02/11/2014

O documentário começa com a casa onde
Renata Basso, 18 anos, a protagonista da história, nasceu. Uma
residência simples e pequena, localizada na área rural
de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Nos primeiros minutos do curta, o pai de Renata, Nelson Miguel Basso,
falou sobre os momentos marcantes do nascimento da filha e, em seguida
a irmã, Rosane Basso, comentou sobre a fase da adolescência
da garota, das dificuldades para encontrar uma escola regular que atendesse
as necessidades da jovem e cuja mensalidade coubesse no orçamento
da família. Sem obter êxito, a solução foi
matricular a menina no colégio público Coronel Pilar,
conhecido por ser referência em educação inclusiva
na região. Na próxima cena, surge Renata se arrumando
sozinha para ir ao colégio. Vaidosa, ela penteia os cabelos,
passa maquiagem e colocar seus assessórios.
Essas são cenas da produção Outro
olhar, lançado pelo Instituto Alana, Instituto
Rodrigo Mendes. Produzido pela Maria Farinha Filmes, o documentário
possui 26 minutos de duração e tem a finalidade de: “transformar
o olhar da sociedade em relação às pessoas com
a Síndrome de Down, além de apoiar pesquisas científicas
e iniciativas que venham mostrar o valor e o potencial das pessoas,
com ou sem a Síndrome, e melhorar sua qualidade de vida”,
destacou a responsável pela iniciativa, Claudia Moreira.

Vida escolar
Com uma trilha sonora jovem, a rotina dentro da escola com
os amigos e professores é retratada. Em uma roda de conversa,
os colegas de classe da gaúcha contaram sobre como foi conviver
com ela nesses três anos, durante o ensino médio, e ressaltaram
a importância da inclusão, porque todos eles puderam aprender
sobre a diversidade.
Os professores e educadores do Atendimento Educacional Especializado
(AEE) deram vários depoimentos no decorrer do filme sobre como
foi trabalhar de maneira conjunta para adaptar os conteúdos dados
em aula, de modo que Renata pudesse absorvê-los. A irmã
de Renata elogiou o desempenho da escola, mas ressaltou que ainda há
muito o que mudar como, por exemplo, adaptar ainda mais as matérias
de matemática, química, física e biologia, extraindo
apenas as partes essenciais dessas disciplinas.
Ao final do curta, Renata tem a oportunidade de filmar tudo o que considera
importante, incluindo os familiares, os animais de estimação,
os pássaros que montam ninhos em uma árvore no quintal
e os lugares preferidos da sua casa.
No dia a dia
O filme é um convite à reflexão e foi
produzido com o intuito de ajudar educadores e gestores a refletir sobre
a inclusão de pessoas com Síndrome de Down no ambiente
escolar, de acordo com Claudia.
O objetivo de produzir um documentário com esse viés
fica claro na voz da diretora Renata Sette.
“Quanto mais mostrarmos histórias que deram certo,
melhor será. Claro que as dificuldades existem, mas é
possível vencer tantas barreiras com esforço, trabalho,
vontade – foi o que aconteceu com a Renata. À medida
que as pessoas vêem histórias como essa, percebem as
possibilidades, passem a ver o enorme potencial das crianças
e jovens com Síndrome de Down e o quanto é necessário
que os espaços sejam os mesmos para o crescimento de todos
nós, quanto mais isso for mostrado, sem dúvida, menos
preconceito haverá”, defendeu Sette.
Encarar o desafio da produção foi uma experiência
marcante na vida da diretora, que acredita que há muitos ganhos
nesse tipo de iniciativa.
“Os desafios estão aí para todos nós diariamente:
para as famílias de criança com Síndrome de Down,
ou não, para professores, diretores, governos. Isso está
no fato de perceber o quanto é realmente difícil unir
tantas opiniões divergentes em prol da melhoria de cidadãos
e da sociedade. Evoluímos”, completou.
Todo cidadão pode contribuir para uma sociedade mais justa e
promover a inclusão de pessoas com, ou sem deficiência.
Nesse sentindo, o presidente do Instituto Rodrigo Mendes, Rodrigo Hubner
Mendes, explicou o modo como o cidadão pode contribuir nesse
processo.
“Hoje existem uma série de ambientes na internet criados
para permitir que qualquer pessoa acompanhe os avanços da educação
brasileira e, por outro lado, exerça seu papel de cobrar do
poder público o cumprimento dos deveres, como, por exemplo,
o Observatório da Educação, no qual as pessoas
podem acompanhar quais são os assuntos que estão sendo
discutidos, os avanços da área e fazer comentários”,
contextualizou.
Ele também comentou sobre o despreparo dos professores, quando
se trata de trabalhar com pessoas com deficiência.
“O fato dos educadores ainda não terem um conhecimento
profundo sobre o assunto não pode adiar o atendimento na escola
regular. É ilusão que primeiro a escola vai se preparar
e depois de alguns anos essa instituição vai passar
a atender essa demanda. Isso não é factível,
enquanto a presença da pessoa com deficiência não
for uma realidade, não vai gerar a urgência que o assunto
precisa”, finaliza.
Na avaliação da professora doutora da Universidade Pontifícia
Católica de São Paulo (PUC), Darcy Raiça, a educação
inclusiva está no caminho certo, mas ainda há o que ser
feito.
“A educação inclusiva é um movimento recente.
Foi implantada em 1994 e tem tido uma evolução relativamente
positiva, pois percebemos que a sociedade está sensibilizada
com essa questão”.
A professora ressaltou também que existe a necessidade de mais
investimentos nesse setor:
“Quando se trata de educação inclusiva, a escola
regular deixa a desejar, precisamos de mais investimentos para melhorar
a educação de modo geral. A educação no
País não é adequada. Mas ainda há muito
o que se fazer no quesito educação e educação
inclusiva”, comentou.
A especialista em inclusão também apontou formas do governo
contribuir para que os professores estejam mais preparados para atender
essa demanda.
“O governo tem que melhorar a qualidade da educação
de modo geral. É necessário oferecer cursos de capacitação
para os professores saberem como receber esse aluno. Para o docente
atuar na educação com as pessoas com deficiência,
ele precisa fazer adaptações curriculares, ou seja,
como eu vou trabalhar com essas pessoas, de modo que eu consigo ajudar
o meu aluno, não basta somente inserí-lo na classe regular
e deixá-lo de lado”, alertou.
Serviço:
Documentário na íntegra: http://goo.gl/kvuxnM
Observatório da Educação: www.observatoriodaeducacao.org.br
Projeto Outro Olhar: http://outroolhar.com.br/
Fonte:
http://www.setor3.com.br
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