"Até que um dia percebi que
seu ceticismo não era uma postura de busca da verdade,
mas uma filosofia que se usava para manipular os dados conforme
suas crenças. Essa filosofia era de natureza pseudo intelectual
e costumava desacreditar e invalidar quem quer que propusesse
uma evidência. Infelizmente esses céticos pensam
que podem fazer uso da semântica e regras de sua filosofia
para apagar a evidência da realidade! Pensam que podem
invalidar eventos objetivos da vida real de natureza paranormal
colocando rótulos sobre eles ou citando teoremas e axiomas
do tipo 'evidências anedóticas não são
válidas', 'apelo à autoridade', 'argumento da
falácia ad populum' dentre outros. De fato, tentam usar
a semântica para apagar a realidade objetiva. Infelizmente
para eles, a natureza não funciona desse jeito."
Wiston Wu, www.australianparanormalsociety.com

Como já são bem conhecidas
as táticas que fundamentam o ceticismo dogmático,
recomendamos a leitura do post 'Pseudo-skeptical arguments of the
Paranormal' disponível em www.australianparanormalsociety.com.
Abaixo fazemos uma tradução adaptada para nossa discussão.
1) "Isso não pode ser, portanto, o fato não
é verdade!" Ignorar fatos ou evidências
que não se enquadram em suas crenças ou concepções
pré-estabelecidas do mundo. Isso é feito sem modificação
ou atualização das crenças para que se conformem
os fatos, o que é mais lógico. Esse processo é
conhecido como racionalização por dissonância
cognitiva.
2) Tentar forçar falsas explicações
para explicar um evento paranormal, independentemente de se encaixarem
ou não aos fatos. Em essência, céticos dogmáticos
preferem inventar falsas explicações ao invés
de aceitar as que se lhe são apresentadas e que sugerem a
transcendentalidade das causas associada aos fenômenos espíritas
ou paranormais. Por exemplo, o uso sistemático da hipótese
da "leitura fria" (cold reading) para explicar a precisão
surpreendente da informação trazida por médiuns
quando se sabe que tal explicação não dá
conta dos fatos e circunstâncias em que os fenômenos
ocorrem.
3) Mudança frequente nas regras que estabelecem os critérios
de evidência que o ceticismo dogmático deseja que
seja cumprido. Exemplo: um cético dogmático exige
experimentos controlados e não o que chamam de 'evidências
anedóticas' (esse termo tem caráter claramente pejorativo).
Quando isso é feito, ele muda novamente as regras e exige
que os experimentos sejam repetidos por outros pesquisadores. Quando
isso é feito, o cético dogmático passa a atacar
a integridade dos pesquisadores e o seu caráter, atacar os
métodos ou exige relatórios dos mais pormenorizados
detalhes do experimento. Caso contrário, rapidamente passa
a considerar uma evidência de falta de controle como resultando
na 'explicação' para o fenômeno. Sempre achará
uma desculpa que valida seu ponto de vista pre-estabelecido. Surgiu
uma evidência extraordinária? mude as regras das evidências
que elas deixam de ser...
4) Usar 'dois pesos e uma medida' para considerar as evidências.
Não aceitam o que chamam de 'evidência anedótica'
para fenômenos psíquicos, pois as consideram não
confiáveis. Surpreendentemente, porém, aceitam de
braços abertos quando tais evidências suportam seus
pontos de vista. Também as aceitam se tais evidências
circunstanciais depõem contra os fenômenos (um marca
inquestionável de postura tendenciosa). Exemplo: 'ninguém
nunca reportou nenhum fenômeno paranormal por aqui', ou 'ele/ela
disse outra coisa'. Quando um experimento feito em laboratório
mostra de forma clara a transcendentalidade da evidência eles
não a aceitam. Mas se algum experimento mostra apenas uma
probabilidade para essa explicação, então eles
tomam o experimento como claramente contrário à evidência;
5) Atacando a personalidade das testemunhas ou a credibilidade
das evidências por elas fornecidas quando não há
como aceitar essas evidências. A tática se assemelha
a dos políticos que, ao perceberem que não poderão
ganhar uma eleição, recorrem a afirmações
descabidas contra o adversário. Quando uma evidência
tem como origem uma testemunha chave que não pode ser desprezada
ou refutada, os céticos dogmáticos encontram uma maneira
de desacreditar a mesma seja através da contra caracterização
de suas personalidades, seja exagerando ou distorcendo eventuais
erros triviais que elas tenham cometido.
6) Desconsiderando todas as evidências para os eventos,
seja considerando-os anedóticos (um termo claramente pejorativo),
não testáveis, irreplicáveis ou sem controle.
Céticos que se fecham para qualquer evidência, mesmo
depois de perguntarem por ela de forma irônica, tendem a agir
desse modo, conforme as posturas descritas acima. Ainda que a evidência
seja na forma de experimento bem feito, eles a descartarão
considerando-a irreplicável ou fora controle.
As características que definem
o ceticismo dogmático ou pseudoceticismo revelam na verdade
forças psicológicas que não são distintas
do estado de fanatismo em que muitos crentes convictos se apresentam.
Por incrível que pareça, é como se as mesmas
forças operassem tanto dentro do fanático como do
pseudocético. Mas, entre o ceticismo dogmático mais
tenaz e a postura de prudência que nós devemos ter
ao se deparar com anomalias relatadas em primeira mão, existe
uma infinidade de estados.
Certamente o ceticismo é necessário - não temos
dúvida disso - para a vida diária. De certa forma,
o ceticismo é como um remédio que deve ser ingerido
na dose certa, pois, se tomado em excesso, intoxica. Mas, antes
de analisar com mais detalhe a questão do ceticismo e sua
postura diante dos fatos espíritas, convém estudarmos
também um pouco dos fundamentos da ciência, como ela
opera e sobre qual autoridade repousam seus fundamentos.
Será que a autoridade da ciência repousa na autoridade
dos cientistas? Será que cientistas, enquanto homens fora
de sua área específica estão autorizados a
emitir julgamentos a respeito de fatos que não conhecem?
Tais são as questões a que nos dedicaremos na próxima
postagem.