03/10/2007
A Dama da Caridade em Uberaba - Maria Modesto
Cravo
- Livro: Recordações de Modesta - Resenha do livro pelo
professor Jáder Sampaio

Maria Modesto Cravo / Resenha do livro por Jáder
Sampaio
Livro: Recordações de Modesta / Autor: Iracy Cecílio
Editor: INEDE / 223 páginas / ISBN: 9788589038218
Imagine-se em um médico, levado pela família,
com diagnóstico de gangrena e loucura e indicação
de amputação da perna. Agora imagine-se viajando muitos
quilômetros para ser tratado por um médium. Isto mesmo,
um médium! Imagine sua perna supostamente gangrenada cuidada
com água fluidificada e sua loucura reduzida à mediunidade.
Por fim, imagine uma cura em alguns dias e anos a fio de dedicação
à sua comunidade, tendo fundado cinco instituições.
Em síntese, esta é a vida de Maria Modesto Cravo, considerada
a Dama da Caridade em Uberaba-MG, que ganhou um livro biográfico
publicado pela editora INEDE.
A memória espírita não se esvanece
porque algumas editoras e pessoas insistem em preservar o pouco que
resta do passado com seus esforços pessoais. Mesmo sem formação
em história ou sem qualquer curso formal sobre preservação
da memória, surgem voluntários a abrir mão de suas
horas de descanso em iniciativas que possibilitam às novas gerações
não perder as “picadas” que foram abertas na mata
pelos pioneiros.
Maria Modesto nasceu em 1899, no mesmo ano em que Freud
escreveu a “Interpretação dos Sonhos”. Filha
de espíritas, padeceu aos 18 anos de uma enfermidade que foi
diagnosticada como grangrena por um facultativo da capital mineira,
associada a perturbação mental que os espíritas
identificaram como obsessão. A família evitou a cirurgia
e, mesmo sob advertência médica, levou-a a Sacramento,
onde foi tratada por Eurípedes Barsanulfo, à base de desobsessão,
passes e água fluidificada no período de 18 dias. Seguiu-se
a educação mediúnica e, em breve, estaria psicografando.
Ela seria intermediária das prescrições médicas
dos espíritos, prescrições corretas, para o desespero
do Pai da Psicanálise.
Estivesse viva, seria levada pelo Prof. Cléber
de Aquino, da USP, para ensinar aos alunos de Administração
sobre empreendedorismo. Ainda em 1917 ela foi aceita como sócia
no Centro Espírita Uberabense, em 1919 fundou o “Ponto
Bezerra de Menezes”, onde realizava reuniões mediúnicas
e reuniões públicas três vezes por semana, passados
nove anos, lançou a pedra fundamental do Sanatório Espírita,
sob a inspiração do presidente desencarnado da FEB. O
Sanatório foi construído em cinco anos, e, em breve, seria
dirigido pelo Dr. Inácio Ferreira.
Diariamente Maria Modesto passaria a colaborar com o funcionamento do
sanatório, seja através dos eventos sociais, seja através
do exercício da mediunidade, no auxílio à desobsessão,
e nas comunicações de espíritos superiores, como
é o caso do próprio Dr. Bezerra de Menezes.
A vida como médium foi marcada por eventos comprobatórios,
como a previsão da volta e fim trágico de Vargas ao poder,
feita em 1945, pelo espírito de Frei Ângelo.
Em 1940, a médium-empreendedora funda a União da Mocidade
Espírita de Uberaba, instituição que apoiaria durante
o curso da vida. Em 1949 ela fundaria o Lar Espírita, entidade
de amparo à criança.
Há ligações de Maria Modesto com
a maçonaria, visto que ela ajudou a construir a Loja Maçônica
Estrela Uberabense.
Maria Modesto desencarnou em 1964 na triste aurora dos
anos de chumbo.
O livro, na verdade, é uma compilação
de documentos. Os primeiros capítulos são memórias
biográficas escritas por diferentes autores, entre eles o filho
Erasmo. A segunda parte (embora o livro não esteja dividido assim)
contém a transcrição de mensagens, inicialmente
tendo Maria Modesto como médium e depois como personagem, através
de outros médiuns e muitas vezes com narrativa de outros espíritos.
A parte final do livro narra casos pitorescos (como
não poderia faltar a um livro mineiro de memórias), relatos
e ensaios, geralmente escritos póstumos que oradores e escritores
espíritas de destaque fizeram, focalizando partes ou sínteses
de sua biografia.
O livro foi bastante enriquecido com fotografias de
época, nas quais se vê Dona Modesta em diversos momentos
da vida, as instituições que ela ajudou a construir e
os seus familiares.
Esta é uma primeira iniciativa, ainda superficial. Cabe às
novas gerações dar continuidade ao trabalho de Iracy,
resgatando a contribuição da mediunidade de Dona Modesta
ao pensamento espírita, e aprofundando em sua personalidade
e nas suas relações com os atores sociais de sua época,
antes que a poeira do tempo cubra de vez as suas heranças.
Fonte : Espiritismo Comentado
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