31/08/2012
Desencarnou dia 28 de agosto de 2012, às 20h, em Curitiba (PR),
aos 93 anos de idade, o escritor Ney Lobo. Nascido em Curitiba, em 1919,
foi militar e escritor. Dedicou-se à pedagogia espírita
assumindo, em 1967, a diretoria do Instituto (depois colégio)
Lins de Vasconcellos, construindo a cidade-mirim e realizando um dos
mais marcantes feitos da Pedagogia Espírita, no Brasil. Escreveu
livros como Filosofia Espírita da Educação, em
cinco volumes, pela FEB Editora e outros com foco na Educação
Espírita

Na página no facebook da Associação Brasileira
de Pedagogia Espírita encontramos texto em homenagem a Ney Lobo,
recentemente falecido e aqui reproduzimos:
Faleceu esta noite do dia 28 ao dia 29 de agosto, em Curitiba, o
professor Ney Lobo, um dos grandes pioneiros da Pedagogia Espírita
no Brasil. Submetido a uma angioplastia, aos 93 anos, não resistiu
à cirurgia. Ney Lobo dirigiu no final dos anos 60 e início
dos 70, uma fantástica experiência pedagógica
no Instituto Lins de Vasconcellos, tendo criado uma cidade mirim,
onde as crianças elegiam seu prefeito, tinham uma agência
bancária, comércio, ruas, casa de oração
- para que pudessem exercitar de forma prática a cidadania.
Ney Lobo manteve com a ABPE sempre as mais cordiais e amistosas relações,
e marcou presença em todos os congressos que fizemos (2004,
2006, 2008, 2010). Autor de importantes obras sobre Educação
e Espiritismo (inclusive um livro assim chamado), "Filosofia
Espírita da Educação" (5 volumes), "Escola
Espírita" entre outros. Já há vários
anos estava trabalhando num livro em vários volumes também,
intitulado "Pedagogia da Espiritualidade", do qual apresentou
algumas conclusões em nosso 4º Congresso Brasileiro de
Pedagogia Espírita e 1º Congresso Internacional de Educação
e Espiritualidade, em setembro de 2010.
Querido Prof. Ney Lobo, leve nosso sentimento de gratidão,
nosso carinho e nossa vibração de paz!
Dora Incontri e Equipe da ABPE
Associação Brasileira de Pedagogia Espírita

Biografia
Nascido em Curitiba, em 1919, fez carreira
militar e formou-se em Letras em 1936. Licenciou-se depois em Filosofia
em 1964 e ainda continua militando pela Pedagogia Espírita, escrevendo
e dando cursos pelo Brasil.
Viveu sempre em sua cidade natal, afastando-se apenas
por curtos períodos em virtude da carreira no exército,
e dedicou-se de corpo e alma à idéia e à prática
da Pedagogia Espírita.
Como Pestalozzi, Ney Lobo não partiu da teoria
para a prática, mas extraiu a teoria da prática. Primeiro
experimentou, atuou, criou métodos e depois expôs tudo
em suas obras escritas, sobretudo nos cinco volumes de Filosofia Espírita
da Educação, onde explicita a conexão entre os
fundamentos espíritas e as conseqüentes propostas didático-pedagógicas.
Deve-se, nesse passo, levar em consideração a advertência
de Herculano Pires:
"Existe a Pedagogia Espírita na própria
estrutura da doutrina, mas qualquer sistematização que
fizermos não será 'a', mas 'uma' Pedagogia Espírita
sujeita a revisões futuras. E poderão surgir no futuro
tantas pedagogias espíritas quantas se fizerem necessárias,
de acordo com as diferenciações culturais que ocorrem
em diversos países. A unidade desses sistemas, entretanto,
será garantida pelo modelo inicial e fundamental que permanece
nos princípios essenciais da doutrina. Uma pedagogia só
será espírita se estiver fundada nesses princípios."
Esta assertiva de Herculano vem a propósito
porque na proposta de Ney Lobo defrontamo-nos pela primeira vez com
alguém que praticou e teorizou e, portanto, sistematizou princípios
e propôs um método.
Nessa sistematização, reconhece-se claramente
a essência da Pedagogia Espírita, mas também aparece
o contexto sociopolítico em que foi inserida e a própria
subjetividade do autor. Personalidade pragmática, embebida nos
valores cívicos da mentalidade militar, sua experiência
teve aspectos suigeneris.
Como muitos militares da época, Ney Lobo estava
convencido da necessidade de "um governo autoritário de
emergência, transitório", para evitar a "sublevação
disciplinar dos escalões inferiores das Forças Armadas,
que visava a substituir um regime dito democrático por outro,
socialista e marxista." Depois, como tantos outros, que apoiaram
o golpe de 64, entrou em desacordo, porque os "militares que tinham
por objetivo instaurar a democracia, lograram o contrário; um
governo autoritário que se perpetuou no poder." No meio
tempo, porém, era preciso preparar as novas gerações
para viverem a democracia. As sinceras convicções democráticas
do Prof. Lobo transparecem concretamente na proposta pedagógica
que geriu e, examinando os métodos e princípios que a
inspirou, o identificamos plenamente inserido na tradição
rousseauniana e pestalozziana:
"De todos os princípios que poderão
instruir um possível método educacional espírita,
conforme se depreende, o mais fundamental é o princípio
da atividade, verdadeira 'causa causans' de todo o sistema metodológico
espírita. (...) o homem é essencialmente o seu Espírito;
(...) o Espírito se manifesta pela sua atividade e jamais está
inativo..."
Em sua proposta pedagógica foram "removidas
das atividades docentes as formas e imagens do que se costuma chamar
aula, com as figuras da classe-auditório e do aluno-ouvinte e
do professor-orador. Ou seja, foi substituída a verbalização
docente pelo trabalho discente." Esta proposta repousa não
apenas no princípio da atividade, mas também nos princípios
da individualização e da cooperação, constituindo-se
os três "as dimensões do método espírita",
porque existe uma igualdade essencial entre todos os seres, mas uma
desigualdade relativa pelos diferentes graus evolutivos de cada espírito,
justificada pela Doutrina Espírita ao considerar as experiências
reencarnatórias de cada um, o que determina uma singularidade
que jamais será superada pela própria diversidade dessas
mesmas experiências. Adotando os parâmetros de Rousseau,
Pestalozzi e Eurípedes, Ney Lobo também abole as punições
e recompensas porque não corrigem , não educam e os educando
agem unicamente por contenção e temor, além de
provocarem incompreensão e, conseqüentemente, revolta.
Em 1967, Ney Lobo assumiu a diretoria do Instituto
(depois colégio) Lins de Vasconcellos, construindo a cidade-mirim
e realizando um dos mais marcantes feitos da Pedagogia Espírita,
no Brasil.
Apesar da inegável importância da contribuição
para a formulação da Pedagogia Espírita, a obra
no Colégio Lins de Vasconcellos teve triste desfecho. Tendo deixado
a diretoria em 1974, a proposta de Ney Lobo caiu em declínio,
mas a cidade-mirim continuou a funcionar regularmente
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