07/07/2012
RESUMO
O biólogo americano E. O. Wilson causa
celeuma ao argumentar, em livro, em favor da "seleção
de grupo", forma de seleção natural que afeta grupos,
e não indivíduos.
Ao minimizar importância da tradicional "seleção
de parentesco", Wilson propõe uma nova visão sobre
a trajetória evolutiva de insetos e humanos.
por REINALDO JOSÉ LOPES

ilustração - André Farkas
EDWARD OSBORNE Wilson, 82, nunca foi um sujeito modesto,
embora quase todos os que o conhecem façam questão de
louvar a gentileza um tanto antiquada do biólogo, um dos derradeiros
exemplares de "cavalheiro do Sul" dos EUA (ele nasceu no Alabama).
Em livro que acaba de ser lançado, o pesquisador da Universidade
Harvard -uma das maiores autoridades mundiais em formigas e "bicampeão"
do Prêmio Pulitzer- decidiu revisar sua própria (e grandiosa)
explicação sobre as raízes da natureza humana.
Em obras como "Sociobiology: The New Synthesis", de 1975,
Wilson já explorava o foco da discórdia atual: por que,
afinal, somos (ao menos de vez em quando) altruístas? Para ele,
a explicação mais correta está na "seleção
de grupo", ideia com fedor de heresia para uma parcela importante
dos teóricos da evolução.
Seus adversários enxergam a evolução como um jogo
cujos protagonistas são indivíduos ou genes - jamais grupos.
Essa também era a opinião dele em "Sociobiology".
Agora, no entanto, Wilson discorda.
"Indivíduos egoístas se saem melhor do que indivíduos
altruístas. Mas grupos de altruístas vencem grupos de
egoístas. Todo o resto é comentário", resume
ele no recém-lançado "The Social Conquest
of Earth" [a conquista social da Terra, ed. Liveright,
352 págs., R$ 80].
De leitura agradável e clara, o livro foi escrito para divulgar
as novas ideias do cientista para o grande público. A edição
brasileira está prevista para o segundo semestre, pela Companhia
das Letras, que ainda lançará, no ano que vem, "O
Superorganismo - A Beleza, a Elegância e a Esquisitice das Sociedades
dos Insetos".
PARENTESCO
Wilson ainda faz questão de cutucar outro vespeiro caro aos biólogos
evolutivos: o conceito de seleção de parentesco.
Grosso modo, ele pode ser descrito como a versão evolutiva do
nepotismo. Ajuda a expressar como sacrifícios feitos em favor
de parentes podem ser uma estratégia vencedora no jogo da evolução,
mesmo quando o indivíduo que arrisca a sua vida nem chega a deixar
descendentes diretos.
Bobagem, diz Wilson: tanto comportamentos observados na natureza quanto
modelos matemáticos -que supostamente mostrariam a importância
da seleção de parentesco- podem ser explicados de outras
maneiras. Por exemplo, pelo conceito de seleção de grupo.
A seleção de parentesco, escreve ele, é "uma
construção matemática fantasma, impossível
de ser expressa de maneira que faça algum sentido biológico
realista."
Para alguns, a briga põe mais coisas em jogo do que a ortodoxia
da teoria evolutiva. Decidir a disputa também ajudaria a determinar
se, afinal, o altruísmo puro, desinteressado, faz parte da nossa
herança genética - ou não passa de um belo manto
para o mais rasteiro favorecimento de parentes.
"Isso é ciência com altas implicações
existenciais", escreveu o neurocientista e divulgador científico
Jonah Lehrer na revista americana "New Yorker".
Dois anos atrás, ao apresentar uma prévia de suas teses
em artigo publicado na revista científica "Nature",
Wilson despertou tamanha ira que 130 dos mais renomados biólogos
do mundo mandaram uma carta tentando refutá-lo. O debate continuou,
com réplica e tréplica na "Nature" e na internet,
e ainda não amainou de todo.
"Ed sempre teve um viés favorável à seleção
de grupo, embora trate o tema de forma extremamente confusa. Nada
mudou [na pesquisa sobre evolução] para justificar a
ênfase que ele vem dando à ideia agora", diz Robert
Trivers, pesquisador da Universidade Rutgers (EUA), um dos críticos
mais ferrenhos da guinada.
Outros, porém, saem em defesa de Wilson.
"O que a gente está vendo é pura resistência
paradigmática. Thomas Kuhn ia adorar presenciar isso",
diz Charbel Niño El-Hani, do Laboratório de Ensino,
Filosofia e História da Biologia da Universidade Federal da
Bahia.
Historiador da ciência americano, morto em 1996, Kuhn postulou
que as grandes mudanças na ciência só acontecem
aos trancos e barrancos, quando uma antiga visão de mundo (o
tal paradigma) é suplantada por outro paradigma, inconciliável
com o anterior.
Para El-Hani, muitos dos que se opõem a reconhecer um possível
papel relevante da seleção de grupo o fazem por mero conservadorismo:
" Muita gente veio com a conversa de que o Wilson endoidou
ou está gagá. São os filhos se sentindo traídos
pelo Grande Pai ".
HAMILTON
Expressão matemática bastante simples, a regra de Hamilton
é considerada a base do pensamento quantitativo sobre seleção
de parentesco. A álgebra é do britânico William
Donald Hamilton (1936-2000), antigo aliado de Wilson e um dos biólogos
evolutivos mais admirados do século 20.
A expressão, C
Se a conta parece um pouco abstrusa, podemos compreendê-la a
partir de uma anedota, anterior ao trabalho de Hamilton e que acabou
por inspirá-lo.
Certa vez perguntaram ao também britânico John Burdon
Sanderson (conhecido como "JBS") Haldane (1892-1964), outro
gigante da biologia evolutiva, se ele seria capaz de dar a vida para
salvar um irmão. Ele fez uma conta rápida e respondeu
que seria capaz de se sacrificar alegremente não por um, mas
por dois irmãos. Ou por oito primos, tanto fazia.
Por trás da piada está o fato de que criaturas que se
reproduzem por meio do sexo, como nós e a vasta maioria dos reinos
animal e vegetal, possuem "fatias" genéticas de si
mesmas espalhadas pelo genoma de seus parentes.
Lembre-se de que seres humanos normais, por exemplo, possuem 23 pares
(a palavra-chave aqui é "pares") de cromossomos, as
estruturas enoveladas que abrigam o DNA. Um dos membros de cada par
é legado pelo pai; o outro vem do genoma materno.
Isso significa que, a cada geração, quando óvulos
e espermatozoides são produzidos, ocorre uma nova divisão,
meio a meio, do material genético que será passado para
os filhos.
Grosso modo, uma menina carrega 50% do genoma de sua mãe (a
conta é a mesma para irmãos, desde que sejam filhos do
mesmo pai e da mesma mãe), enquanto uma neta tem 25% do DNA de
sua avó. Primos em primeiro grau compartilham entre si 12,5%
de seu material genético -e por aí vai.
Portanto - e adicionando uma dose de dramalhão mexicano
à brincadeira de JBS-, só fará sentido usar o seu
corpo como escudo para proteger o seu irmão dos disparos de um
bandido caso você saiba de antemão que seu irmão
terá, no futuro, quatro filhos ou mais. Isso porque "quatro
sobrinhos" (25%+25%+25%+25%) = 100% "você".
O DNA que caracteriza o seu organismo, em outras palavras, será
mantido no grande caldeirão genético da nossa espécie
graças ao seu ato heroico, ainda que você pereça
sem deixar descendentes.
Claro que esse é o cenário extremo, hollywoodiano, em
que a seleção de parentesco poderia favorecer comportamentos
altruístas. Nesses casos, o B (de "benefício")
da regra de Hamilton é simples: garantir a sobrevivência
de membros da família.
Mas mesmo ações bem mais modestas, como tomar conta de
um neto ou sobrinho quando a filha ou a irmã precisam ir para
o trabalho, podem trazer uma contribuição pequena, mas
não desprezível, para a aptidão geral da família
-"aptidão" entendida como a capacidade de sobreviver
e deixar descendentes viáveis, a medida primordial do sucesso
evolutivo.
A formulação da regra de Hamilton, originalmente publicada
em artigos no periódico científico "Journal of Theoretical
Biology", em 1964, a princípio quase caiu no vazio. Wilson
foi um dos poucos partidários de primeira hora.
Em seu último livro, ele conta ter defendido Hamilton "diante
de uma plateia em grande parte hostil", num encontro da Real Sociedade
Entomológica de Londres, em 1965. A seleção de
parentesco é uma das estrelas de um dos livros do biólogo
a receber o Pulitzer, "On Human Nature" (sobre a natureza
humana), de 1979.
Defender esse tipo de ideia nos anos 1970 não era exatamente
um passeio no parque. Acusado de achar que os genes controlavam o comportamento
humano como se as pessoas fossem robôs e de até de apoiar
o racismo e a extrema direita, Wilson chegou a ser atacado durante uma
conferência científica -ativistas derramaram um jarro de
água gelada na cabeça dele.
O biólogo Nelio Bizzo, hoje professor de ensino de ciências
na USP, estudante de pós-graduação no começo
dos anos 1980, lembra como as implicações políticas
da obra de Wilson geravam polêmica.
"Cursei a disciplina de sociobiologia durante o mestrado e,
no trabalho final, levantei a conjectura de que, se as ideias de Wilson
estivessem corretas, o editor do livro deveria ser parente dele. Quase
fui reprovado", conta.
"Acho que a carga ideológica da seleção
de parentesco era evidentemente muito grande, pois era uma justificativa
muito forte para uma série de práticas sociais moralmente
inaceitáveis, como o racismo e a xenofobia", diz Bizzo.
"Talvez o Wilson seja descendente de uma família que possui
um gene que faz as pessoas pensarem que tudo é genético",
ironiza.
Apesar do debate político, para muitos a regra de Hamilton parecia
unir e explicar, num único conjunto conceitual e com economia,
uma série de fenômenos biológicos aparentemente
disparatados.
EUSSOCIALIDADE
O caso mais importante tinha a ver com o estilo de vida bizarro de certos
insetos, como formigas, abelhas e vespas, todos membros da ordem dos
himenópteros. Muitos desses animais adotaram a eussocialidade
(do grego "eu", "verdadeiro", ou "sociedades
verdadeiras", cuja complexidade pouco deve à da sociedade
humana).
A praxe nos grupos de insetos eussociais é que a reprodução
seja monopólio de uma única rainha, enquanto as demais
fêmeas do grupo, divididas em castas de operárias, soldadas
etc., nunca deixam descendentes diretos - e são em certa
medida descartáveis.
Para Hamilton e companhia, uma pista crucial para entender a estrutura
social desses insetos está no sistema que usam para determinar
o sexo dos indivíduos, conhecido como haplodiploide.
Começando pelo fim: "diploides" são os organismos
com dois conjuntos de cromossomos, como os humanos, as abelhas rainhas
e as abelhas operárias. Criaturas haploides têm um só
conjunto de cromossomos -é o caso dos zangões.
Rainhas e operárias nascem da união entre fêmeas
e machos, tal como nós. Já os zangões são
fruto da partenogênese (literalmente, "nascimento virgem"),
vindo ao mundo a partir de óvulos não fertilizados, botados
pelas rainhas.
Essa "esquisitice" teria uma consequência intrigante
para a regra de Hamilton. Por terem só uma cópia de cada
cromossomo, os zangões legam sempre os mesmos genes para suas
filhas, a não ser que ocorram mutações (se o genoma
deles fosse como o nosso, duas filhas poderiam herdar, cada uma, um
cromossomo diferente).
Por isso, duas abelhas filhas do mesmo pai e da mesma mãe estão
geneticamente muito mais próximas uma da outra do que irmãos
mamíferos: compartilham 75% de seus genes. No entanto, o grau
de compartilhamento entre essas fêmeas e suas mães ou filhas
ainda é o tradicional: 50%. Quanto aos zangões, justamente
pela presença de um único conjunto de cromossomos no genoma
deles, o compartilhamento cai para 25%.
Esses fatos simples, vistos pelo prisma da seleção de
parentesco, pareciam explicar o porquê da rainha solitária,
destinada a trazer ao mundo uma multidão de operárias
depois de um único voo nupcial com zangões. A monarca
não passaria de uma máquina de fazer súditas, as
quais teriam muito mais "interesse" em produzir irmãs
geneticamente parecidas com elas mesmas do que em criar suas próprias
filhas e filhos.
BRECHAS
O poder explicativo da seleção de parentesco teria ajudado,
portanto, a resolver o enigma da origem de alguns dos animais mais bem-sucedidos
da história da Terra. Afinal, embora formigas, abelhas e vespas
eussociais correspondam a apenas dezenas de milhares entre cerca de
1 milhão de espécies de insetos conhecidas, esses bichos
não têm rival em número de indivíduos. Apenas
as formigas correspondem a um quarto do total da biomassa (o "peso"
somado dos seres vivos) de animais.
No entanto, uma praga devoradora de celulose sempre rondou essa ortodoxia:
o cupim. Mais aparentados às baratas, esses animais são
diploides, tal e qual mamíferos como nós, e mesmo assim
são adeptos refinados da eussocialidade. Em seu novo livro, Wilson
mapeia o avanço da pesquisa nas últimas décadas,
revelando, em várias espécies, clara adoção
da vida eussocial sem o arranjo genético peculiar de abelhas
e formigas.
São seres como besouros, camarões e até roedores
que habitam o subsolo africano, entre eles o rato-toupeira-pelado (Heterocephalus
glaber). Mesmo no caso de abelhas e formigas, o mais comum é
que a rainha se acasale com múltiplos machos, anulando o efeito
de proximidade genética entre irmãs que poderia ser gerado
pela haplodiploidia "de um marido só".
O resultado desse novo conjunto de dados, argumenta Wilson, é
que a associação entre haplodiploidia e vida eussocial
"deixou de ter significância estatística".
SELEÇÃO DE GRUPO
Para Wilson, é muito mais simples pensar em termos de seleção
de grupo. Examinando o que há de comum entre os vários
tipos de espécies eussociais, ele afirma que esse estilo de vida
depende de vários pré-requisitos para emergir.
Um deles é a existência de um ninho "fortificado",
facilmente defensável -um protótipo de colmeia ou formigueiro,
digamos.
Outro passo crucial é quando modificações comportamentais,
provavelmente ligadas a mutações, levam os filhotes, ao
se tornarem adultos, a deixar de se dispersar e criar seus próprios
ninhos, permanecendo com a família e cuidando dos irmãos
que vão nascendo. Dados experimentais mostram que, nesses casos,
estabelece-se uma divisão de trabalho natural dentro da colônia,
com o aparecimento de formas rudimentares de rainhas e operárias.
Nesse contexto, afirma o biólogo, ganha a corrida evolutiva
o ninho que funcionar como a unidade reprodutiva mais azeitada -e a
divisão de trabalho e coesão proporcionadas pela vida
eussocial representariam enorme vantagem para os grupos altruístas,
diz ele.
O argumento já seria suficientemente ambicioso se a proposta
fosse explicar apenas os insetos sociais, que são a especialidade
de Wilson. Mas ele também classifica os seres humanos como mamíferos
eussociais, ainda que de natureza bem distinta da dos ratos-toupeira-pelados.
Apoiando-se em dados arqueológicos e paleoantropológicos,
ele vê os hominídeos (ancestrais do homem) passando pelo
processo de criação de "ninhos" defensáveis
ao adotarem o hábito de montar acampamentos de caçadores-coletores.
Assim como nas espécies eussociais, os acampamentos abrigavam
múltiplas gerações de indivíduos aparentados
e lançavam mão da divisão de trabalho para obter
alimentos, defender-se de grupos vizinhos e atacá-los.
"Invenções" tipicamente humanas, como a linguagem
complexa, a arte e a religião, seriam meios refinados para maximizar
a coesão interna dos grupos e prepará-los para o confronto
com os demais.
"A questão é que os seres humanos não apresentam
a divisão reprodutiva de trabalho que vemos nos insetos",
ressalva Klaus Hartfelder, biólogo da USP de Ribeirão
Preto que estuda o genoma das abelhas.
Para Wilson, as tendências altruístas humanas no interior
dos grupos são contrabalançadas pela seleção
natural agindo nos indivíduos, com cada um tentando maximizar
seu próprio potencial reprodutivo à custa dos demais.
O resultado é uma visão decididamente dualista da natureza
humana: a seleção de grupo é a mãe do que
chamamos de virtudes, diz Wilson; a seleção natural "individual",
a fonte de todos os vícios. Ser humano significa estar dilacerado
por essas tendências opostas a cada momento da vida.
RENASCIMENTO
Uma coisa é certa: os últimos anos viram um renascimento
dos estudos sobre seleção de grupo, embora a maioria dos
biólogos ainda relute em aceitá-la.
"Vinte anos atrás, a crítica à seleção
de grupo era feroz. Era considerado 'naïf' [ingênuo] ter
ideias desse campo", conta Diogo Meyer, biólogo evolutivo
da USP. "O campo amadureceu, deixou de ser anátema. Mas
demonstrações teóricas e empíricas fortes
a favor da seleção de grupo ainda são modestas".
Uma objeção tradicionalmente levantada pelos que duvidam
da seleção de grupo tem a ver com a relativa vulnerabilidade
das sociedades de altruístas ao chamado "mutante egoísta".
Num grupo em que predominam altruístas, um sujeito desse tipo
teria uma grande vantagem reprodutiva em relação aos demais,
e aquela população logo seria "invadida" e dominada
por descendentes dele.
Desde o fim dos anos 1990, no entanto, trabalhos de pessoas como David
Sloan Wilson (não é parente do outro Wilson) usaram modelos
matemáticos para mostrar que, em determinadas condições,
a seleção de grupo pode ocorrer. "Pode ser um evento
raro", diz Gustavo Caponi, professor de filosofia e história
da ciência da Universidade Federal de Santa Catarina. "Mas
a evolução tem tempo de sobra para eventos raros acontecerem."
Tais condições envolveriam, por exemplo, grupos relativamente
bem separados e homogêneos, de modo que a diversidade de comportamento
fosse menor no interior dos grupos do que entre um grupo e outro.
Para Charbel El-Hani, esse tipo de contexto pode favorecer a aplicação
que Wilson faz da seleção de grupo à evolução
humana. "As culturas humanas conseguem criar esse cenário",
diz ele, ressaltando, no entanto, que outros fatores igualmente importantes
devem ter influenciado a trajetória evolutiva de nossa espécie.
El-Hani lembra que até a avicultura fornece indícios
em favor da seleção de grupo: "Descobriu-se que,
depois de um certo limiar, era muito difícil aumentar a produção
de ovos de galinha. É que, quando os criadores selecionavam individualmente
as galinhas mais produtivas, essas acabam sendo também as 'nasty
chickens' [galinhas malvadas], que destruíam os ovos das outras."
Quando a seleção passou a ser feita pelos grupos que mais
botavam ovos, a produtividade voltou a subir.
Apesar da crescente adesão à ideia de seleção
de grupo, Wilson parece pisar em terreno mais pantanoso quando diz que
a seleção de parentesco inexiste ou é desimportante.
Mesmo entre os supostamente harmoniosos himenópteros, conflitos
de interesse genético ocorrem com frequência, lembra Klaus
Hartfelder, referindo-se ao seu campo de especialidade, as abelhas domésticas.
As operárias, célebres por sua esterilidade, ainda assim
são capazes de produzir ovos por partenogênese, e uma rainha
pode se acasalar com 20 machos diferentes antes de "constituir
família". "O que acontece é que as operárias
tendem a destruir os ovos botados por outras operárias cujo pai
não é o mesmo que o delas", conta Hartfelder. Coisas
parecidas também se dão com formigas.
A acidez do debate está longe de amainar, mas o biólogo
da USP vê com tranquilidade a briga.
"Essas posições fortes são importantes,
é assim que a ciência avança."
E, se Wilson estiver certo, talvez esse seja mais um resultado dos
profundos instintos tribais que a evolução inscreveu certa
vez nos corações de um punhado de primatas bípedes.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrissima/50544-o-gene-altruista.shtml
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