10/12/2014
Casa do adeus: hospital em SP abriga crianças
terminais para "aconchego" no fim da vida
Serviço gratuito é voltado a pacientes sem cura; estabelecimento
fica na zona leste
- reportagem do portal R7

Clínica na zona leste se dedica a cuidar
de pacientes terminais
Daia Oliver/R7



Dia após dia, Regina afirma que "espera
o tempo passar" e que agradece cada minuto os momentos que tem
ao lado do filho.
— Não quero o Rafael a qualquer custo. Prometi a ele que
não tomaria nenhuma medida drástica para mantê-lo
ao meu lado. Agradeço a Deus todos os dias por ter colocado o
Rafa na minha vida, ele com certeza fez de mim uma pessoa melhor, um
ser humano melhor
Foto: Daia Oliver/R7
Aliviar os sintomas de pacientes sem cura. Foi com esse
objetivo que o oncologista pediátrico Sidnei Epelman
e a psicóloga Claudia Epelman idealizaram o
primeiro hospice gratuito do País. Trata-se de uma casa, chamada
Hospice Francesco Leonardo Beira, feita para receber
crianças com câncer em estágio terminal. O centro
de cuidados paliativos foi inaugurado no fim do ano passado, em Itaquera,
São Paulo.
Há 30 anos, o médico que trabalha com câncer infantil
contou que a experiência profissional provocou a “necessidade
de dar mais atenção aos pacientes sem chance de cura”.
O objetivo, segundo ele, era criar um espaço com "o aconchego
de uma casa" que pudesse receber pacientes terminais sem ter a
rotina de um hospital.
— Cerca de 70 a 80% dos casos de câncer infantil têm
cura, mas temos que pensar também nos outros 20% que não
conseguem se livrar da doença.
O paciente terminal é aquele com diagnóstico
de doença grave, crônica e ameaçadora de vida. No
caso do câncer, o estágio terminal é quando a doença
está avançada e sem perspectiva de cura, com no máximo
seis meses de vida.
Desde a abertura do hospice, o local
recebeu dois pacientes, um de quatro anos e outro de oito. Infelizmente,
o primeiro passou dez dias e o segundo três semanas — ele
morreu em fevereiro. O espaço tem capacidade para receber três
pacientes ao mesmo tempo com dois acompanhantes cada um.
— Por serem casos terminais, são pacientes
que não ficam muito tempo. Geralmente ficam entre um e dois
meses, por isso as visitas são liberadas e a rotina não
é tão rígida como a de um hospital.
O centro é mantido pelo Tucca (Associação
para Crianças e Adolescentes com Câncer), entidade que
tem parceria com o Hospital Santa Marcelina, e não tem custo.
Além de receber pacientes com câncer terminal,
a Clínica Acallanto, que fica na zona oeste
de São Paulo, também recebe pacientes sem cura por causa
de outras doenças.
Uma das idealizadoras do projeto, a enfermeira Andreia
Canesin trabalhou durante anos em um grande hospital da cidade
e conta que percebeu que faltavam leitos para este tipo de público.
Segundo ela, devido ao estado de saúde dos
pacientes, as famílias chegam frágeis, desorientadas e
necessitam de um apoio emocional e psicológico por parte dos
profissionais.
— Temos como objetivo prevenir e aliviar o
sofrimento do paciente, independente da doença ou do estágio
em que ela está. Procuramos também cuidar dos parentes
e amigos, que sempre necessitam de algum apoio nessa hora.
Sócia de Andreia e também idealizadora
da clínica, Elisângela Ribeiro afirmou que o Brasil ainda
"está devendo quando o assunto é o tratamento de
pacientes terminais". A falta de estrutura dos hospitais para acomodar
as pessoas por tempo indeterminado é um dos principais problemas.
— Pacientes com doenças crônicas
ficam internados por muito tempo e a falta de leitos nos hospitais
faz com que os médicos deem alta aos pacientes muito cedo.
A família desse paciente, muitas vezes, não
sabe como agir e a chance de a pessoa voltar ao hospital é
muito grande.
Para as idealizadoras, é importante que os familiares
saibam quais são as opções na hora de escolher
o local em que o paciente será tratado. Desde o tratamento em
casa (home care), até a internação em uma clínica
ou hospital, o importante é que o parente tenha o que é
necessário para oferecer ao enfermo o que ele necessita.
Fonte:
http://noticias.r7.com/saude/casa-do-adeus-hospital-em-sp-abriga-criancas-terminais-para-aconchego-no-fim-da-vida-21042014
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