O MELHOR E O ADEQUADO
Certo professor meu defendia ardorosamente
em suas aulas de Administração dos Materiais que não
poderíamos, na nossa vida administrativa, querer sempre o
melhor. O melhor era muito caro! As organizações demandavam,
sim, o adequado. Para uma escola, colocar o papel de secar as mãos
de melhor qualidade do mercado pode nos obrigar a tirar recursos
do material didático, pois não existirá recurso
para colocar tudo de primeira linha. Essa sabedoria simples chamou-me
a atenção e levei-a para a minha vida profissional.
Mas, analisando a sua propriedade, vemos que a nossa vida como Espíritos
imortais encarnados na Terra também demanda um pouco dessa
visão.
O melhor é insustentável, pois o melhor de hoje não
é mais o melhor de amanhã. O melhor exclui, torna-se
obsoleto com grande velocidade. O adequado atende. Na vida nos digladiamos
cotidianamente pelo melhor e esquecemos que poderíamos estar
satisfeitos com o adequado. Matamos um leão a cada dia para
dar o melhor aos filhos, quando eles necessitam do adequado e de
nós. A busca pelo melhor é infinita, efêmera.
O melhor é competitivo, olha para o lado. O adequado é
para si, olha para quem dele precisa. Muitos no mundo sofrem pela
falta do adequado e muitos outros se debatem em tristeza pela falta
do melhor. O melhor é construído, o adequado é
real. É fundamental identificarmos em nossa vida o que é
adequado, o que é necessário para nos atender e aos
que de nós dependem. O melhor precisa ser acompanhado da
ostentação. O melhor é para poucos, o adequado
atende a mais pessoas.
O melhor é elitista. O melhor demanda escolhas, pois os recursos
são limitados. O adequado é distributivo, vai de encontro
às necessidades, sem ser mínimo. O melhor é
fruto de um processo de comparações, para se chegar
a um eleito. O adequado é fruto de um processo de investigação
do atendimento de uma necessidade. O melhor ocupa os lugares do
adequado.
O melhor é consumista. O adequado é o necessário.
Às vezes não precisamos do melhor, mas insistimos
em tê-lo. O adequado nos serve. O melhor, só ele serve.
O adequado nos exige adaptação. O melhor é
a originalidade da exceção. O melhor sempre custa
muito caro. O melhor sempre é alvo de disputa.
Como Espíritos imortais, viajores da estrada da existência,
em relação aos bens materiais devemos cultivar a lógica
do adequado, identificando o inadequado, o ocioso e o inservível,
pois esses podem ser adequados a outros irmãos. A corrida
pelo melhor nos aprisiona aos bens materiais, cujo valor de uso
é suplantado pelo seu valor de troca, onde ter é um
mecanismo de mercado que nos importa não pelo que aquela
coisa nos atende e sim pelo que ela vale em relação
aos outros. Construímos castelos de objetivos distantes da
nossa vida espiritual. Faz-se mister nos libertarmos da busca desenfreada
pelo melhor, insuflada pela propaganda massificada, colocando as
coisas materiais no seu lugar, o lugar adequado.