17/03/2015
por G1 Bauru e Marília

Passe simples sendo aplicado pelo grupo mediúnico
(Foto: Isabela Ribeiro/ G1)
Um grupo de oito médicos da Associação Espírita
de Médicos de Botucatu (SP) se reuniu para pesquisar a influência
da terapêutica energética do “passe” espírita
na redução da ansiedade. A técnica, originada das
práticas de cura do cristianismo primitivo, consiste basicamente
na imposição de mãos sobre uma pessoa, a fim de
transferir boas energias e tratar o lado espiritual de quem recebe o
“passe”.
A pesquisa teve início em 2014 e está em fase de desenvolvimento
na Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB). De acordo com o médico
infectologista Ricardo de Souza Cavalcante, a inspiração
para a pesquisa surgiu de outro grupo de médicos, de São
Paulo, que iniciou um estudo sobre a eficácia de uma técnica
semelhante, o Reiki, de origem japonesa.

Passistas preparados iniciar sessão do passe
conjugado (Foto: Isabela Ribeiro/ G1)
O estudo sobre o “passe” é feito com voluntários,
não necessariamente espíritas ou praticantes de alguma
religião, que não estejam fazendo nenhum tipo de tratamento
psicológico ou psiquiátrico.
“Primeiramente, nós fazemos uma avaliação
médica para verificar se o voluntário tem realmente
o diagnóstico de ansiedade. Se confirmado, o paciente passa
a frequentar a sala de estudos uma vez por semana, durante oito semanas,
para receber o 'passe' ”, explica Ricardo.
Ainda de acordo com o médico, antes de iniciar
o tratamento, os participantes passam por um tempo de meditação
e concentração. Música ambiente é utilizada
para relaxar e, por 5 minutos, um terapeuta impõe as mãos
sobre a cabeça, tórax e barriga do voluntário.
São levados em conta, na análise, níveis de depressão,
qualidade de vida e grau de espiritualidade do paciente.
Os voluntários respondem a um questionário ao final de
cada sessão e, alguns deles, passam por exames de eletroencefalograma,
para medir as variações das ondas cerebrais antes, durante
e depois do procedimento.
Passe conjugado, com dois ou mais
passistas (Foto: Isabela Ribeiro/ G1)
Ciência e espiritualidade
Nas últimas décadas, muitos estudos científicos
têm sido feitos a fim de demonstrar os benefícios de aliar
o trabalho com a espiritualidade ao tratamento médico convencional.
“Houve uma separação histórica,
mas eu acredito que essas coisas precisam caminhar juntas. O ser humano
deve ser visto como um todo. Nós não somos só
um amontoado de células. Temos, comprovadamente, um lado emocional,
espiritual”, pontua Ricardo.
A dona de casa Silvia Helena Vieira da Silva, de 47
anos, é uma das voluntárias que participarão da
pesquisa. Católica, ela acredita que as práticas espíritas
podem colaborar para o bem-estar.
“Nós estamos tão ansiosos, nos
medicando tanto, que eu gostaria de experimentar algo que não
fosse medicamento, até porque remédios atacam meu organismo.
Se eu puder fugir, eu fujo”, declara Silvia, que sofre as consequências
físicas da ansiedade.
“Nós que temos filhos, estamos sempre na expectativa
de algo. É um convívio constante com a ansiedade. Quando
ela aparece, meu intestino solta, sinto dores no estômago e
na cabeça. Quero muito que esta iniciativa dê certo”,
conta.
"Muitos voluntários estão participando da pesquisa.
Eles precisaram demonstrar ter ansiedade e não esteja em tratamento
psicológico pode participar. Nosso objetivo não é
converter ninguém”, explica o médico.
Os interessados em participar da pesquisa podem obter
informações pelo telefone (14) 3811- 6547.

Leopoldo Zanardi, diretor de comunicação
do Centro Espírita Amor e Caridade (Foto: Isabela Ribeiro/ G1)
Passe na Dourtina Espírita
De acordo com Leopoldo Zanardi, diretor de comunicação
do Centro Espírita Amor e Caridade, de Bauru (SP), o “passe”
trata-se de uma assistência espiritual, denominada de fluidoterapia,
e que não anula a necessidade do tratamento médico. Este
nome é dado por ser uma transferência de energias.
“As mãos são colocadas de 10 a
15 centímetros acima da cabeça, não há
toque físico. A Federação Espírita brasileira
aconselha que as mãos sejam colocadas apenas sobre a cabeça”,
conta Leopoldo.
Ele explica também que, na doutrina espírita,
acredita-se que além das boas energias passadas pelo passista,
existe também a atuação de espíritos que
identificam e agem diretamente no problema de quem está recebendo
o passe, seja ele físico, emocional ou espiritual. O procedimento
pode ser individual (“passe simples”) ou em grupo (“passe
conjugado” – 2 ou mais passistas realizam o procedimento).
Mas quanto mais pessoas estiverem juntas, melhor, de acordo com Leopoldo.

Prece feita pelo grupo mediúnico antes de
dar
início ao procedimento (Foto: Isabela Ribeiro/ G1)
No Centro Espírita, o passe simples pode ser tomado por qualquer
um que desejar, sem a necessidade de entrevista. Mas, para aqueles que
querem tratar algo específico, é necessário passar
pelo atendimento, onde será identificada a necessidade de cada
pessoa.
Em seguida a pessoa recebe um papel que dá direito a oito passes,
que devem ser tomados uma vez por semana. Em ambos os casos, os pacientes
entram em uma sala, após um período de oração
do grupo mediúnico (responsável por aplicar os passes),
sentam-se nas cadeiras e estendem as duas mãos para frente, como
quem está para receber algo.
Os passistas, como também são chamados os membros do grupo
mediúnico, impõe as mãos sobre a cabeça
das pessoas, uma nova prece é anunciada e, após poucos
minutos de silêncio, tudo está feito. Depois de dispensar
as pessoas, os passistas fazem outra oração de agradecimento
e encerram o procedimento.
“É importante ressaltar que não
se deve abrir mão do tratamento médico. Nós oferecemos
uma assistência espiritual. Também não basta apenas
'tomar o passe’. É necessário assistir às
palestras, mudar o pensamento, buscar ser melhor a cada dia. Dominar
as más inclinações e fazer caridade. Precisamos
estar em constante evolução”, completa Leopoldo.
Iole Angelo Cintra fala de sua experiência
com o
passe espírita (Foto: Isabela Ribeiro/ G1)
Para a dona de casa Iole Angelo Cintra, de 46 anos,
tomar os “passes” trouxe melhora para problemas de insônia
e dor de cabeça que, segundo ela, tinham raiz espiritual.
“Eu não dormia direito à noite.
Aqui no centro descobri que eu tinha ‘desdobramento’,
que é uma espécie de mediunidade que me faz sair do
meu corpo. Eu me via dormindo à noite e andava pela minha casa.
Quando comecei a tomar os passes, as dores de cabeça sumiram
e eu pude controlar mais esse desdobramento. O efeito do passe é
ótimo, mas também depende da pessoa se esforçar
para ser alguém melhor”, contou Iole.

Aplicação do passe simples pelo grupo
mediúnico (Foto: Isabela Ribeiro/ G1)
Fonte:
http://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2015/03/medicos-pesquisam-influencia-do-passe-espirita-para-tratar-ansiedade.html
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