Seria válido formar um
grupo espírita na universidade? Como divulgar na academia?
O Espiritismo ainda é diversamente apreciado, e pouco compreendido
em sua essência pelos adeptos, de modo que lhe possam oferecer
um laço forte. Este só existirá se lhe compreenderem
o objetivo moral e o aplicarem a si mesmos.
A confiança mútua os atrairá, uns para os
outros, e surgirá a recíproca benevolência,
que reinará entre todos. Uma Sociedade onde sentimentos
nobres se achassem partilhados por todos, onde os seus componentes
se reunissem com o propósito de se instruírem será
não apenas viável, mas também indissolúvel.
Ainda é grande a dificuldade de reunir um grande número
de elementos homogêneos. Assim, no interesse dos estudos
e pelo bem da própria causa, as reuniões espíritas
devem tender antes à multiplicação de pequenos
grupos, do que à constituição de grandes
aglomerações.
As grandes assembleias excluem a intimidade; exigem sedes especiais
e recursos pecuniários e, ainda, um aparelho administrativo.
Vinte grupos, de quinze a vinte pessoas, obterão mais e
muito mais farão pela divulgação da Doutrina
Espírita, do que uma assembleia de trezentos ou de quatrocentos
indivíduos. (1)
No Livro Obras Póstumas, a popularização
do Espiritismo é recomendada e o Evangelho Segundo
o Espiritismo diz que a árvore do Cristianismo
deve dar os frutos de vida, de esperança e da fé.
Para essa tarefa, Oliveira (2) sugere
a criação de grupos pequenos. Diz ele que “para
iniciarmos um processo efetivo de mudança, minha sugestão
é que cada centro espírita forme pelo menos um grupo
de quatro a seis pessoas para elaborar um projeto sério
para divulgar o espiritismo aos não espíritas.”
Justifica o número dizendo que “em seus treinamentos
nas empresas costuma dizer: quando você não quiser
resolver algo forme um grupo com dez pessoas!".
“Menos de quatro pessoas não é grupo, é
trio ou dupla e um grupo com mais de seis sacrifica o diálogo.”
Se surgirem quinze pessoas interessadas em abraçar a causa,
Alkindar sugere a formação de três grupos
de cinco.
Recomenda ainda, que se evite o debate, discussões emocionais
e se privilegie o diálogo, onde não existem ganhadores
ou perdedores.
Jesus trabalhou com mais de dez pessoas no grupo. No entanto,
dispunha de conhecimentos e recursos que nos faltam. Será
que Jesus dividiu seus apóstolos em dois grupos de seis?
Jesus constituiu um grupo e a sua unidade se deu em torno de um
objetivo comum. Cada individualidade foi estimulada no seu potencial.
Apesar de sua grandeza espiritual Ele nunca se colocou superior
ao grupo. A liderança é transparente, aberta a questionamentos
e só pode existir e manter-se pela constante renovação
do seu reconhecimento, por parte dos membros do grupo. (3)
Na universidade recebemos estímulos para o desenvolvimento
da inteligência. No entanto, a academia parecer insistir
sempre em correr pela mesma trilha, estacionando em determinado
degrau.
Os degraus da inteligência correspondem a um só bloco,
com uma única origem espiritual. Temos o degrau do domínio
cognitivo (QI), o afetivo (QE) e o espiritual (QS), o mais avançado.
Na Inteligência espiritual, as ligações neuronais
alcançariam organização mais complexa. Mais
aparelhado engloba todos os graus de inteligência, com pensamentos
ordenados, participando das criações psicológicas
em que a intuição representa a mola mestra do processo.
Há um tipo de organização neural que permite
ao homem realizar um pensamento racional, lógico (QI -
Cognitivo). O QE (inteligência emocional-afetivo) é
outro tipo de organização neural que irá
permitir o pensamento associativo. Um terceiro tipo permite o
pensamento criativo, capaz de insights, formulador e
revogador de regras, QS (espiritual-valorativo). Com essa organização
neural é que se formulam e se reformulam tipos anteriores
de pensamentos.
Em face da fenomenologia paranormal, onde a mediunidade é
de grande expressão, as três variedades – QI,
QE e QS – mostrar-se-ão de acordo com os seus diversos
graus e alcances. Assim, o fenômeno mediúnico, por
fazer parte dos componentes orgânicos, quando ativado alcançará
e será envolvido por qualquer tipo de inteligência.
Diante de tal fato, compreendemos o teor das mensagens espirituais
reveladas no processo mediúnico, com as características
de maior ou menor significado, pela condição de
filtragem que a organização mediúnica oferece.
(4)
A árvore do Cristianismo deve dar os frutos de vida, de
esperança e da fé. Aquele que a plantou convida
a cuidá-la com amor. Mas, são muitos os chamados
e poucos os escolhidos. Isto porque existem os monopolizadores,
açambarcadores, do pão da vida, como os há
do pão material. A árvore que dá bons frutos
deve distribuí-los para todos. O Espiritismo vem multiplicar
o número dos chamados, e pela fé que proporciona,
multiplicará também o número dos escolhidos.
(5)
Inteligência espiritual necessita cultivo, em meio próprio,
devendo ser incubada a temperatura ideal, para ter bom crescimento.
Ela pode ser estimulada nos grupos na universidade discutindo
as muitas evidências, de hoje, oferecidas pelos neurocientistas,
que indicam que a consciência é algo independente
do cérebro e que continua mesmo depois da morte. A sua
recusa não é uma atitude científica, mas
apenas algo do domínio da ideologia. (6)
Parece-nos vantajoso que um grupo em formação examine
referências bibliográficas estimuladoras, como o
livro Agenda Cristã, do espírito André Luiz.
Nele, Emmanuel diz que “legiões de companheiros procuram
diretrizes. Eles estimariam receber sugestões diretas,
do plano espiritual. Entretanto, individuo algum fugirá
à experiência, cuja função é
ensinar e melhorar sempre. O homem renovado para o bem é
a garantia da felicidade humana. Eis por que, antes de tudo, é
imprescindível o engrandecimento do ser, diante da vida
e do Universo. Fujamos, assim, aos velhos propósitos de
conseguir veludoso acesso aos benefícios baratos”.
Apresentando o livro, Emmanuel informa que a obra é pequeno
curso de Espiritualidade. Não é um presunçoso
ementário de recomendações rigoristas, mas
sim, mensagem amiga para companheiros que reclamam diretrizes
das entidades espirituais. Nela, se aprende que o milagre da perfeição
é obra de esforço, conhecimento, disciplina, elevação,
serviço e aprimoramento no templo do próprio “eu”.
Dele, selecionamos alguns apontamentos, nos quais nos lembraremos
dos antigos ensinos do Mestre, em novo acondicionamento verbal.
No campo da semeadura: “sua franqueza contundente
receberá frases rudes e sua distinção edificará
maneiras corretas naqueles que o seguem. Diariamente, semeamos
e colhemos. A vida é também um solo que recebe e
produz eternamente.”
Não se engane com as aparências:
não inveje aquele que administra, enquanto você obedece.
Muitas vezes, o administrador é um torturado. Não
murmure contra os jovens menos responsáveis. Ajude-os,
quanto estiver ao seu alcance, recordando que você já
foi leviano para muita gente. Não seja intolerante em situação
alguma.
Nas experiências difíceis: a beleza
física pode provocar tragédias imprevisíveis
para a alma, se esta não possui discernimento. Muito destaque
é introdução a queda espetacular, se o homem
não amadureceu o raciocínio.
Na prevenção: estude sua dor para que não
seja revolta. Cultive seu zelo nobre, mas não faça
dele uma cartilha escura de violência.
Na libertação: Não se prenda
à beleza das formas efêmeras. A flor passa breve.
Não acredite no elogio que empresta a você qualidades
imaginárias. Vespas cruéis se escondem no cálice
do lírio.
Tire conclusões: a vida física é
uma escola abençoada. Mas, se você não se
aproveitar dela a fim de aprender suficientemente as lições
que se destinam ao seu engrandecimento espiritual, em nada lhe
valerá o ingresso no aprendizado humano.
O leitor poderá argumentar que André Luiz não
apresentou novidade. Deverá lembrar que entre o saber e
o fazer existe uma enorme diferença.
Na faculdade o aluno reprovado fica em “dependência”.
As mesmas provas de novo!
A reencarnação, ESE. Cap. 4: 25, é uma tarefa,
como primeira prova do uso que os espíritos farão
de seu livre-arbítrio. Aqueles que cumprem essa tarefa
com zelo vencem mais rapidamente e de maneira menos aflitiva esses
primeiros degraus da iniciação e colhem mais cedo
os frutos de seu trabalho. (7)
A missão do Espiritismo é elevada porque com Ele
surge enorme estímulo ao crescimento espiritual do reencarnado.
Por isso é para os seus adeptos um grande desafio, embora
prazeroso, a busca dos valores éticos e a sua ampla divulgação,
principalmente entre aqueles que ainda não são simpáticos
à Doutrina dos Espíritos.
O primeiro benefício que o reencarnado adquire é
a descoberta do sentido da vida, como aconteceu com Leda Amaral.
e Amazonas Hercules. (8)
Os grupos de estudos espíritas das faculdades, que compõem
um Núcleo Espírita Universitário, podem ser
como o de pesquisas, pequenos, independentes e com diálogo
franco e aberto. Enquanto pequenos podem se orientar pela “Ética
dos Semelhantes”, mas na assembleia é diferente.
A ética que a norteia é a da Tolerância/Amor/Fraternidade.
(9)
Em “Cisco de Francisco” procuramos refletir sobre
o melhor modo de colaborar num grupo, para que a estrutura de
poder seja coerente com a busca espiritual.
Inicialmente, acreditar que a força de uma organização
está na clareza e na nobreza de suas metas; na eficiência
dos seus métodos; na intensidade do seu trabalho e na confiança
recíproca dos seus membros. Afastar-se do poder coercitivo,
que é mecanismo doentio e privilegiar o poder solidário,
aquele que se organiza para facilitar a ajuda mútua.
Exercitar a capacidade do trabalho em equipe, procurando se motivar
para objetivos e metas do grupo. Libertar-se da ilusão
de possuir grande saber, da infalibilidade e do apego aos cargos.
Perseverar mantendo foco no objetivo da missão pessoal,
lembrando que Jesus lecionou no sentido do atemporal e ilimitado.
Assumir a postura de parceiro, voltado para a formação
de novos líderes. Com o tempo, a liderança se torna
cada vez mais interior e se refere menos aos procedimentos externos,
salvo em certos momentos decisivos.
Lembrar-se que “autoridade” é crédito
de competência, oferecido a quem o merece por direito. (10)