05/05/2015
PUBLICADA NA FOLHA ESPIRITA
SÃO PAULO, EDIÇÃO FEV. 2009.
por Ismael Gobbo
No mês passado, completou-se 50
anos da mudança de Francisco Cândido Xavier da cidade de
Pedro Leopoldo para Uberaba (1), ambas no grande e acolhedor Estado
de Minas Gerais. A Folha Espírita foi a Pedro Leopoldo, cidade
onde Chico Xavier nasceu, em 2 de abril de 1910, e na qual daria inicio
à gloriosa caminhada que o converteria numa das maiores expressões
do Movimento Espírita brasileiro e mundial. Uma das alegrias
foi poder ver e ouvir dona Cidália Xavier Carvalho, irmã
de Chico, que, com muita emoção, lucidez e alegria incontida,
relembrou os dias venturosos do grande missionário na famosa
cidade mineira. No jardim florido que Chico tanto gostava, ela se deixou
fotografar ao lado da bela rosa que carinhosamente lhe ofertou.
FE. Primeiramente, agradecemos pela oportunidade de
nos conceder esta entrevista...
Cidália Xavier Carvalho - “Eu confiei muito no senhor.
Às vezes as pessoas me acham estranha por não aparecer,
ser meio retraída, não gostar de falar. Embora alguns
possam pensar que não ligo para as coisas de Chico, na realidade
acredito que tenha sido e sou uma das que mais se preocupam. Fui uma
pessoa que estava doente e encontrei um Chico Xavier para me ajudar”.
FE. Como é composta a sua família?
Cidália - “Fui casada com Francisco Teixeira Carvalho,
o “Chiquinho”, do qual sou viúva. Tivemos os filhos
William, já desencarnado, e Mary Rose que também é
viúva e mora comigo. Do William tenho um neto, que mora na Austrália”.
FE. A senhora se emociona muito ao falar do esposo?
Cidália - “Chiquinho foi um marido maravilhoso. Era muito
bom e inteligente. Engraçado que ele era católico, não
perdia uma missa e acabou se tornando um bom espírita. O Chico
gostava demais do meu marido. Eles trocavam muitas idéias. Quando
Chico era convidado para ir à casa de alguém, sempre levava
o Chiquinho de companhia”.
FE. E a família Xavier?
Cidália - “Papai, João Cândido Xavier, que
se casou com Cidália, minha mãe, já tinha nove
filhos do primeiro casamento, com dona Maria João de Deus, entre
eles o Chico. Mamãe teve seis filhos: André, o mais velho,
depois, Lucília, Neuza, eu, Dóris (Doralice) e João,
o caçula. Vivos somos eu e o André, que mora em São
Paulo. Mamãe era um sonho. O Chico, que tinha apanhado muito
depois da morte da sua mãe, encontrou nela o carinho que precisava.
A história é bonita. Ficamos sabendo que, logo depois
do casamento com papai, mamãe colocou um banco e enfileirou todas
as canequinhas para servir o café e o bolo para cada um dos filhos
que recebia com todo amor e carinho. Ela era muito calma, muito meiga.
Papai já tinha um temperamento meio nervoso, principalmente em
relação ao Chico, porque ele ficava até tarde nos
trabalhos de psicografia e de atendimento. Era quando ele falava: “Esse
povo não dá sossego pro Chico. Será que não
vê que ele precisa dormir para acordar cedo e ir trabalhar?”.
FE. João freqüentava os trabalhos espíritas?
Cidália - “Ele não freqüentava, mas o filhos
todos iam ao centro espírita. José, que dos homens era
o mais velho e muito alegre, foi o braço direito de Chico Xavier.
Quando ele desencarnou o Chico ficou numa tristeza enorme porque sempre
trabalharam juntos”.
FE. Como era o Chico no dia-a-dia?
Cidália - “Ele era maravilhoso, brincalhão, trabalhador,
lindo. Não era vaidoso, mas sempre gostava de andar bem arrumado.
Tinha um paletó xadrez que amava! Nunca me esqueço que
à noite, quando a gente se preparava para dormir, ele marcava
um horário para ser chamado de manhã porque tinha de ir
para o serviço. E assim a gente fazia. Se era para chamar às
7 horas, a gente o chamava pontualmente. Ai ele dava uma acordadinha
e falava para nós: “Me dá mais cinco minutinhos?
”. Passados os cinco minutos a gente o acordava de novo e ai não
tinha jeito. “Já passáramos cinco minutos, então
vou levantar”, dizia”.
FE. Chico assumiu muitos encargos com a morte de dona
Cidália, sua mãe?
Cidália - “O Chico foi, ao mesmo tempo, irmão, pai
e mãe. Com a morte de mamãe (2) ele assumiu muitas responsabilidades
e, embora moço, soube distribuir atenção e zelar
por todos nós. Lembro-me que eu trabalhava com minha irmã
Neuza na fábrica até meia noite, e ele ficava nos esperando
enquanto fazia as suas psicografias. Quando a gente chegava, ele parava
de psicografar e nos perguntava como tinha sido o dia de trabalho, se
tudo tinha corrido bem, queria saber das novidades, das pessoas. Às
vezes, a gente falava que fulano estava gostando de cicrana, que outro
estava namorando beltrana. Ele ficava contente e dizia: “É
verdade?. Que coisa boa!”. No meu caso, lembro-me que ele dava
os conselhos: “Olha, Dália, você precisa encontrar
um moço bom, mais velho que você, que seja responsável
e que lhe faça feliz”. Ao conhecer o Chiquinho, que era
chefe na fábrica, fui falar com ele e disse: “Acho que
estou gostando do Chiquinho, ele parece ser muito bom, mas estou achando-o
meio idoso, mais velho que eu.” E Chico respondeu: “Ah,
esse vai ser muito bom para você!”. E realmente foi.”
FE. Do que o Chico mais gostava?
Cidália - “As pessoas as vezes pensam que o Chico era tão
diferente dos outros... Ele era uma pessoa normal. Chico gostava de
cinema, de televisão, de teatro e muito de música. Achava
interessante o povo sair para as ruas cantando em serenatas”.
FE. Na música, o que ele apreciava?
Cidália - “Ele gostava demais de musicas clássicas.
O Geraldo Leão, nosso grande amigo aqui de Pedro Leopoldo, fez
muitas fitas para ele. Uma do Waldo de Los Rios, o Chico gostou demais.
Era muito linda, ele tinha mesmo razão. Mas o Chico gostava dos
cantores também. Amava ouvir Roberto Carlos, Vanusa e muitos
outros. Quando Elis Regina morreu, ele ficou arrasado. Uma música
que o marcou muito foi Hi-Lilli Hi-Lo (3). Eu tenho tantas coisas dele
que em um dia, dois dias... não dá pra contar...”
FE O Chico continua recebendo muitas homenagens...
Cidália - “Fizeram um memorial na região do Açude
através da Câmara e da Prefeitura quando era prefeito o
sr. Ademir Gonçalves (4). Mas o povo quebrou tudo. Deus permita
que as homenagens alegrem o Chico. Ele era uma pessoa muito simples
e humilde. A gente precisa se fazer uma pergunta quando vai fazer alguma
coisa para ele: será que o Chico ficará contente? Será
que isso o deixa alegre?. Temos de fazer as coisas pensando em dar alegrias
para ele”
FE Nste ano, em abril, teremos aqui, em Pedro Leopoldo
, novo Encontro dos Amigos de Chico Xavier.
Cidália - “Deus permita que isso aconteça. Temos
o interesse do Geraldinho que é uma pessoa muito especial. Ele
é o nosso sucesso. Apesar de não ter tido muito contato
com ele, digo que é uma pessoa maravilhosa. O Chico dedicava
a ele a maior consideração. Se a minha saúde estiver
boa, irei ao encontro para retribuir aos amigos as alegrias que proporcionam
ao Chico”.
FE. Uma mensagem para os Espíritas.
Cidália “Quem sou eu para dar mensagem aos espíritas...
Diria apenas que fico muito feliz por amarem o Chico da forma como amam,
dentro dos princípios da Doutrina Espírita”.
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-

O cartão que Chico Xavier lhe enviou no
dia 4 de maio de 1981, assinalando os 50 anos da partida da mãe
Cidália Batista, ocorrida no dia 19 de abril de 1931.
Foto e reprodução Ismael Gobbo

Dona Cidália Xavier Carvalho em frente de sua casa em Pedro Leopoldo,
MG.
Foto Ismael Gobbo

A família de Chico Xavier. Pedro Leopoldo, MG. Chico, o terceiro
a partir da esquerda, ao lado do pai.
Foto fornecida por Jhon Harley M. Marques.
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Desencarnou d. Cidália
Cidália Xavier, uma grande trabalhadora do Cristo
Desencarnou no dia 01 de maio,
nesta sexta-feira, por volta das 20:30 horas a última irmã
de Chico Xavier, a amiga e companheira de Ideal Cidália Xavier
de Carvalho. O sepultamento ocorreu no cemitério da cidade de
Pedro Leopoldo, neste sábado, às 16:00 horas.
Tive a felicidade de conhecer Chico Xavier em 1981 na casa de nossa
estimada irmã e do nosso também saudoso Francisco Carvalho
(mais conhecido como Chiquinho Carvalho, seu marido). São lembranças
e recordações que permanecerão eternamente em nossas
lembranças mais raras.
Criatura de um coração amigo e generoso. Viveu de bem
com a vida. Pessoa extremamente bem humorada. Médium de excelentes
faculdades mediúnicas. Trabalhou por muitos anos no Grupo Meimei,
onde atuou como médium psicofônica.
Desencarnou no Dia do Trabalho, pois, de fato, foi uma grande trabalhadora
do Cristo. Fiel a Jesus, Kardec e Chico Xavier.
Querida amiga e irmã receba os nossos melhores pensamentos de
gratidão e reconhecimento.
Aonde estiver: Deus te abençoe! Deus te ampare! Deus te abençoe!
Jhon Harley
Fonte:
http://www.noticiasespiritas.com.br/2015/MAIO/04-05-2015.htm
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