Ao designar Deus como inteligência
suprema e causa primária de todas as coisas, não incidimos
numa posição epistemológica, puramente intelectualista?
E ao estabelecer a relação Deus-Vida, atribuindo o mistério
desta ao mistério daquele, não caímos no solipsismo
[1]? Pelo menos aparentemente, excluímos da tríade metafísica
[2], Deus-Homem-Mundo, o terceiro termo. A relação se
estabelece em forma de polaridade: da inteligência suprema para
a inteligência inferior. Mas no intermúndio [3] dessa polaridade
encontramos todas as coisas, ou seja: o Mundo. Dessa maneira, temos
a tríade clássica da metafísica num sentido metapsíquico
[4]: a relação é antes psíquica do que espiritual,
pois dela resultam os sistemas orgânicos e inorgânicos das
coisas, dela brotam, ao mesmo tempo, os entes e os seres.
Vemos assim que essa fórmula, pela qual designamos Deus, mas
não o definimos, estabelece uma nova ordem epistemológica.
E nessa ordem a relação éctipo-arctipo [5] se confirma
como o processo de comunicação Deus-Homem. O mundo é
então meio de transmissão, a distância, interconsciencial,
através da qual se verifica, como modalidade do trânsito
do eu, o trânsito do pensamento. Foi essa possibilidade que levou
Kierkegaard [6] ao diálogo com o Outro, como única forma
de comunicação possível da arcstase [7] mística.
Mas a fórmula deus-inteligência-e-causa suprime
o equívoco kierdegaardiano, por estabelecer sinteticamente as
posições e essas funções demonstram, imediatamente,
a impossibilidade de uma tríplice polaridade a que aludem alguns
metafísicos. A polaridade é irreversivelmente dual: entre
os pólos do éctipo e do arctipo só
existe a zona necessária à existência da própria
polaridade, a zona de influência polar, que já examinamos
ao tratar da unipolaridade e da polaridade [8] no homem. Essa zona,
que a região ontológica [9] das coisas, é que constitui
o mundo, implicando a mundanidade.
A busca da serenidade se define, então, como a busca de Deus.
Uma espécie qualquer de tripolaridade impediria essa
busca, pois a região ontológica das coisas é o
plano natural da alienação na precipitação,
o plano da atomização da percepção e da
compreensão. Esse plano é necessário ao desenvolvimento
do espírito, é o meio em que se da a processão
plotiniana [10] ou a projeção existencial. Se
não houvesse esse meio, não haveria polaridade, mas apenas
pólos isolados. Deus seria, então, o motor imóvel
de Aristóteles, isolado no infinito, sem a possibilidade aristotélica
da atração pelo amor, pois a atração exigiria
o meio em que se exercer. Aliás, não é possível
admitir-se essa situação negativa, que implicaria a existência
do nada absoluto, com a nadificação total do
mundo, o que é um contra-senso, um ilogismo. Assim, a polaridade
implica o meio, até mesmo como resultado dialético da
reciprocidade interativa dos pólos. Mas, se a polaridade fosse
tríplice, a possibilidade permanente da alienação
inutilizaria a busca da serenidade.
Outro problema que se levanta é o da designação
de inteligência para Deus, e não de mente
ou psiquismo, pois sabemos que a inteligência para Deus,
e não de mente ou psiquismo, pois sabemos que a inteligência
é apenas um instrumento da mente. Mas o instrumento não
se define como tal, e sim como função. Ora, a função
implica o todo de que provém, e também o explica. Não
podemos tratar de Deus num sentindo ontológico puro, porque o
seu onto escapa à nossa percepção e à
nossa compreensão. Mas podemos encará-lo na sua função
inteligente, como encaramos o homem, pois é, nessa função
que ele se revela e se oculta, tornando-se acessível ao nosso
entendimento. Deus, como inteligência, pode ser a causa primária,
pois a inteligência é atuante; mas Deus como mente,
psiquismo, ou onto, exigiria definições
de substância e estrutura, que escapam inteiramente às
nossas possibilidades. Quer dizer: a inteligência é a própria
relação, em que nos encontramos com Deus, e independente
de maiores definições para a compreendermos. Além,
pois, de ser o fato imediato, que epistemologicamente se impõe,
e metodologicamente se aclara em nosso entendimento, oferece a vantagem
da desimplicação de questões metafísicas
de natureza irremediavelmente tautológicas [11].
Essas razões justificam a alusão anterior ao sentido metapsíquico
da relação metafísica Deus-Homem. Nosso psiquismo
se define como tal, escapando ao nosso entendimento as conexões
puramente espirituais do intermúndio psíquico. Da mesma
maneira por que Deus, como Ser, escapa às nossas possibilidades
de captação perceptiva ou intuitiva, o nosso ser espiritual
refoge ao nosso entendimento. O sentido, mais tradicional do que propriamente
etimológico, da palavra metafísica, serve para alimentar
a dicotomia teológica da realidade, interessando especialmente
ao pensamento místico, com sua tendência para a alienação
espiritual, enquanto o sentido etimológico da palavra metapsíquica,
não influenciado por nenhuma tradição dicotômica,
antes reforçado em sua significação por uma tradição
monocientífica bem definida, corresponde às exigências
metodológicas do pensamento atual. E isso, embora pareça
etimologicamente o contrário, pois além do psíquico
é sempre mais do que apenas além do físico.
Não obstante, a tradição superou a etimologia,
no caso da palavra metafísica, emprestando-lhe um significado
teológico que vai muito além do psíquico e do parapsíquico.
Claro que damos à palavra metapsíquica um sentido
diverso daquele assinalou o seu uso científico, mas esse sentido
não estabelece nenhum tipo de conflito, como os determinados
pela palavra metafísica. A metapsíquica se define, assim,
como um novo ramo epistemológico, aplicado não apenas
ao estudo das possibilidades parapsíquicas do homem, mas também
às relações psíquicas e parapsíquicas
com o mundo e com o além-mundo, onde situamos a posição
arctípica de Deus. Isto, por outro lado, vale dizer
que há em Deus, também, uma posição ectípica.
Realmente há, e é esta posição ectípica
de Deus que o torna acessível à análise, que o
põe ao alcance da lógica formal. Deus, como éctipo,
pode ser tratado logicamente: é tão objeto como o homem,
o mundo, as coisas. Por isso, Descartes [12] o chamou precisamente de
coisa. Esta possibilidade é sempre rejeitada pelo pensamento
místico, mesmo no plano da filosofia, em que a teologia exerce
ainda as últimas funções-resquícios do seu
império medieval sobre a antiga serva. Mas a legitimidade dessa
posição de Deus é patente, historicamente inegável.
A antropologia [13] e a etnologia [14], reforçadas pela própria
história das religiões, mostram-nos a todo momento a posição
ectípica de Deus nas formas antropomórficas das religiões
primitivas e das chamadas religiões positivas.
Procuremos esclarecer este assunto.
Georges Gusdorf [15], por exemplo, que defende a posição
metafísica clássica no atual existencialismo, afirma em
seu Traité de Métaphysique:
"A representação
da divindade e de seus atributos, nos diversos estádios da
pré-História, é da História, é
como um banco de ensaio para tirar a limpo os traços principais
do ser humano. Por isso, a História das Religiões representou
sempre uma das dimensões privilegiadas da antropologia. A busca
de Deus é a busca de si mesmo, e todo enriquecimento da imagem
de Deus, todo aprofundamento da teologia ou da piedade, é correlativo
de um enobrecimento da pessoa."
Temos aqui a polaridade de Deus manifestada
no social, e Deus como éctipo projetando-se em imagens
de sua representação sensível. Essas imagens assumem
para Gusdorf uma importância maior do que o próprio Deus,
ou pelo menos da concepção filosófica de Deus,
pois são as suas características concretas
que põe diretamente em debate o destino de seus fieis, segundo
a expressão textual de Gusdorf. Curiosa contradição:
o Deus-coisa de Descartes, que é o mesmo Deus-função
Gusdorf, esse éctipo de Deus, imanente em nossa compreensão
humana, torna-se vitalmente mais importante para a metafísica
do que o Deus metafísico da concepção filosófica
e teológica. Mas isso porque Gusdorf insiste na contradição
metafísica da interpretação de Deus como dualidade
dicotômica [16], e não como polaridade.
O que chamamos de dualidade dicotômica
é ao mesmo tempo a divisão de Deus em duas partes distintas
e a divisão teológica do cosmos em dois planos distintos,
estabelecendo a concepção contraditória de natural
e sobrenatural. Para Gusdorf, o sagrado e um elemento difuso no natural,
impondo-lhe a presença do sobrenatural como aquela marca
do obreiro na sua obra, que, para Descartes era a idéia
de Deus no home. Com isto, Gusdorf salva o princípio teológico
do sobrenatural, mantendo a dicotomia clássica, em vez de anulá-la
através do conceito filosófico do natural, que permite
a visão monística [17] do vasto mundo. Para uma
compreensão possível de Deus e de suas relações
com o Homem, através do Mundo, a dicotomia teológica é
um obstáculo permanente, enquanto o minismo filosófico
favorece o trânsito. E esse monismo não é forçado,
não é artificial, mas natural. O artificial é a
dicotomia, que resulta da nossa incapacidade conceptual para captar
a totalidade do natural. Por isso, Espinosa [18] sustentava a polaridade
natura naturans e natura naturata, negando a sobrenaturalidade
e o milagre, diante do avanço constante do conhecimento. As grandes
áreas já conquistadas pelo conhecimento antigo sobrenatural
provam essa realidade. Sobrenatural era apenas o que não podíamos
incluir no natural, e o milagre era apenas o fenômeno cujas leis
nos escapavam. Tanto as investigações metapsíquicas,
no passado, como as investigações parapsicológicas,
no presente, revalidam cientificamente essa explicação.
Deus se situa, assim, no natural, e especificamente na área antropológica
do natural. Gusdorf reclama a presença de Deus como objetivo
no éctipo, para que o homem possa relacionar-se com
ele. Mas a presença de Deus é onímoda [19]: ele
tanto esta no éctipo humano, quanto no ente das coisas
do mundo, no ser do mundo e da mundanidade, (que é o arctipo
do mundo), e no próprio arctipo do ser humano, onde
é o próprio Deus no homem, a divindade interna das escrituras.
O vós sois deuses do Evangelho é uma confirmação
de último fato. Cada homem tem Deus em si: no éctipo,
como objeto exterior de adoração; no arctipo,
como aspiração suprema da alma, vivência interior
da divindade. Assim, a polaridade humana reflete a polaridade
de Deus, e o cosmo humano, à maneira do cosmo divino, que é
todo o cosmo natural, também se define pela presença do
humano-divino em si mesmo. Essa inter-relação natural
permite o acesso da divindade ao humano, e vice-versa. Daí a
naturalidade com que se dão as comunicações espirituais
aos homens; os espíritos confabulam através da encarnação,
e isso tanto no tocante aos espíritos humanos quanto no tocante
ao Espírito de Deus.
Mas o que podemos entender por Espírito de Deus? Pois
se Deus é inteligência, consequentemente é espírito.
Pode o espírito ter espírito? Axiologicamente, isso parece
uma impossibilidade, mas ontologicamente é possível. Porque
o espírito é substância, mas de natureza hipostásica
[20]. Assim, temos em Deus o éctipo e o arctipo,
com já vimos. A polaridade é Deus, mas o arctipo é
o seu espírito. Este se comunica com o homem na arcstase da serenidade,
onde o homem atinge o arctipo, através, como já vimos,
da espiral da ipseidade [21]. E ao mesmo tempo em que verificamos
isto, negamos a possibilidade da comunicação de Deus,
pelo seu espírito, com o homem, através do éctipo
ou na sua individualidade mundana. Para Kierkegaard dialogar com o Outro,
tinha de superar o éctipo, afastar-se do mundo e da
mundanidade, subir pela espiral da ipseidade até a arcstase
do arctipo. Moisés subiu ao sinai para receber a revelação
da Lei, e Cristo subiu ao Tabor para confabular com Moisés e
Elias. Enquanto Moisés dialogava com o Senhor, o povo judeu voltava
à écstase da individualidade mundana e caia na
adoração exterior do símbolo. Enquanto Cristo confabulava
como Moisés e Elias, os apóstolos caíam por terra,
pois o seu écstase mundano não lhes permitia
participar da confabulação.
É assim que Deus está na écstase do mundo,
que é o próprio mundo, através da sua inteligência,
imanente nas coisas, onde se faz lei natural; e está na arcstase
do mundo, que é a mundanidade, através
da sua inteligência transcendente, que se faz lei moral, ou moralidade.
Num e noutro plano, Deus está presente no homem, e o homem esta
presente em Deus. Por isso, Paulo podia dizer: "Vivemos
em Deus e em Deus nos movemos" [22]. Deus, assim,
é a própria vida e o próprio mistério da
vida. Física e biologicamente é a lei que as ciências
descobrem no processo vital; axiologicamente [23] é a norma da
conduta moral; ontologicamente é o espírito divino
que sopra onde quer, o impulso arctípico que determina
o elã vital bergsoniano [24] e abre para o homem a espiral
da ipseidade. Resta lembrar que sociologicamente é a relação
da mundanidade, a comunhão das consciências
no plano social, onde o éctipo e arctipo se
encontram, para que a espiral se abra no momento possível.
O vasto mundo pode então parecer com o corpo de Deus,
como na concepção do panteísmo espinosiano. Mas
o corpo de Deus não é o vasto mundo, porque este
é apenas uma parte do seu organismo hipostásico,
apenas o éctipo da sua estrutura ôntica.
Não é fácil compreendermos o problema da estrutura
ôntica de Deus, nem mesmo possível abrange-la em nosso
entendimento. Essa a razão por que os místicos [25] insistem
na impossibilidade racional do conhecimento de Deus, e a razão
de Kant [26] faz o mesmo, ao estabelecer os limites do cognoscível.
Mas quando as filosofias [27] da existência nos ensinam que o
homem é um projeto, e quando a busca da serenidade nos
mostra que esse projeto se abre para dimensões insuspeitadas,
através da espiral da ipseidade, compreendemos facilmente
que ele pode avançar no conhecimento de Deus, na proporção
em que avança na sua própria trajetória.
Por outro lado, não é verdade que Deus seja inacessível
à razão. Porque Deus, como vimos, é um objeto lógico,
pelas manifestações concretas do seu éctipo. A
lei de adoração [28] nos mostra que todos os
seres, levando em si a marca do obreiro referida por Descartes,
estão submetidos ao princípio da reverência. Até
mesmo os materialistas [29] adoram alguma coisa: a Humanidade, com o
positivismo de Comte [30]; a Utilidade, com o pragmatismo [31] de James
[32]; o Social, com o socialismo de Marx [33], e assim por diante. As
religiões positivas determinam a adoração de Deus
através dos símbolos de Deus em espírito e verdade,
através dos seus atributos. Assim, Deus é um objeto lógico
como qualquer outro, perfeitamente acessível ao raciocínio
e aos processos da lógica formal. A confusão existente
nesse campo provém de uma interpretação unilateral
de Deus, ou de interpretação unipolar, em que Deus é
tomado apenas no seu aspecto arctípico.
Essa unilateralidade incentivou o materialismo e o ateísmo. Chegou-se
então ao absurdo de supor que Deus, sendo inacessível
à razão, é ilógico ou alógico. Não
obstante, as categorias racionais de Deus, ou seja, as nossas categorias
racionais referentes à divindade, manifestaram-se no homem, como
experiência vital, desde os tempos primitivos. O homem tem as
suas experiências de Deus, que determinaram as referidas categorias.
Pensamos Deus, sentimos Deus, vivemos Deus e em Deus. Como afasta-lo
do campo da razão, onde ele está mais presente que tudo,
como condição da própria existência das coisas
e dos seres? Descartes tinha razão, ao declarar que retirar Deus
do universo é o mesmo que retirar o sol do nosso sistema solar.
Poderemos, acaso, imaginar um sistema universal orgânico, sem
um centro de organização, manutenção e orientação
da sua estrutura e dos seus processos? E podemos negar, por acaso, a
natureza estrutural dos cosmos? Se o pudéssemos fazer, estaríamos
na impossibilidade, como acentua Whitehead [34], de conhecer as coisas
e de desenvolver as ciências e as técnicas. O fideísmo
científico, que admite as relações constantes dos
fenômenos, constitui a primeira exigência lógica
do reconhecimento de Deus pelas ciências. E isso sob pena inexorável
de contradição para o pensamento.
A relação Deus-Vida, portanto, que nos faz derivar a vida
da ação de Deus no vasto mundo, não é
uma suposição arbitrária do misticismo, não
é uma lição fideísta, de tipo religioso,
mas uma suposição filosófica logicamente fundamental.
O mistério da vida se enraíza no mistério de Deus,
e isso unicamente porque não estamos em condições
evolutivas de conhecer as relações íntimas da vida
e as suas relações com Deus. No momento em amadurecermos
para a compreensão dos mistérios vitais, estes deixarão
de ser mistérios para serem realidades cognoscíveis, como
aconteceu com os mistérios cosmológicos do passado.
Da tríade clássica da metafísica: Deus, Home e
Mundo, o primeiro termo, que implica também o mistério
da vida, é o único que ainda permanece no plano do mistério,
embora os outros dois não estejam suficientemente esclarecidos.
O Homem não pode rejeitar-se a si mesmo nem rejeitar o Mundo
como realidade, mas se dá o luxo de rejeitar a Deus, cuja marca
profunda está na sua própria consciência. No momento
em que, segundo a lei de negação da negação,
rejeitar também essa rejeição, verá a face
de Deus no espelho lustral de Narciso e encontrará a serenidade.
NOTAS:
Obs: As fontes desta pesquisa de notas, podem facilmente
serem encontradas usando-se qualquer serviço de busca na Internet,
em especial Google, Wikipédia e Dicionários on line.
[1] Solipsismo: so.lip.sis.mo,
sm (solipso+ismo2) 1 Vida de solipso. 2 Costumes de quem é solitário
ou vive retiradamente. O SOLIPSISMO é a idéia de que a
única realidade é o próprio EU, é que tudo
o mais não tem existência em si própria, ou não
se pode comprovar tal existência. A ilusão do mundo então,
incluindo as outras pessoas, seria uma projeção da mente.
[2] Metafísica: me.ta.fí.si.ca, sf (lat
med metaphysica) 1 Ciência do supra-sensível. 2 Parte da
Filosofia que estuda a essência dos seres. 3 Inventário
sistemático de todos os conhecimentos provenientes da razão
pura. 4 Conhecimento geral e abstrato. 5 Sutileza ou transcendência
no discorrer. A metafísica é um ramo da filosofia que
estuda a essência do mundo. O sentido da palavra metafísica
deve-se a Aristóteles e a Andrônico de Rodes.
[3] Intermúndio: in.ter.mún.dio, sm (lat
intermundiu) 1 Espaço entre os mundos ou entre os corpos celestes.
2 Ermo, solidão.
[4] Metapsíquica: (do gr. meta - além
+ psikê - alma + suf.). Ciência estabelecida e estruturada
por Charles_Richet, destinada a estudar os fenômenos que transcendiam
à Psicologia e que fugiam ao domínio físico da
ciência dita materialista. Sobre este assunto, seu autor escreveu
um tratado (Traité de Metapsichique)
que, até a 15ª edição sofreu várias
modificações. Inicialmente, de cunho materialista, admitia
que todo fenômeno procedia do poder psíquico do seu sujet,
ou seja, daquele que tinha essa capacidade. Assim, classificou os fenômenos
ditos metapsíquicos em dois grupos:
· os objetivos, onde a ação se fazia sentir sobre
objetos, como levitação, transportes, etc.
· os subjetivos, os que não atuavam nos ditos objetos,
como telepatia, desprendimento e outros.
[5] O éctipo é a natureza primária
da individualidade, uma espécie de casulo psíquico em
que o individuo se fecha no processo de relação, pela
necessidade mesma de ser o que é, de permanecer em-si, isolado
do contexto social e do próprio contexto natural. O arctipo,
ao contrário do ectipo, é a forma individual da comunhão,
o momento em que a espiral da ipseidade atinge literalmente o seu apogeu,
afastando-se das exigências egocêntricas da existência
terrena, para abrir-se no cosmo, ou seja, na vida universal.
[6] Søren Aabye Kierkegaard (Copenhague,
5 de Maio de 1813 — Copenhague, 11 de Novembro de 1855) foi um
teólogo e filósofo dinamarquês do século
XIX, que é conhecido por ser o "pai do existencialismo".
[7] ARCSTASE: Permanência numa posição
arctípica.
[8] Ver capítulo 8 do livro O Ser e a Serenidade de J. H. Pires.
[9] Ontologia (em grego ontos e logoi, "conhecimento
do ser") é a parte da filosofia que trata da natureza do
ser, da realidade, da existência dos entes e das questões
metafísicas em geral. A ontologia trata do ser enquanto ser,
isto é, do ser concebido como tendo uma natureza comum que é
inerente a todos e a cada um dos seres. Costuma ser confundida com metafísica.
[10] O Uno ainda constitui a primeira das três hipóstases
que compõem o sistema concebido por Plotino. As demais são:
a segunda hipóstase, o já citado Espírito; e a
terceira hipóstase, denominada de Alma. As hipóstases
são sucessivas e ocorrem através do que Plotino denomina
Processão (Próodos). Assim, o Uno, por
ser livre, através de sua atividade e pela Processão,
gera o Espírito. Este último, a seu turno, também
pela Processão, gera a terceira e derradeira
hipóstase, a Alma, o mundo sensível. Como complemento,
seguindo com a teoria de Plotino, haveria ainda o – por assim
dizer – caminho de volta. Nesse contexto, paulatinamente, hipóstase
por hipóstase e através do que ele entende como Conversão
(Epistrophé), caberia ao mundo sensível retornar ao Uno.
[11] A tautologia (do grego) é, na retórica,
um termo ou texto que expressa a mesma idéia de formas diferentes.
Como um vício de linguagem pode ser considerada um sinônimo
de pleonasmo ou redundância. A origem do termo vem de do grego
tautó, que significa "o mesmo", mais logos, que significa
"assunto". Portanto, tautologia é dizer sempre a mesma
coisa em termos diferentes. Em filosofia e outras áreas das ciências
humanas, diz-se que um argumento é tautológico quando
se explica por ele próprio, às vezes redundantemente ou
falaciosamente.
[12] René Descartes (La Haye
en Touraine, 31 de Março de 1596 — Estocolmo, 11 de Fevereiro
de 1650), também conhecido como Renatus Cartesius (forma latinizada),
foi filósofo, físico e matemático francês.
Notabilizou-se sobretudo por seu trabalho revolucionário na filosofia
e na ciência, mas também obteve reconhecimento matemático
por sugerir a fusão da álgebra com a geometria - fato
que gerou a geometria analítica e o sistema de coordenadas que
hoje leva o seu nome. Por fim, ele foi uma das figuras-chave na Revolução
Científica.
[13] Antropologia (do grego, transl. anthropos, "homem",
e logos, "razão"/"pensamento") é a
ciência preocupada em estudar o homem e a humanidade de maneira
totalizante, ou seja, abrangendo todas as suas dimensões [1].
A divisão clássica da Antropologia distingue a Antropologia
Cultural da Antropologia Biológica. Cada uma destas, em sua construção
abrigou diversas correntes de pensamento.
[14] A Etnologia é o estudo ou ciência
que estuda os fatos e documentos levantados pela etnografia no âmbito
da antropologia cultural e social, buscando uma apreciação
analítica e comparativa das culturas.
[15] Georges Gusdorf (1912-2000) foi um dos grandes
intelectuais da França do século XX. Enfrentou o desafio
de escrever uma "história das ciências sociais"
em vários volumes, que se tornou referência obrigatória
sobre o tema. Seus estudos sobre a hermenêutica e sobre o Romantismo
oferecem uma história que se aprofunda além dos fatos
e personagens importantes destas temáticas.
[16] Dicotomia de dicótomo. s. f., divisão
em duas partes; classificação que se baseia na divisão
e subdivisão sucessiva em dois. Método de classificação
em que cada uma das divisões e subdivisões não
contém mais de dois termos. [Cf. politomia.] A dualidade
dicotômica fundamental da metafísica e da ética
(bem e mal) é o alvo central da reflexão crítica
nietzscheana.
[17] Monismo: s.m. Filosofia. Sistema filosófico
segundo o qual existe apenas uma espécie de realidade: o monismo
de Spinoza identifica Deus com a natureza. Monístico,
adj, Que diz respeito ao monismo.
[18] Baruch de Espinosa (1632 - 1677), foi um dos grandes
racionalistas do século XVII dentro da chamada Filosofia Moderna,
juntamente com René Descartes e Gottfried Leibniz. Nasceu nos
Países Baixos (Amsterdam, Holanda) em uma família judaica
portuguesa e é considerado o fundador do criticismo bíblico
moderno. A teologia de Spinoza é contida, substancialmente, no
primeiro livro da Ethica (De Deo). Spinoza quereria deduzir de Deus
racionalmente, logicamente, geometricamente toda a realidade, como aparece
pela própria estrutura exterior da Ethica ordine geometrico demonstrata.
A substância e os atributos constituem a natura naturans. Da natura
naturans (Deus) procede o mundo das coisas, isto é, os modos.
[19] Onímodo, o.ní.mo.do, adj (lat omnimodu)
1 Que abrange todos os modos ou gêneros. 2 Que não tem
limites ou restrições.
[20] Hipóstase, do grego hypostasis, significa
subsistência, realidade. Na filosofia de Plotino, Deus se deriva
em três hipóstases - uno, nous (inteligência) e alma
-, que ele comparava, respectivamente, à luz, ao sol e à
lua. Mas o termo foi utilizada por diferentes tradições
filosóficas com significados totalmente diferentes daquele adotado
por Plotino. Também é encontrado entre os gnósticos.
Um dos livros da biblioteca de Nag Hammadi se chama "A
Hipóstase dos Arcontes". Contemporaneamente,
designa um equívoco cognitivo que consiste na atribuição
de existência concreta a uma realidade fictícia, abstrata,
presente apenas na razão humana.
[21] IPSIEDADE: A ipseidade é a individualização,
a percepção do individuo de ele existe em meio à
massa. Essa ipseidade se abre em espiral da evolução,
no éctipo, que é a primeira fase da individualização,
"o casulo psíquico no qual o indivíduo se fecha no
processo de relação"; o arctipo é a abertura
para o mundo, a comunhão com o mundo. A ipseidade aparece como
uma espiral que se abre no éctipo em direção ao
arctipo.
[22] At. 17:28.
[23] Axiológico: Relativo à axiologia,
ramo da filosofia que trata dos valores, como aqueles da ética,
estética ou Religião.
[24] Henri-Louis Bergson (Paris, 18 de outubro de 1859
— Paris, 4 de janeiro de 1941) foi um filósofo e diplomata
francês. Conhecido principalmente por Matière
et mémoire e L'Évolution créatrice,
sua obra é de grande atualidade e tem sido estudada em diferentes
disciplinas - cinema, literatura, neuropsicologia, entre outras. Em
1927, obteve o Prêmio Nobel de Literatura. Bergson conceitua a
intuição como a faculdade suprema do impulso vital (élan
vital) e faculdade cognoscitiva do filósofo. Segundo o filósofo,
"hoje, só raramente e com grande esforço, podemos
chegar à intuição; no entanto a humanidade chegará
um dia a desenvolver a intuição de tal modo que será
a faculdade ordinária para conhecer as coisas. Então,
desaparecerão todas as escolas filosóficas e haverá
uma só filosofia verdadeira conhecedora da verdade e do ser absoluto."
Bergson foi um dos primeiros a fazer referência ao inconsciente.
[25] Misticismo (do grego mystikos, um início
de um mistério religioso) é a busca da comunhão
com a identidade, com, consciente ou consciência de uma derradeira
realidade, divindade, verdade espiritual, ou Deus através da
experiência direta ou intuitiva. É um tipo de religião
que enfatiza a atenção imediata da relação
direta e íntima com Deus, ou com a espiritualidade, com a consciência
da Divina Presença. É a religião em seu mais apurado
e intenso estágio de vida. "O místico é aquele
que aspira a uma união pessoal ou a unidade com o Absoluto, que
ele pode chamar de Deus, Cósmico, Mente Universal, Ser Supremo,
etc.". (Lewis, Ralph M)"
[26] Immanuel Kant ou Emanuel Kant (Königsberg,
22 de Abril de 1724 — Königsberg, 12 de Fevereiro de 1804)
foi um filósofo alemão, geralmente considerado como o
último grande filósofo dos princípios da era moderna,
indiscutivelmente um dos seus pensadores mais influentes. Kant operou,
na epistemologia, uma síntese entre o Racionalismo continental
(de René Descartes e Gottfried Leibniz, onde impera a forma de
raciocínio dedutivo), e a tradição empírica
inglesa (de David Hume, John Locke, ou George Berkeley, que valoriza
a indução). Kant é famoso sobretudo pela elaboração
do denominado idealismo transcendental.
[27] Filosofia (do grego philos - que ama + sophia
- sabedoria, «que ama a sabedoria») é a investigação
crítica e racional dos princípios fundamentais relacionados
ao mundo e ao homem. Surgiu nos séculos VII-VI a.C. nas cidades
gregas situadas na Ásia Menor. Começa por ser uma interpretação
des-sacralizada dos mitos cosmogônicos difundidos pelas religiões
do tempo. Não apenas de mitos gregos, mas dos mitos de todas
as religiões que influenciavam a Ásia menor.
[28] http://aeradoespirito2.sites.uol.com.br/OLivrodosEspiritos/O_LIVRO_DOS_ESPI_L3_C2_SC1.html
[29] Em filosofia, materialismo é o tipo de
fisicalismo que sustenta que a única coisa da qual se pode afirmar
a existência é a matéria; que, fundamentalmente,
todas as coisas são compostas de matéria e todos os fenômenos
são o resultado de interações materiais; que a
matéria é a única substância. Como teoria,
o materialismo pertence à classe da ontologia monista. Assim,
é diferente de teorias ontológicas baseadas no dualismo
ou pluralismo. Em termos de explicações da realidade dos
fenômenos, o materialismo está em franca oposição
ao idealismo. O termo foi inventado em 1702 por Leibniz , e reivindicado
pela primeira vez em 1748 por La Mettrie.
[30 Isidore Auguste Marie François Xavier Comte
(Montpellier, 19 de janeiro de 1798 — Paris, 5 de setembro de
1857) foi um filósofo francês, fundador da Sociologia e
do Positivismo. Nascido em Montpellier, no Sul da França, Augusto
Comte desde cedo revelou uma grande capacidade intelectual e uma prodigiosa
memória.
[31] O Pragmatismo foi a primeira filosofia americana
elaborada autonomamente. Inspirada em Ralph Waldo Emerson, seus fundadores
foram Charles Sanders Peirce, com seu artigo How to make our ideas clear,
e William James, que retomou as idéias de Peirce, popularizando-as
em sua coletânea "O Pragmatismo".
[32] William James (Nova Iorque, 11 de Janeiro de 1842
— Chocorua, Tamworth, Nova Hampshire, 26 de Agosto de 1910) foi
um filósofo e psicólogo estadunidense. Considerado, ao
lado de Charles Sanders Peirce, um dos fundadores do pragmatismo. Escreveu
livros influentes sobre a jovem ciência da psicologia, as variedades
da experiência religiosa e do misticismo e a filosofia do pragmatismo.
[33] Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio
de 1818 — Londres, 14 de março de 1883) foi um intelectual
e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista
moderna, que atuou como economista, filósofo, historiador, teórico
político e jornalista. O pensamento de Marx influencia várias
áreas, tais como Filosofia, História, Sociologia, Ciência
Política, Antropologia, Psicologia, Economia, Comunicação,
Arquitetura e outras.
[34] Alfred North Whitehead (Ramsgate, Kent, 15 de
fevereiro de 1861 - Cambridge, Massachusetts, 30 de dezembro de 1947)
foi um filósofo e matemático britânico e um renomado
pesquisador na área da Filosofia da Ciência, principalmente
no que diz respeito aos fundamentos da Matemática. Juntamente
com Bertrand Russell, escreveu Principia Mathematica. Refrão:
A ciência natural deve estudar o conteúdo das nossas
percepções. Obras mais conhecidas: Principia
Mathematica (com Bertrand Russell), The Concept
of Nature, Process and Reality.
Whitehead buscou uma interpretação unificada de tudo,
da física à psicologia. É também o desenvolvedor
da chamada Teologia do Processo.
Fonte: In O Ser e a Serenidade,
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