24/09/2015
1º. Encontro de Cultura e Pesquisa Espírita
– XII Colóquio França-Brasil
- Franceses e Brasileiros de diversos estados se
encontraram no Rio de Janeiro

Reinauguração do monumento na Praça
Professor Rivail, em Niterói
- O Professor Jáder Sampaio publicou
em seu blog suas impressões sobre o 1º Encontro de Cultura
e Pesquisa Espírita, realizado no Rio de Janeiro, o qual reproduzimos
abaixo.
__________
Passados alguns dias do término do 1º. Encontro
de Cultura e Pesquisa Espírita – XII Colóquio França-Brasil,
somente agora consigo comunicar minhas impressões do evento.
A primeira impressão positiva foi a presença
de mais de 200 pessoas dispostas a passar o final de semana discutindo
o surgimento do espiritismo no Brasil e na França. A grande maioria
foi de pessoas do Rio de Janeiro, local de realização,
mas tivemos presenças notáveis de outros estados e países.
César Perri fez a conferência de abertura, na qual tratou
dos 150 nos de “O Céu e o Inferno”,
com sobriedade e erudição. Ele nos explicou uma velha
dúvida, que é a ausência de uma introdução
deste livro. A introdução de Kardec existiu nas primeiras
edições, e foi recuperada na nova edição
da FEB, traduzida por Evandro Noleto Bezerra.
Mesa de abertura: Da esquerda para a direita -
Profa. Telma (UERJ), Pedro Nakano, César Perri, Paulo Sérgio,
Nely, Roberto e o Diretor da Rádio Rio de Janeiro
Jorge Brito e Evandro Noleto fizeram uma mesa meticulosa, que demonstrou
o cuidado de ambos com a recuperação das obras elaboradas
por Kardec. Jorge é bibliófilo e tratou das edições
e dos editores na França e no Brasil. Foram tantas informações
que não consegui registrar, embora estivesse anotando as conferências
para esta matéria que agora escrevo. Penso que este é
um dos DVDs que devem ser comprados por quem se interesse pelo processo
da formação do espiritismo.
Marion Aubrée
Fiquei muito sensibilizado com a simpatia da Dra.
Marion Aubrée. A antropóloga fez um trabalho em parceria
com o Prof. Laplantine sobre o espiritismo no Brasil e na França,
propondo a ideia da reexportação das ideias espíritas
do nosso país para o berço do espiritismo. Ela dedicou
muitos anos de sua vida estudando os dois movimentos, visitou instituições
e participou ativamente do evento até seu encerramento. Já
publiquei anteriormente algumas críticas que fiz ao livro “A
mesa, o livro e os espíritos”, mas isso não impede
a simpatia pelos esforços de Marie Jeanne. Com um olhar externo,
ela pontuou muitos pontos que às vezes preferimos não
ver no movimento espírita brasileiro, como os misticismos envolvendo
a mediunidade de cura.
A conferência de abertura do sábado de manhã foi
feita pela Dra. Nadja do Couto Valle. Uma aula de história da
filosofia, que é seu campo, até a época de Kardec.
O texto que Nadja publicou no livro “Em torno de Rivail: o mundo
que viveu Allan Kardec” é uma síntese desta palestra,
mas a fala foi ainda mais rica e cheia de informações.
Outro DVD que vai interessar muito aos estudiosos da filosofia espírita.
Houve uma boa conexão entre a conferência
da Dra. Nadja e a mesa que mediamos, composta pelo Dr. Alexander e pelo
doutorando Marcelo Gulão, que trataram do método de Kardec.
Ambos mostram como o trabalho de Kardec foi cuidadoso, e, de certa forma,
considerá-lo apenas como codificador não revela a dimensão
de pesquisador e pensador que esteve presente na construção
de sua obra. Citei o livro “A temática espírita
na pesquisa contemporânea”, que contém um artigo
de Alexander e Klaus sobre a metodologia de Kardec, e o capítulo
que publiquei do livro “O espiritismo, as ciências e a filosofia”,
que mostra como Kardec empregou a hermenêutica em seu trabalho
e como ele antecipou em meio século algumas das ideias da fenomenologia
de Husserl. Os livros foram muito procurados pelos presentes, quase
se esgotando, tal o interesse do tema.
O Prof. François Gaudin fez uma
palestra interessantíssima sobre Maurice Lachâtre, que
é conhecido no Brasil apenas pelo episódio do auto-de-fé
de Barcelona, mas que tem uma longa trajetória de atuação
em favor das ideias socialistas e de parceria com Allan Kardec. Lachâtre,
por exemplo, fundou um banco de trocas com Rivail, que chegou a ter
500 participantes, mas de vida curta. Gaudin nos apresentou a inclusão
do espiritismo nos dicionários e enciclopédias de Lachâtre,
que foram muito vendidos em sua época.
Luciano Klein Filho
Dos brasileiros tivemos a presença bem humorada
e muito erudita de Samuel Magalhães e Luciano Klein Filho. Ambos
trataram das origens do espiritismo no Brasil, especialmente no Amazonas
e no Ceará, terra de Bezerra de Menezes. Ambos estudam e pesquisam
seus temas há muitos anos, têm livros publicados, e conhecem
com detalhes espíritas como Bezerra de Menezes e Ana Prado. A
recuperação da história do espiritismo no Amazonas
mostra o quão pouco conhecemos em geral da história do
nosso país e do nosso movimento.
A mesa francesa, composta por Vincent Fleurot e Olivier
Geneviéve, que encerrou a tarde de sábado, mostrou o esforço
conjunto entre Niterói e Lyon para homenagear publicamente a
memória de Allan Kardec. Hoje existe um menir de Allan Kardec
em Lyon, que foi construído próximo ao local de nascimento
do fundador do espiritismo, na rua Sala. Em Niterói, cidade irmã,
se construiu um monumento na praça Allan Kardec, que foi restaurado
e visitado como parte do Encontro, nas sexta feira pela manhã.
As camisas do encontro têm representados os dois monumentos.
Dora Incontri
Não pude assistir as conferências de Dora
Incontri e Yasmim Madeira, em função dos horários
de voo de retorno a Belo Horizonte. Dora enfrentou alguns problemas
com a projeção das imagens que ela havia planejado, mas
seu domínio e conhecimento prevaleceram no pouco que pude assistir
de sua conferência sobre o diálogo entre espiritismo e
universidade.
Nos intervalos, onde um encontro pessoal aconteceu,
quando pudemos conhecer pessoalmente pessoas como Cláudia Bonmartin,
pioneira da reconstrução do espiritismo em Paris e Europa,
Mauro Camargo, escritor radicado em Santa Catarina, Darcy, pioneira
das Comeerjs de décadas atrás e atuante na CEERJ, e muitas
pessoas que foram participar do evento, jovens, estudantes de pós-graduação,
trabalhadores de frente do movimento espírita do Rio de Janeiro,
entre muitas outras pessoas. Foi muito bom encontrar e conhecer pessoalmente
muitos dos atores da nova relação que se estabeleceu no
final do século XX, entre França e Brasil, espíritas.
Fonte: http://espiritismocomentado.blogspot.com.br/2015/09/franceses-e-brasileiros-de-diversos.html?spref=fb
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