02/03/2014
Nova teoria cosmológica descarta Big
Bang
Com informações da Universidade de Heidelberg

Por mais incômodo que possa ser, os físicos
nunca conseguiram se livrar de fato de um "momento da criação".
Imagem: Cortesia www.grandunificationtheory.com
Adeus Big Bang?
Será que o universo começou com uma grande
explosão - o Big Bang - ou será que ele lentamente vem
se descongelando de um estado extremamente frio e quase estático?
Embora a ideia de um Big Bang tenha sido ridicularizada e enfrentado
grande ceticismo entre os físicos quando foi apresentada, a atual
geração de cientistas cresceu sob esse arcabouço
teórico.
E, por mais incômodo que possa ser, os físicos ainda não
conseguiram se livrar de fato de um "momento da criação".
Para a atual geração, o Big Bang parece tão natural
que muitos se esquecem de que se trata de um modelo teórico,
e se referem a ele como um "fato histórico inegável".
O Dr. Christof Wetterich, um físico da Universidade de Heidelberg,
na Alemanha, não comunga desse "paradigma".
Wetterich acaba de detalhar em três artigos científicos
um novo modelo teórico de expansão cósmica que
consegue um feito inusitado: ao mesmo tempo que parece virar a cosmologia
atual de pernas para o ar, seu modelo acomoda os dados observacionais
obtidos nas últimas décadas.
Singularidade
Pela nova teoria, o Universo não nasceu em um
Big Bang instantâneo ocorrido 13,8 bilhões anos atrás
- em vez disso, o nascimento do Universo foi calmo e lento, estendendo-se
para o passado infinito.
A base dessa proposta é que as massas de todas as partículas
elementares aumenta constantemente, embora muito lentamente, algo que
já é acomodado pela física das partículas.
No modelo atual, quanto mais nos dirigimos ao passado, aproximando-nos
do momento do Big Bang, mais forte a geometria do espaço-tempo
se curva, até chegar a uma singularidade, um termo que descreve
condições nas quais as leis físicas não
estão definidas.
No cenário do Big Bang, conforme o tempo vai passando a curvatura
do espaço-tempo vai aumentando, tornando-se infinitamente grande,
até chegar ao "universo plano" atual.
Universo com idade infinita
O professor Wetterich, porém, acredita que é
possível ver o quadro todo de um ângulo diferente.
Se as massas de todas as partículas elementares aumentam ao
longo do tempo e a força gravitacional diminui, então
o Universo também pode ter tido um início lento e muito
frio.
Nesse ponto de vista, o Universo "sempre existiu" - estende-se
temporalmente ao infinito - e sua "situação inicial"
era praticamente estática.
O cientista considera que os primeiros eventos que são indiretamente
observáveis hoje não estão no bilionésimo
de bilionésimo de bilionésimo de segundo após o
Big Bang - eles se estendem a algo em torno de 50 trilhões de
anos atrás.
"Não existe mais uma singularidade neste novo quadro do
cosmos," resume ele, singularidade que sempre foi um elemento incômodo
porque nele as leis da física não funcionam, não
há explicação do porquê da explosão
e se mantém a insistente questão sobre o que existia antes.
Campo cósmon
O novo modelo teórico explica a energia escura
e o "Universo inflacionário" primordial com um único
campo escalar que muda com o tempo, com todas as massas aumentando com
o valor desse campo.
"É uma reminiscência do bóson
de Higgs descoberto recentemente em Genebra. Esta partícula
elementar confirmou a suposição dos físicos que
as massas das partículas de fato dependem de valores de campo
e, portanto, são variáveis," explica Wetterich.
Nesta abordagem, todas as massas são proporcionais ao valor
do chamado campo "cósmon", que aumenta no decurso da
evolução cosmológica.
"A conclusão natural deste modelo é um quadro
de um Universo que evoluiu muito lentamente a partir de um estado
extremamente frio, encolhendo durante longos períodos de tempo,
em vez de se expandir," explica Wetterich.
Mantendo a interpretação do Big Bang
Apesar disso, Wetterich salienta que isso de forma alguma
torna a visão anterior do Big Bang inválida:
"Os físicos estão acostumados a descrever os
fenômenos observados usando imagens diferentes: a luz, por exemplo,
pode ser representada na forma de partículas ou como uma onda."
Nessa linha, entender o nascimento do Universo como uma explosão
repentina ou como uma lenta inflação - uma "explosão"
diluída no passado infinito - é algo muito menos radical.
"Isso é muito útil para muitas previsões
concretas sobre as consequências que surgem a partir dessa nova
abordagem teórica. Entretanto, descrever o 'nascimento' do
Universo sem uma singularidade oferece uma série de vantagens,"
enfatiza ele.
"E, no novo modelo, o incômodo dilema de que deve ter havido
algo antes do Big Bang já não é mais um problema,"
conclui Wetterich.

"No novo modelo, o incômodo dilema
de que deve ter havido algo antes do Big Bang
já não é mais um problema,"
diz o Dr. Christof Wetterich. [Imagem: Benjamin/Heidelberg University]
Bibliografia:
Hot big bang or slow freeze?
Christof Wetterich
arXiv
Vol.: 024005
DOI: 10.1103/PhysRevD.89.024005
http://arxiv.org/abs/1401.5313
Variable gravity Universe
Christof Wetterich
Physical Review D
Vol.: 2, Iss 4, 184-187
DOI: 10.1016/j.dark.2013.10.002
Universe without expansion
Christof Wetterich
Physics of the Dark Universe
Fonte:
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=nova-teoria-cosmologica-descarta-big-bang&id=010130140228&ebol=sim#.UxM-keNdU4K
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