenderem”, diz ela.

 

Fonte: http://nytiw.folha.uol.com.br/#/folha/content/view/full/31026

 

 

 

>>>   clique aqui para acessar a página principal de Notícias

>>>   clique aqui para voltar a página inicial do site

>>>   clique para ir direto para a primeira página de Artigos, Teses e Publicações