13/03/2014
Brasileiro doa mais para mendigos e igrejas,
diz estudo
por Jairo Marques
Pesquisa mostra que 30% da população
pratica 'doação assistencialista' em vez de contribuir
com entidades. Pobres tendem mais a dar esmolas; maioria diz não
sentir motivação para fazer trabalhos voluntários
Seis pessoas se revezavam no cruzamento das avenidas
Duque de Caxias e Rio Branco, no centro de São Paulo, na última
sexta-feira pela manhã, atrás de esmolas. Em 20 minutos,
trinta motoristas abriram os vidros dos carros parados no semáforo
e deram moedas aos pedintes.
Essa modalidade de ajuda ao próximo
é a mais comum entre os brasileiro, ao lado de doações
a igrejas, segundo pesquisa realizada pelo Idis (Instituto para o Desenvolvimento
do Investimento Social) e a Ipsos Public Affaris.
Ambas tiveram 30% da predileção,
bem à frente de doações a ONGs, com 14%.
O levantamento ouviu 3.000 pessoas
de 70 cidades de nove regiões metropolitanas no país entre
julho e dezembro do ano passado. A margem de erro é de três
pontos percentuais.
"O resultado mostra que o brasileiro
não doa de forma estratégica, buscando desenvolvimento
de soluções para os problemas do país. A doação
é assistencialista", diz Paula Fabiani, diretora-executiva
do Idis.
Segundo ela, o impacto positivo seria
muito maior se todo o percentual que é doado a pedintes fosse
para organizações sociais.
A tendência para doar esmolas
é maior na região Nordeste (40%) e entre os mais pobres
(33%).
Nas classes A e B, a solidariedade
com ONGs foi citada com maior frequência (17%), mas ainda atrás
das igrejas (25%), que empatam tecnicamente com os pedintes (27%).
Entre as razões para não
doar, foram citadas falta de dinheiro (54%), falta de pedido de auxílio
(18%) e desconfiança nas ONGs (12%).
DIVULGAÇÃO
Para Adriana Ramos, diretora-executiva da Abong (Associação
Brasileira de Organizações Não Governamentais),
faltam recursos para divulgar as entidades.
"É muito difícil falar com a sociedade porque
os recursos para essa comunicação não estão
disponíveis. Não há nenhum fundo público
para apoiar a criação, a manutenção e
o fortalecimento das organizações", afirma.
Sobre a desconfiança, Adriana diz que "nos últimos
anos houve uma criminalização das ONGs, após escândalos
envolvendo o governo".
"Tanto o governo como a imprensa acabam focando o problema nas
organizações, o que gera um clima de desconfiança.
Com o desconhecimento, a sociedade acaba não tendo argumentos
para se contrapor."
Um dos pontos que mais surpreendeu os organizadores da pesquisa foi
em relação ao estímulo que leva à doação.
Em 73% dos casos, o brasileiro não se sente motivado a doar dinheiro
ou a fazer trabalho voluntário.
"O Brasil precisa desenvolver a cultura de solidariedade e discutir
mais os benefícios que a ajuda a organizações
pode trazer ao país e às pessoas", afirma Paula.
A pesquisa mostrou ainda que 84% dos entrevistados desconhecem que
podem deduzir doações no Imposto de Renda. Parte do recurso
que seria pago à União pode ir para entidades.
Segundo a diretora do Idis, conseguir incentivo fiscal é "complexo
e burocrático". Só organizações grandes
conseguem cumprir as exigências.
"O doador precisa ter o recibo, ter a certeza de que a ONG informou
à Receita a doação. Simplificar a lei e ampliar
as formas de captação ajudariam bastante", afirma.
Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/155599-brasileiro-doa-mais-para-mendigos-e-igrejas-diz-estudo.shtml
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