
Haleh Tajadini, Phd e colaboradores publicaram
um artigo no Journal of Evidence-Based Complementary and Alternative
Medicine um artigo sobre o efeito da prece na intensidade da
dor em pessoas com enxaqueca, em 2017.
Trata-se de um ensaio clínico controlado,
prospectivo, duplo cego e randomizado. 92 pacientes foram divididos
em dois grupos, aleatoriamente, cuja única diferença
é que um deles (GE - Grupo Experimental) seria beneficiado
com preces e o outro (GC - Grupo Controle) não seria.
Todos os pacientes foram tratados com 40 mg de propanolol de 12
em 12 horas. Foram feitos 45 minutos de prece, semanal, por oito
semanas para os membros do grupo experimental.
A doença, comum a todos os participantes do estudo, foi
a enxaqueca com e sem aura (uma percepção que alguns
pacientes têm que as dores se iniciarão) com os critérios
da International Headache Society. Os pacientes foram aleatoriamente
lotados nos grupos e não sabiam se receberiam preces ou não.
As dores foram avaliadas por uma enfermeira especialista que não
sabia se o paciente avaliado pertencia a GE ou ao GC. Este procedimento
evita que as crenças da enfermeira interferissem nos resultados
de sua avaliação.
A distribuição da amostra foi considerada normal
(teste Kolmogorov-Smirnof).
Foram estudados 92 pacientes, 82 dos quais eram mulheres com idade
média de 32 anos e 75% deles eram casados. Os dois grupos
tinham indicadores demográficos semelhantes.
No início do estudo, mediu-se a dor, e compararam-se os
grupos pelo teste t. Os dados são semelhantes entre os grupos,
não podendo ser considerados diferentes.
Três meses depois a dor foi novamente medida. Os dois grupos
tiveram redução de dor, mas a dor do grupo experimental
(que recebeu preces) foi significativamente menor. A probabilidade
de erro nesta afirmação é menor que 0,001 (um
por mil).
Na figura acima se vê que o grupo que recebeu preces teve
suas dores de cabeça reduzidas de uma média de 6,5
na escala para 4,2. Observe-se que mesmo considerando os intervalos
de confiança, as dores reduziram. O grupo que não
recebeu preces teve suas dores de cabeça reduzidas em média
de 5,7 para 5,4. Embora o segundo número seja menor, os intervalos
de confiança são muito próximos, não
se podendo nem afirmar que esta redução é significativa.
Chamo a atenção também para a diferença
dos intervalos de confiança entre os grupos experimental
e controle 3 meses após o início do experimento. Os
que receberam preces apresentam média inferior, mesmo considerando
os intervalos de confiança.
Apenas como curiosidade, segundo os autores, o Corão Sagrado
se baseia na prece (pray), que significa "pedir por alguma
coisa", "fazer uma solicitação para uma
necessidade" e "procurar ajuda". Os autores também
classificam a prece em "prece de conversação,
prece meditativa, prece ritual e prece intercessora".
Na discussão do estudo, os autores lembram que Wachholtz
e Pargament (2008) mostraram que a meditação tem um
grande efeito no decréscimo da frequência de dores
de cabeça em pacientes com enxaqueca, na diminuição
da ansiedade, no aumento da tolerância à dor e no bem-estar
existencial, entre outros resultados.